Dia: junho 27, 2008
Clipe: ‘Doctor blind’ Emily Haines & Soft Skeleton
Amanhã vou dar um pulo em São Paulo (e entenda a palavra “pulo” literalmente, já que volto domingo pela manhã) para assistir ao Motomix. Entre os shows do festival (de graça no Ibirapuera, nos vemos lá?), um que promete bastante é o do Metric. Não que eu goste taaaanto assim dos canadenses – em disco, eles parecem uma versão pálida de bandas mais interessantes -, mas não dá para desprezar a presença da vocalista e musa Emily Haines.
Tudo bem: os ingleses do Go! Team e Fujiya & Miyagi (que, aliás, lançou hoje mesmo uma música bem bacana, clique aqui para ouvir) prometem surpreender, mas Haines tem a voz e a atitude. E, claro, tem uma carreira solo muito bacana cujas canções, infelizmente, não entrarão no repertório do show.
O mundo é injusto, certo? Mas este blog não. Então aí vai Emily Haines, só ela, soltinha da vida, num clipe que é um dos meus favoritos de todos os tempos (é dirigido por Jaron Albertin). E domingo à noite, de tudo der certo, eu escrevo algumas linhas friorentas sobre o show.
‘Knowle west boy’ Tricky *
E o novo do Tricky, ãhn? Decepção, decepção.
Ou não. Quer dizer: se você aprendeu a gostar de Adrian Thaws durante os anos 90, quando ele atormentava nosso sono com o trip hop sombrio de álbuns como Maxinquaye (a obra-prima dele, de 1995) e Pre-millenium tension (o papai sádico de Kid A, e um legítimo suicídio comercial), Knowle west boy soa como mais uma tentativa frustrada de diluir elementos dessa fase “difícil” em formato pop. Mas, para aqueles que o conheceram com o desastroso Blowback, de 2001, vai acabar parecendo um retorno à forma.
É uma questão de referencial. No meu caso, é inevitável olhar para trás – e com saudade. Um dos grandes provocadores da música dos anos 1990 (para tirar qualquer dúvida, basta ouvir o quase impenetrável Angels with dirty faces, de 1998) hoje parece ter abandonado toda e qualquer ambição criativa. No máximo, aqui, tenta rever alguns truques do passado enquanto recorre a uma salada de estilos que mira o público de, digamos, M.I.A. e Santogold: Past mistake, por exemplo, retorna aos climas cavernosos de Maxinquaye, sem sucesso. Já C’mon baby poderia estar num álbum recente do Moby. Sem brincadeira.
No ano do ótimo retorno do Portishead e da promessa de novidades do Massive Attack, Tricky está aí para estragar a festa do trip hop. E o pior é que o faz da maneira mais digna possível: tenta seguir em frente, tenta se transformar. Tenta.