Dia: setembro 11, 2008
Everything is borrowed | The Streets
Há pouco mais de um mês, Mike Skinner anunciou um álbum dark e futurista, inspirado em Berlin, de Lou Reed. É uma pena que os fãs terão que esperar mais algum tempo para ouvir esse disco, que possivelmente se chamará Computers and blues. Mas, se até o próprio Skinner já está interessado em falar sobre o próximo projeto, por que deveríamos nos preocupar com o quarto disco do Streets, Everything is borrowed?
Como uma espécie de antídoto para as lamúrias sobre a vida de celebridade (de The hardest way to make and easy living, de 2006), o novo álbum é definido por Skinner como “otimista e pacífico”. Tudo bem se você também não se entusiasmar muito com a idéia.
Aos 29 anos de idade, aquele que já engoliu a alcunha de “Eminem inglês” hoje parece ter se adaptado do papel de cidadão respeitável. Nos primeiros (ótimos) discos, ele narrava crônicas de uma Inglaterra encardida, que acordava cedo para pegar o ônibus e dormia tarde depois de se esborrachar nos pubs. O hip hop pobretão, gravado no laptop e na raça, combinava com o discurso desiludido-mas-sacana de uma jovem classe operária, sem passe para o paraíso.
Os discos do Streets perderam em urgência quando Skinner se afastou do próprio universo. A inevitável fase de crescimento (e de gastança) o colocou num beco sem saída. Quem se identificaria com as preocupações de The hardest way to make an easy living, que parece se comunicar apenas com novos ídolos pop inconformados com a futilidade do high society? Em Everything is borrowed, Skinner tenta resolver o problema com versos genéricos, com uma poesia censura-livre, politicamente correta. Mais uma vez, sem sabor.
“Vim para este mundo com nada, e o deixarei com nada além de amor. Todo o resto peguei emprestado”, ele cantarola na faixa de abertura, que tem doçura de um hit de Kanye West, mas deve agradar em cheio aos fãs de James Blunt. “Não é o planeta que está em perigo, mas as pessoas que vivem nele”, continua, em The way of the Dodo. Entre um panfleto bem-intencionado e outro, narra a historinha de um sujeito que fará de tudo para levar a moça pra cama. E compõe um hino de torcida de futebol sobre como deve ser legal viver no inferno (por causa das companhias, claro).
Business as usual. E que venha o quinto álbum.
Quarto álbum do Streets. 11 faixas, com produção de Mike Skinner. 679 Recordings/Vice Records. *
Procura-se
Baixista, baterista e vocalista para formar banda de power pop com influências de New Pornographers, Phoenix e Jonas Brothers.
(E que não tenham vergonha de interpretar uma versão sujinha de I kissed a girl.)
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