Dia: junho 1, 2008
Lost: There’s no place like home, parts 2&3 ***
Sobreviveram?
Eu estou bem, obrigado. Na verdade, estou bem mais tranqüilo, mais sereno do que gostaria de estar. A temporada de Lost acabou? Sério? Mas já? Se vocês não tivessem me avisado, eu juro que não teria percebido.
Ok, descontem o exagero. Eu estou, bem, satisfeito. Até certo ponto, mas satisfeito. Como todo desfecho de temporada de Lost, este também se sustentou como a ótima fita de ação de 80 minutos que os estúdios de Hollywood insistem em não produzir. Valeu por todos os episódios sobre o triângulo amoroso entre Kate, Jack e Sawyer. Valeu pelas tantas e insípidas crises matrimoniais de Sun e Jin. E, finalmente, valeu pelo batalhão de bad boys à Comandos em ação que transformaram a série em um thriller de guerra dirigido por Sylvester Stallone. Mas…
Surpreendentemente, foi um desfecho mais econômico e menos delirante do que muita gente esperava. Eram tantas as especulações sobre este último episódio que (e agora este texto carregará em spoilers, cuidado) parece até simples – e pouco imaginativa – a forma como os roteiristas amarraram as pontas da trama. Dois exemplos: não, não, não havia uma grande conspiração da Oceanic para obrigar os resgatados a mentir sobre a ilha; e, além disso, o conflito violentíssimo que se anunciava desde o início da temporada (entre os invasores do cargueiro e os Outros) não chegou a funcionar como anúncio do apocalipse.
Se descontarmos a revelação principal do episódio (um gancho decente para a próxima temporada), as outras surpresas não soaram como cartadas altas. Tanto a chegada do barco de Penny quanto a possibilidade de teletransporte na ilha se mostraram soluções coerentes com o desenrolar dos acontecimentos e com a lógica da série. Para criar climas de suspense, o episódio apelou para cenas tão mirabolantes que poderiam estar no novo Indiana Jones: a tentativa de domar uma bomba perigosíssima e a queda de um helicóptero foram algumas delas. Mas esse tom de gibi contribuiu manter o pique de um desfecho que privilegiou a ação, pisou firme no terreno da fantasia (certeza que o mecanismo retrô usado para mover a ilha não saiu do set de Crônicas de Nárnia?) e se divertiu pouco com os saltos temporais da narrativa (os flashfowards, infelizmente, não assombram mais ninguém).
Entre mortos e feridos, este clímax aqui não provocou nem metade do impacto deixado pelo episódio final da terceira temporada. Mas e daí? Duvido muito que a cena de encerramento tenha definitivamente tirado de cena um dos meus personagens favoritos. E convenhamos: não dá para menosprezar um episódio que esquenta nossos nervos incessantamente enquanto preenche lacunas entre fatos que já conhecemos ou já antecipávamos. Não foi à toa que a temporada terminou exatamente no final da anterior. O desafio de Lost, a partir de agora, será olhar para frente sem perder os fãs de vista. Por mais que eu tenha ficado um pouco frustrado, este desfecho old-school não me perdeu por um minuto sequer.