Mês: maio 2012
[julie orringer]
“Vocês têm de fato a intenção de se casar no navio?”, perguntou Klara para a filha. “É o que querem?”
“É o que decidimos”, respondeu Elisabet. “Acho emocionante.”
“Então não vou poder ver você casada.”
“Vai me ver depois que eu casar. Quando voltarmos para visitar você.”
“E quando imagina que isso vai acontecer?”, perguntou Klara. “Quando acha que vai poder comprar passagens para atravessar o oceano? Sobretudo se os pais do seu marido não aceitarem sua união?”
“Achamos que talvez a senhora quisesse morar nos Estados Unidos”, disse Paul. “Para ficar perto das crianças e tudo o mais, quando tivermos filhos.”
“E quanto aos meus próprios filhos?”, disse Klara. “Talvez não seja nada fácil para mim cruzar um oceano desse jeito.”
“Que filhos?”
Ela olhou para Andras e pegou sua mão. “Nossos filhos.”
“Mamãe!”, exclamou Elisabet. “Você não pode estar falando sério. Pretende mesmo ter filhos com…?” E apontou o polegar para Andras.
“Pode ser. Conversamos sobre o assunto.”
“Mas você é un femme d’un certain age!”
Klara riu. “Somos todos de certa idade, não somos? Vocês, por exemplo, são de uma idade em que é impossível compreender como trinta e dois anos podem parecer o início de uma vida, e não o final.”
[trecho do livro A Ponte Invisível, de Julie Orringer]