‘My Nigga’, YG
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My Krazy Life não é, de forma alguma, um grande disco – principalmente porque os versos soam como colagens tão banais de obviedades do hip-hip que, a partir da quarta ou quinta música do disco, parei de me preocupar com eles por completo. Mas é curioso o que acontece com o álbum quando as canções passam a soar como temas de fundo, como um bla-bla-bla distante e desprezível: a química entre rapper e produtor se torna ainda mais clara. E aí tenho que concordar com quem nota que o bate-bola entre YG e DJ Mustard é o que mostra mais entrosamento no hip-hop desde duo Drake e Noah “40” Shebib. O que resulta disso é uma coleção de músicas mais ou menos interessantes que nascem e fluem dentro de um organismo musical todo particular. O conjunto é tão bem definido e coeso que os detalhes toscos passam a parecer menos irritantes. É, dito isso, o melhor disco de rap que ouvi, por enquanto, em 2014 (não há muitos outros, mas é o melhor).