‘Weezer (Red album)’ Weezer **

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“Em 1991, eu estava entediado quando meus colegas de quarto me chamaram num canto e disseram: ‘cara, ouça este disco aqui’. Na capa, um bebê pelado. Quando ouvi o refrão, quebrei todas as correntes que me prendiam.”

Não, essa não é a minha vida (mas poderia muito bem ter sido). É um verso de uma nova canção do Weezer, chamada Heart songs. Rivers Cuomo, aos 37 anos de idade, lista os ídolos de um tempo bom que não volta nunca mais. Lembra de Iron Maiden e Judas Priest, morre de saudades de Cat Stevens, Abba e Devo. Admite que começou a banda inspirado no Nirvana. “Essas são as canções que continuarei cantando”, afirma, no refrão. E ninguém tem nada com isso, certo?

A faixa que abre este álbum nervoso, Troublemaker, carrega naquela ironia que costumamos encontrar em hits do Weezer. Mas também acaba soando como um desabafo amargurado. “Sou um encrenqueiro, e nunca vou desistir”, avisa Cuomo. Mas quem falou em desistência? Quem, hem?

O disco vermelho do Weezer parece ter muito a nos provar. Para Cuomo, recuperar a relevância perdida é questão de honra, e não há tempo a perder. Depois de um fracasso de crítica e público (o sentimental, confessional e meio constrangedor Make believe, de 2005), um dos vocalistas-símbolo do rock norte-americano dos anos 90 retorna ao campo – e está tão tenso, treinado e agoniado quanto jogador profissional em final de campeonato. Logo na segunda faixa, The greatest man that ever lived, ele mira Marte: é um épico com inúmeras variações de gêneros que, de tão monumental, parece até paródia do The Who. Talvez seja. Vá entender.

Perto dessa apoteose desengonçada (exatamente o que esperamos de uma ópera-rock escrita por Cuomo), o conjunto das outras canções fica parecendo um longo epílogo. Mas, ainda aos 30 minutos do segundo tempo, o Weezer tenta nos surpreender com malabarismos que fazem deste o álbum mais aventureiro da banda desde Pinkerton (1996). Para justificar o esforço, só falou inspiração. Em vez de contribuir ao processo, a crueza da produção de Jacknife Lee (depois do R.E.M., oficialmente o salva-vidas de bandas em perigo) e de Rick Rubin acentua a fase morna de Cuomo, que abandona o power pop simples do álbum verde (de 2001) e tenta soar sincero, inventivo, boa-praça e um loser em crise de meia-idade – tudo ao mesmo tempo.

É muita ambição para pouco disco. Mas, diabos, ninguém poderá acusá-lo de não ter tentado dar este salto. Infelizmente, maior que as pernas.

2 comentários em “‘Weezer (Red album)’ Weezer **

    Filipe disse:
    junho 3, 2008 às 1:07 pm

    Eu tive uma reação bem parecida ao disco. Me parece de longe o mais ambicioso deles desde que a banda voltou, mas tem algo muito desengonçado na coisa toda (e tem algumas musicais bem frageis que parecem estar lá para completar que prejudicam muito o conjunto).

    Tiago Superoito respondido:
    junho 3, 2008 às 1:30 pm

    O que noto é que o álbum foi criado pra se sustentar na faixa “The greatest man that ever lived” e se desevolver a partir daí, mas ela não é tão boa assim.

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