Dia: junho 16, 2008
O incrível Hulk **
O que você prefere? O filme B com um roteiro descerebrado, mas narrado por um cineasta de verdade? Ou o filme B com roteiro amarradinho, mas dirigido por um motorista de encomenda?
A primeira opção: Fim dos tempos, de Shyamalan. A segunda: O incrível Hulk, de… quem mesmo?
O francês Louis Leterrier, de Carga explosiva e Cão de briga, nunca me convenceu nem como expert em cenas de ação (não lembro de nenhuma seqüência especial dirigida por ele). Mas O incrível Hulk não precisa de um diretor. Tal como Homem de Ferro, se sustenta numa trama acelerada (escrita por Zak Penn) a no trabalho dos atores principais – muito boa, por exemplo, a idéia de convocar Tim Roth para o papel do vilão descontrolado da vez.
Em comparação ao Hulk de Ang Lee, o longa soa como um episódio impessoal de série de tevê. Mas, para um filme que não pretende ser nada além disso, trata-se de um episódio até eficiente. Os efeitos visuais continuam destoando do restante da narrativa (desta vez, Hulk parece ter tomado sucessivos banhos de lama), mas sem o lirismo que Lee tentou imprimir à saga de um homem amaldiçoado pelos próprios superpoderes. Ainda que sem o carisma de um Robert Downey Jr, Edward Norton dá conta de exibir a agonia do personagem, em eterno movimento de fuga.
É pouco? É. Mas não deixa de ser divertido acompanhar toda a primeira metade do filme, ambientada numa Rocinha transfigurada em cenário de fita de ação. Leterrier até se esforça para criar seqüências de perseguição num labirinto de barracos. Melhor que isso é quando acaba resvalando em humor involuntário (pelo menos para o público brasileiro) em cenas como aquela em que Norton chacoalha o abdômen sob tutela de Rickson Gracie. Admito: eu gargalhei.
A inanição de Fim dos tempos, porém, me interessa mais.