Fatboy Slim nem quer chamar atenção para a nova cria dele, certo? Com a discrição e a delicadeza de sempre, o funk-soul-brother apresenta o projeto BPA (Brighton Port Authority) com um clipe que tem mais uma coreografia muito criativa e… Espera aí: não é mais ou menos como aquelas pornochanchadas que o Canal Brasil exibe de madrugada?

A direção desta surub… obra de arte divertida, divertida, divertida e divertida, com participação de David Byrne e Dizzee Rascal, é de Keith Schofield.

Antes que vocês confundam minha falta de entusiasmo com desdém, me adianto: é um bom disco. Em comparação do anterior, Yours to keep, revela como Albert Hammond Jr soa cada vez menos como o “guitarrista do Strokes” – apesar de ainda não demonstrar tanta personalidade quanto gostaríamos de encontrar.

Há pelo menos três faixas que apontam novos caminhos para o rapaz sem que pareçam experimentos inacabados. Bargain of a century, In my room e GfC são hits prontos, de inspiração setentista (e, se Hammond guarda as melhores idéias para os álbuns do Strokes, vem coisa boa aí). The boss americana é power pop feliz da vida, ainda que gravado com os recursos dos primeiros discos do Pavement. E, claro, há aquelas que parecem experimentos inacabados: é o caso da longa instrumental Spooky couch, com Sean Lennon ao piano.

Desconfio que Hammond se dedicará cada vez mais à carreira solo. Os álbuns dele transpiram uma atmosfera despretensiosa que faz muita falta na nova fase do Strokes. Mas ele ainda está no meio do caminho – ao contrário de um Room on fire, são discos de pouco impacto e sem um letrista com o apelo de um Julian Casablancas. Mas tudo bem: há algum charme em times de segunda divisão.