2 ou 3 parágrafos | A caixa
Notem o quão interessante seria a experiência (e seria bem simples, nem tomaria muito tempo): você vai a uma sala de cinema que exibe A caixa (3/5), espera a sessão terminar e toma anotações sobre as reações dos espectadores. Nem será necessário submetê-los a questionários. Observe-os. Minha hipótese: a maior parte das cobaias mostrará sinais febris de frustração e, nos casos mais extremos, de fúria. Aposto que um engraçadinho vai ameaçar pedir de volta o dinheiro do ingresso.
É que o filme de Richard Kelly (o diretor de Donnie Darko e Southland tales) rejeita a principal regra para um relacionamento saudável com o público menos aventureiro (infelizmente, eles estão em maioria): cria uma trama de mistério que, após os créditos finais, permanece misteriosa. Um turbilhão de perguntas sem respostas. Quando Onde os fracos não têm vez entrou em cartaz, lembro que ouvi um comentário que ia mais ou menos assim: “Paguei para ver um filme que nem os próprios diretores souberam como terminar.” Oh, vida!
Por isso, muita gente vai desdenhar o que este filme tem de melhor. Que não é a trama (um episódio alongado de Além da imaginação, sustentado por um dilema moral que daria arrepios em M. Night Shyamalan), mas a euforia camicase de Kelly, que transforma uma corretinha fita de época num sonho louco, lynchiano. O sujeito é destemido (e narcisista à beça), dirige sem cinto de segurança, e comete a sandice de oscilar entre a ficção científica mais juvenil (portais reluzentes de CGI!), o thriller de teorias conspiratórias (a Nasa tem culpa no cartório!) e a tortura filmada (Jogos mortais!). Sem medo do ridículo (e a coisa fica muito ridícula, prepare-se). O importante é que o espectador não sabe onde está se metendo. E isso é bom, não é? Deveria ser bom? Se você acha que não, recomendo uma maratona de Fringe. Só de castigo.
março 29, 2010 às 1:26 pm
os filmes do Richard Kelly (principalmente o Southland Tales, basta lembrar do The Rock como protagonista) tem um quê de filmes vagabundos mas que não podem ser ignorados … isso não é pouca coisa …
março 29, 2010 às 6:21 pm
Eu achei ruim, mas não achei perda de tempo.
março 30, 2010 às 1:35 am
Eu gosto de Southland tales, Jordan. Mas não morro de paixão pelos filmes dele.
abril 12, 2010 às 4:04 pm
Quando vi do q se tratava, senti cheiro de bomba, mas diante do que vc disse…vou tentar.
Mas se DE FATO for bomba pode crer que eu volto aqui…rsrs
junho 11, 2010 às 2:04 am
Eu estrelei este post no GReader no dia em que tu publicou ele, mas só assisti ao filme hoje. Achei um filmaço, 4/5.