Dia: junho 22, 2008
Kung fu panda **
No cartaz, avisam que é uma produção “dos criadores de Shrek e de Madagascar“. Tudo a ver. O herói desta animação é um panda rechonchudo quase tão outsider quanto um certo ogro verde (ainda que mais dócil) que habita uma comunidade oriental que, bem, é quase um zoológico.
O urso de bom coração, pronto para se transformar num símbolo gay tão poderoso quanto os Teletubbies, é dublado por Jack Black. O que deve contar a favor do filme, ainda que eu não saiba explicar se isso acontece ou não (vi a cópia em português, com um competente Lúcio Mauro Filho no papel). De qualquer forma, os trejeitos do personagem parecem mesmo inspirados no pateta-padrão que Black interpreta vez ou outra. O professor de Escola de rock, o metaleiro do duo Tenacious D. As crianças só têm a ganhar com isso.
Em comparação a Wall-E (e vocês tinham absoluta certeza de que eu forçaria essa comparação, não?), Kung fu panda parece um daqueles desenhos animados exibidos nas manhãs de sábado. Despretensioso assim. Tem as cenas de ação e tem as gags. As gags são melhores que as cenas de ação (e a seqüência do pessegueiro sagrado é algo à altura de um episódio de Tiny Toons). E, ao contrário de um Shrek, inspiram um humor doce, quase inocente, com várias seqüências em que os personagens esbarram uns nos outros e caem de escada e quebram a mobília. Pastelão.
Nada contra. Qual foi a última vez que você assistiu a uma boa comédia? Kung fu panda é uma boa comédia. Em matéria de composição visual, está longe do medíocre (impossível não ser fisgado pelos olhos coloridos da tigresa, dublada por Angelina Jolie e Juliana Paes). Tão longe dos erros de um Madagascar, não tão perto dos acertos de Shrek, é uma animação que, de tão mecanicamente eficiente, nos deixa meio sem ter o que escrever sobre o assunto. O urso aprende a lição: gentileza não é tudo. O filme não aprende – mas, dentro do possível, convence pela simpatia (quando sai o novo da Pixar mesmo?).
Momento Twitter
Comprei o best of do Radiohead. O DVD, não o CD. Tem uns clipes bacanudos. Paranoid android. E Just. E Knives out dirigido pelo Michel Gondry. lol. (Extrapolei os 140 caracteres?)
Nice guys finish last
Meu blog é uma coisa bela.
Ele vai assim: zero comentário, zero comentário, zero comentário, 2 comentários (um texto bem breve, com resposta minha), zero comentário, 3 comentários (um texto bem breve, uma resposta minha e uma tréplica do sujeito que escreveu o texto bem breve) e 1 comentário (eu num monólogo, pra variar).
Nesse ritmo, acabo entre os finalistas do iBest.
Mas blog é uma coisa doida, né mesmo? Impossível saber quem está lendo ou se alguém está lendo ou se alguém dá ou não dá a mínima para o que está ou não está lendo. Enfim. Havia um tempo em que eu pensava que muita gente diferente lia este blog. Havia um tempo em que eu pensava que ninguém lia. Hoje evito pensar no assunto. Só escrevo, fico escrevendo, e depois escrevo um pouco mais.
Chinese democracy?
Ninguém vai achar estranho se, daqui a duas semanas, Axl Rose decidir demitir toda e equipe das gravações de Chinese democracy, deletar as composições, rodar a baiana e investir numa intensa pesquisa da canção búlgara. Nessa saga, tudo é possível. Mas vocês sabem: nove faixas que supostamente estarão no álbum que supostamente verá o mundo ainda este ano (sabe-se lá quando) vazaram na web e… Bem, ahn, er (eu e minha curiosidade mórbida!), estão muito longe de representar algo de minimamente importante para a música pop contemporânea. Ou para a música pop do final dos anos 1980.
E isso nós também já sabíamos. Mas o detalhe não impedirá o barulho apocalíptico que a simples existência desse álbum acabará provocando. Eu mesmo estava bastante certo de que o disco só chegaria às lojas em 2450, como uma obra póstuma de um compositor excêntrico do final do século 20.
As músicas novas de Axl Rose (nem vamos falar em Guns n’ Roses, ok?, essa entidade já morreu faz tempo) não são totalmente constrangedoras – como era de se prever – nem fantásticas ou surpreendentes – mas isso ninguém previa mesmo. Fica sim a impressão de que Axl parou no tempo, em algum ponto na virada dos anos 1990 para os 2000, mas soam no mínimo estranhas e divertidas as tentativas de flertar com o soul (Madagascar faz jus ao próprio nome) e de pisar fundo no hard rock para levantar multidões em estádios (a introdução da faixa-título parece a de Popozuda rock ‘n’ roll). E, claro, tem uma balada de seis minutos de duração (com cordas apoteóticas, obviamente) em que o cantor lamenta: “por favor, seja gentil. Fiz tudo o que pude.” Certo, Axl, certo, deus te abençoe etc.
Para os mais nostálgicos, uma notícia deve provocar alívio: quando quer, Axl ainda é capaz daqueles vocais esganiçaaaaaaaados que arrepiam até o dedão do pé. Duvida? Então confira aqui e depois me conte o que você achou (e não diga que não avisei).