Treme

2 ou 3 parágrafos | Treme, primeira temporada

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A trama é muito menos intrincada, mas, quando comparo com The wire (e a comparação é inevitável, já que David Simon sempre será conhecido com o homem de The wire), os desafios de Treme (4.5/5) me parecem um pouco mais complicados, mais delicados. E é espantoso como, em 10 episódios, a série consegue se esquivar de tudo o que há de mais perigoso (e simplista) na ideia de usar um punhado de personagens para acertar contas com uma grande tragédia (a ação é encenada em Nova Orleans, três meses após o Katrina).

A comparação, ora pois: The wire era uma série policial que ia subvertendo o gênero ao esquadrinhar o cotidiano de uma cidade (Baltimore, em Maryland). Enquanto que Treme, coescrita por Eric Overmyer, já nasce indefinível. É um drama musical com elementos de investigação policial, digamos, e que me lembra os filmes-coral de Altman. Mais complexo do que isso: os roteiristas estão sempre se equilibrando numa linha muito fina, entre o ensaio sociológico (é o retrato de uma comunidade abandonada pelo governo federal, que tenta sobreviver e, quando muito, se reerguer) e a crônica sobre pessoas que não aparecem nas planilhas oficiais.

A série triunfa de um jeito e de outro. A narrativa é um lago mais ou menos plácido, silencioso, que, quando menos esperamos, é atingido por pedradas (dois momentos violentíssimos têm a ver com a morte de pessoas comuns, em circunstâncias nada extraordinárias). The wire (ou pelo menos a primeira temporada, a única que vi) já era um pouco assim, uma série que permite aproximação gradual entre o espectador e os personagens. Mas, capítulo à parte, Treme usa a música como elemento essencial para narrativa. E já seria uma série grande apenas por mostrar como o sentido das canções tão típicas de Nova Orleans foi renovado pelas circunstâncias desastrosas. A vida, especialmente ali, soou como blues.

No Twitter | 22-31 de maio

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Uma compilação dos comentários-relâmpago sobre séries e filmes que postei no Twitter durante a semana. Em alguns casos, com adjetivos e interjeições que não couberam nos 140 caracteres.

Príncipe da Pérsia: as areias do tempo | Prince of Persia: the sands of time | Mike Newell | 2/5 | Está duríssima a batalha dos blockbusters abobalhados. Não sei qual é o mais palerma, se Fúria de Titãs ou Príncipe da Pérsia – esse último, aliás, é mais uma prova de que fazer os personagens saltarem no tempo é ótima desculpa para roteiristas preguiçosos.

Godard, Truffaut e a nouvelle vague | Deux de la vague | Emmanuel Laurent | 3/5 |  Um doc didático e quadradinho, mas recomendo muito: as imagens de arquivo são incríveis (dois exemplos: Os incompreendidos em Cannes e entrevistas com o público à saída das sessões de Acossado).

Treme | s01e06: Shallow water, oh mama | 3.5/5 | A trama pouco avança, o que não chega a ser um problema – taí um bom momento para notar as atuações, quase todas excelentes.

Treme | s01e07: Smoke my peace pipe | 4/5 | Agora que nos afeiçoamos aos personagens, a série finalmente nos atinge com uma pancada. A cena dos caminhões é de machucar.

FlashForward | s01e22: Future shock | 3/5 | Um desfecho muito coerente com a série: pulpy, frenético, às vezes ridículo, tão sentimental quanto Grey’s anatomy.

Glee | s01e20: Theatricality | 1.5/5 | O mais pobre da temporada. A celinedionização de Poker face é totalmente constrangedora.

No Twitter | 15-21 de maio

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Uma compilação dos comentários-relâmpago sobre séries e filmes que postei no Twitter durante a semana. Em alguns casos, com adjetivos e interjeições que não couberam nos 140 caracteres (e uma faixa-bônus!).

Me and Orson Welles | Richard Linklater | 3/5 | Obrigado, Linklater, por um filme de época sem a sisudez ou a pompa de uma parada militar. Em matéria de fluência, um espetáculo. Mas Zac Efron, tio?

O inferno de Henri Georges-Clouzot | L’enfer d’Henri Georges-Clouzot | Serge Bromberg e Ruxandra Medrea | 3/5 | O doc termina e, ainda assim, mal consigo imaginar se o filme de Clouzot seria algo genial ou apenas enorme. Mistério.

Fúria de Titãs | Clash of the Titans | Louis Leterrier | 2.5/5 | Uma fantasia pulp carnavalesca mais divertida do que eu esperava. Sim, eu esperava Super Xuxa contra o Baixo Astral. E o 3D-que-não-dá-barato é apenas uma entre várias picaretagens do filme.

Palavras cruzadas | Wordplay | Patrick Creadon | 2.5/5 | Este doc nos mostra que as cruzadinhas do New York Times são mais sagazes do que o conteúdo noticioso de muito jornal brasileiro. Mas quando o filme se transforma num thriller sobre batalha dos nerds, vira jogo de sete erros.

Treme | s01e05: Shame, shame, shame | 4/5 | Quando chega a cena-chave (cruel!), percebemos o quanto gostamos daqueles personagens. Bela série, grande episódio.

V | S01e12: Red sky | 3/5 | “É season finale, minha gente, vamos matar alienígenas!” Mas aí o episódio vai ficando finalmente bom quando… é claro, ele acaba.

Lost | s06e16: What they died for | 3/5 | A salvação do episódio, soletrando: B-E-N. O resto é conversa ao pé da fogueira para ninar criancinha (e vamos torcer para que tenham guardado todas as melhores surpresas para o desfecho). E já deu, né?

FlashForward | s01e20: The negotiation | 3/5 | A agente infiltrada, Janis, é o trunfo da série. Aceito engolir o besteirol todo só pra saber como ela sai da encrenca.

Glee | s01e19: Dream on | 2.5/5 | Sempre me decepciono quando a série troca o humor pela chantagem sentimental. Este sonolento episódio sobre sonhos, sonhadores e sonhos-de-valsa é o caso.