Dia: setembro 7, 2008
AO VIVO | Video Music Awards 2008
Começa agora a cobertura mais esquizofrênica do Video Music Awards em todos os tempos! Com expectativa reduzidíssima de público (não dá pra competir com jogo do Brasil, né mesmo?), este blog quebra os próprios limites, avança rumo ao desconhecido, arrebenta a boca do balão – ainda que ninguém se importe muito com isso. Esta é nossa primeira transmissão ao vivo. Na vida. No planeta. É histórico, minha gente.
00h20: Para fechar este liveblogging meia-boca, uma rápida análise do evento: como vocês perceberam, a Britney Spears papou tudo. Deu a volta por cima. Deu uma de Mickey Rourke e tal. E o Tokio Hotel é a revelação do ano. E o apresentador é um mala. E o Brasil ganhou o jogo. E também sou filho de Deus. E boa noite.
The Hives em Brasília
The Hives em Brasília. Há uns três anos, taí uma frase que eu nem sonharia em escrever.
Então escrevo de novo, só pra confirmar: The Hives em Brasília. Aconteceu mesmo: na madrugada de sábado, ouvimos Hate to say I told you so, Main offender e Walk idiot walk. Tá certo: são músicas que, por aqui, se ouve em toda madrugada de sábado. Mas os suecos estavam ali, do nosso ladinho. Ao vivo, a cores e, como nem todos os sonhos se realizam, com a qualidade de som do meu micro system.
Uma pena: lá no meu quarto consigo reproduzir versões mais poderosas de Hate to say I told you so. O projeto que trouxe a banda à cidade – na abertura da turnê latino-americana – atende por Pílulas Porão do Rock. Estávamos avisados. Este seria um show-pílula do Hives.
Não estou de birra. Num show de rock (e isso devia ser óbvio, mas ainda não é), qualidade de som é essencial. Imaginem o Muse num radinho de pilha. Imaginem Daft Punk com o volume reduzido. Imaginem o Metallica sem punch. Vá imaginando.
Sorte nossa que um show do Hives não vive só de música (e, nesse ponto, é até muito parecido com um show do Muse ou do Daft Punk ou do Metallica). Os suecos são performers, são fanfarrões do novo rock. Não precisamos de mais de dois números para acreditar que Howlin’ Pelle Almqvist, o vocalista, é sim uma Mick Jagger nórdico. Com coreografias amalucadas, chutes no ar, beijinhos para a platéia e monólogos nonsense, ele leva o entretenimento a sério.
No fim das contas, o Hives não está tão distante assim do típico pop sueco. Eles também enxergam o rock com um sorriso cínico, um olhar quase kitsch, uma postura debochada de quem não se cansa de brincar com clichês. Uma banda-decalque. “Nós somos The Hives, da Suécia. E vocês são os brasileiros, do Brasil”, avisou.
Mais tarde, ele convidaria os fãs para um momento de hipnose em massa. “Batam palma! Grita aí! Parem!”, ordenava. Foi uma festa. Nunca vi tanta presepada num show de rock (ok, estou descontando o Supla). Nem nunca vi tanta baqueta arremessada para o platéia. Conheço gente que saiu do show com três brindes, cortesias do baterista Chris Dangerous.
Se não foi uma apoteose – culpa do som, mas também de um repertório que insistiu em privilegiar faixas fraquinhas do disco mais recente da banda, The black and white album -, em alguns momentos chegou perto disso. Em Hate to say I told you so e Tick tick boom, o público entrou na mesma sintonia do vocalista e todos se entenderam. “Tira o pé do chão”, ele berrou. Naquele cenário esquisito, à festa junina de cidade do interior, parecia que estávamos todos no show de uma banda meio bizarra de axé music.
Isto é “Los Hives”.
Reflexos da inocência
Flashbacks of a fool, 2007. De Baillie Walsh. Com Daniel Craig, Harry Eden e Miriam Karlin. 114min. *
Baillie Walsh começou a carreira como diretor de videoclipes. Percebe-se. Reflexos da inocência é um longo clipe para If there is something, do Roxy Music. De mau gosto, pelo menos, o sujeito não vai morrer.
A canção de seis minutos – um dos símbolos do glam rock – roda quase na íntegra em duas das mais importantes seqüências do filme. Quando não está literalmente em cena, parece servir de sustentação para a história de um figurão decadente de Hollywood que é salvo pelas lembranças da juventude. “A grama é mais verde quando se é jovem”, canta Bryan Ferry.
Fica parecendo uma adaptação de um livro muito pobre – só que dirigida com comoção. O próprio Walsh escreveu o roteiro, e talvez por isso tenha investido tanto entusiasmo numa trama rasinha, com uma imagem estereotipada de Hollywood (um antro de gente fútil e vaidosa) e algumas lições de vida bem típicas: “felicidade não se compra”, “dinheiro na mão é vendaval” etc.
Apesar de tudo, este veículo para Daniel Craig tem uma seqüência final que é de arrepiar. Nada a ver com o filme: a culpa aí é do Roxy Music mesmo.