DON’T STOP | Annie
Estressado com a infernal venda de ingressos pro show da Madonna? Tente Annie. É sticky and sweet. E sem a megaestrutura, o megamarketing e os megaproblemas das megacelebridades.
A norueguesa faz pop que derrete no calor. Alguns a chamam da “Kylie Minogue dos indies”. E aí, bateu medinho?
Loura, debochada e com amigos que sacam tudo de dance music, a musa européia foi adotada por blogs graças a Anniemal, de 2004. O álbum, que entrou na lista de melhores do ano da Pitchfork, era uma espécie de Cansei de Ser Sexy embalado em fita cor-de-rosa. Na Noruega, dizem, fazer pop ensopado de glacê não dá ressaca moral.
No segundo capítulo deste conto de fadas, Annie sai em busca do primeiro hit um pouco amedrontada com o fato de que talvez decepcione a torcida virtual. Como eu e você não temos nada a ver com isso (e sério, se a gente desse trela para todos os singles suecos tratados como obra-prima por sites descolados, estaria aqui babando sorvete de morango), não seremos crucificados se consumirmos este álbum com moderação.
Depois de assinar com uma grande gravadora, Annie faz o que todo mundo esperava dela: mais hits açucarados (parte brigadeiro, parte olho-de-sogra aguado) com refrãos de chiclete e letras rebeldezinhas no esquema “eu sei que sua namorada me odeia” (I know UR girfriend hates me) e “meu beijo é melhor que o seu beijo” (My love is better, com guitarras de Alex Kapranos) e “eu não te amo, mas quero te levar para casa” (Take you home).
Para não afastar os que se enjoaram de Timbaland, Annie investe num electro fofo que às vezes lembra o lado mais romântico do pop francês, à Daft Punk e Air. Heaven and hell é uma farra de teclados melancólicos. E Marie Cherie sugere climões de trip hop. When the night é a balada do Cardigans que o resenhista da Pitchfork nunca teria coragem de gostar (e a letra, como nas baladas do Cardigans, também é mais assustadora do que parece). E Sweet é, aviso, bastante sweet.
É um álbum pop divertido (mas irregular) que, se tudo funcionar à serviço de Annie, será superestimado em todo canto. É o som de um verão que talvez já tenha passado, mas quem se importa? Se Madonna decidir gravar um disco com produtores noruegueses, o resultado será exatamente este. Give it 2 me.
Segundo álbum de Annie. 12 faixas, com produção de Annie, Richard X, Timo Kaukolampi e Xenomania. Island Records. **
Atualização: Depois de ter quebrado a cabeça tentando (e não conseguindo) comprar os ingressos pro tal show, desejei ter nascido na Noruega. Isso que eu chamo de hard candy, meu irmão.