2 ou 3 parágrafos | Jean Charles
Ontem à noite, na bilheteria do cinema: “A mulher invisível. Uma inteira.” “Mas minha senhora, a sessão começou há meia hora.” “Então me dê uma inteira pro outro filme do Selton Mello.”
Acho que meu incômodo com Jean Charles (o “outro filme do Selton Mello”, 4.5/10) veio principalmente daí: as cenas sugerem uma produção barata e singela, com atores desconhecidos e um desejo de encenar a “vida como ela é”, o drama dos migrantes. Mas aí Selton Mello entra em cena e o que nos resta é um retrato distante, artificial, do brasileiro que morreu assassinado pela polícia de Londres. Ele está bem ou mal? Nem sei. O problema é anterior a isso: o personagem é, desde o início, engolido pela imagem conhecidíssima do astro.
Até os 15 ou 20 minutos finais, me pareceu um filme completamente primário e desinteressante. A narrativa é didática (as imagens do noticiário britânico são intercaladas ao dia a dia de Jean, por exemplo) e as cenas parecem trombar umas nas outras. Vai ter gente dizendo que são imagens “honestas”, uma homenagem “digna” mas, para mim, é tudo precário. No finzinho, o filme cresce um pouco quando apela para o sentimentalismo e atiça a indignação do público. As pessoas se comovem. Rage against the machine. Mas esse mesmo impacto poderia ter sido provocado por um documentário ou uma reportagem sobre o assunto, não?
julho 2, 2009 às 9:25 pm
Olá! Trabalho no Portal Alone [e na revista também!] e resolvi dar uma fuçada inocente no seu blog.
Interessante [e favoritado, assim que eu descobrir qual o problema com o blogspot]. Vou esperar Jean Charles sair na televisão.
Não vou pagar pela decpeção. Me recuso a assistir filme ruim no cinema, ainda mais quando eu sei que ele, de antemão, é ruim!
Parabéns pelo blog!
Um abraço,
Maira
julho 2, 2009 às 9:34 pm
Legal, Maíra, obrigado.
julho 3, 2009 às 1:24 am
Tivemos a mesma impressão, Tiago, até escrevi sobre isso no blog. Parece que o Goldman estava dividido entre documentário e ficção. Fora que ficou tentando sensibilizar o espectador com a história do Jean, que cá entre nós, não tinha motivo para se fazer um filme de ficção.
o/
julho 3, 2009 às 2:04 am
Pois é, também não entendi o motivo.