Dia: setembro 8, 2008

Lemon tree

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Etz limon, 2008. De Eran Riklis. Com Hiam Abbass, Doron Tavory e Ali Suliman. 106min. *

Os conflitos no Oriente Médio rendem filmes como Zohan – O agente bom de corte e este Lemon tree. Os dois defendem uma mesma “mensagem” com o mesmo didatismo: a de que o impasse entre israelenses e árabes já tomou dimensões risíveis e, para o bem da humanidade, deve ser encerrado o quanto antes. Mas Lemon tree, uma produção israelense inspirada numa história real, é o filme sério, respeitável. Ao contrário de Zohan, uma bobagem.

Pra mim, é tudo quase a mesma coisa. Com vantagem para Zohan, que enxerga o ridículo da situação sem a necessidade de nos intimidar com marretadas de sentimentalismo. O filme de Eran Riklis é mau cinema com boas intenções. Parece muito com A noiva síria, o longa anterior do cineasta.

O diretor narra o caso de uma mulher palestina que vive na fronteira com Israel. No quintal, ela cultiva um pomar de limoeiros deixado de herança pelo pai. Isso até o dia em que recebe uma ordem do exército israelense para que corte as árvores. A desculpa: a plantação poderia ser usada como esconderijo de terroristas que ameaçariam o ministro da Defesa, que se mudou para a vizinhança. A mulher não se dá por vencida: vai aos tribunais para garantir o direito à limonada de fabricação própria, e transforma a batalha num ato de resistência pela causa palestina.

Se a história já é pitoresca (e aí não interessa se realmente aconteceu), o roteiro trata de sublinhar todas as metáforas políticas sugeridas por essa luta de Davi contra Golias – a referência bíblica, aliás, é citada literalmente num diálogo. A missão de Riklis é dar rosto ao conflito – mas, no processo, acaba confinando os personagens a papéis simbólicos, óbvios. A caricatura de Adam Sandler me convence mais.