Dia: junho 3, 2008

‘The Virginia EP’ The National **

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Quando uma banda lança um álbum de 12 faixas e quase 50 minutos de duração e ainda assim o chama de EP, deve haver algum sentido nessa opção. No caso de The Virginia EP, ela talvez se explique pela dificuldade de rotular um o disco que não pode ser tomado nem como um novo trabalho, nem como resumo de carreira, nem como simples compilação de lados B, nem como registro ao vivo. Encartado no DVD do documentário A skin, a night, ele se assume logo de cara (literalmente, já que a referência está até no design da capa) como um apêndice de Boxer, o álbum mais elogiado do grupo até hoje. Dentro desse limite bastante estreito, o EP acaba exibindo as arestas de um quinteto cada vez mais preciso.

O lado bom da história é que, desde Alligator (2005), a sonoridade da banda passou por um processo de refinamento que atingiu ponto máximo na sobriedade de Boxer. Há quem os acuse de ter abandonado a espontaneidade em prol de uma estética mais polida. Ao reunir demos e gravações de concertos, o EP recupera esse National mais cru e instintivo. A ótima versão ao vivo para About today e a cover de Mansion on the hill, de Bruce Springsteen, cumprem a tarefa.

O lado ruim é que essa visita aos bastidores da banda rende momentos que só interessarão aos fãs mais curiosos. A demo de Slow show, por exemplo, desmembra um processo de composição – mas não seria cedo para um Anthology do The National? E, se o álbum foi organizado com esse propósito, as sobras de Boxer, ainda que competentes (Santa Clara, excelente, poderia ter entrado no disco), acabam parecendo redundantes. Mas não culpemos a banda por isso. Eles nos alertaram. The Virginia é um EP, um bônus, um presente para fãs.