Tron Legacy

Superoito express (34)

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Tron: Legacy | Daft Punk | 6.5

Pode soar como uma trilha sonora muito funcional, daquelas que só fazem sentido quando anexadas às imagens do filme. Mas é um disco mais engenhoso do que isso: como de costume, o Daft Punk vai ao laboratório e altera a composição de gêneros já muito conhecidos. Em Discovery, a matéria-prima era a disco music. Em Human after all, os riffs de hard rock. Agora, a pompa cinematográfica de maestros como Maurice Jarre e Vangelis.

A orquestra de 85 integrantes não intimida os nossos robôs favoritos, que vão alternando elementos de música erudita com a eletrônica mais comercial. O mix não soa agressivo, pelo contrário (a sensação é de que já ouvimos esta trilha outras vezes), mas a ideia de recombinar vários clichês de soundtracks explica muito sobre os métodos da dupla. As faixas aterrissam aceleradamente – às vezes desembarcam sem que as notemos. Quase impossível amá-las. Mas brilham feito vagalumes.

Body talk | Robyn | 8.5

Quando escrevi sobre os dois ótimos minidiscos que Robyn lançou durante o ano, comentei que, unidos num mesmo pacote, eles dariam no grande álbum pop de 2010. Pois bem: aí está ele. As novas faixas deste Body talk redux podem não provocar dependência química, mas o set já soa como greatest hits. Pelo menos 80% das músicas entende o que há de mais poderoso na música pop: cumplicidade e catarse. Com arranjos introspectivos, seria um dos discos mais melancólicos da temporada (reparem nos versos sobre amores perdidos, crises de identidade, depressão e solidão). Mas o clima é festivo de doer. Blood on the dancefloor.

Come around sundown | Kings of Leon | 5.5

Remete aos dois primeiros discos da banda — sob uma brisa de country rock setentista —, mas o Kings of Leon continua gravando álbuns que me parecem unidimensionais: uma única ideia não muito particular aplicada repetidas vezes, com um estilo reto, plano, “honesto”. Ainda não me convence, mas fico muito satisfeito que eles tenham abandonado alguns dos artifícios dos álbuns mais recentes, principalmente aquele verniz genérico de “modern rock” que os transformou quase que numa boy band. De qualquer forma, aposto que muitos dos fãs vão tratar este disquinho amarelado, despreocupado, como uma pausa para admirar a paisagem. Tem lá alguma beleza.

Happiness | Hurts | 5

Uma estreia que sofre de excesso de informação, como se cada faixa tivesse a obrigação de servir como carta de intenções para a banda. Pior é quando se nota que a banda em si nada tem de extraordinário: apesar do hype da imprensa britânica, o duo de Manchester não é o primeiro (nem será o último) a atualizar o synthpop dos anos 1980 — no caso, mais para New Order do que para Pet Shop Boys. Três singles muito fortes (Wonderful life é daqueles que não se esquece nunca), mas deixa a sensação de que eles ainda precisam encontrar alguma tesouro no mar de purpurina. De qualquer forma, confirma a tendência da imprensa inglesa para superestimar projetos imaturos.