Tiago aos sete

Os discos da minha vida (6)

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Esta semana, na infinita saga dos discos que assombraram a minha vida, um parzinho insólito: um álbum que representa muito bem a minha infância e outro que explica quase tudo sobre o período em que (creio eu) virei adulto de vez. Tiago aos sete versus Tiago aos trinta. Um confronto que, para mim, é muito emocionante, muito profundo. E que, para vocês, é só mais um post de blog.

E é óbvio que você, leitor inteligente deste sítio, vai fazer o download desses disquinhos tão especiais. Semana que vem (se o mundo não se transformar em geleia cósmica) tem mais. 

090 | Merriweather Post Pavilion | Animal Collective | 2009 | download

Em dezembro de 2008, logo que este disco vazou na internet, eu o levei para uma viagem que fiz ao Rio de Janeiro. Foi um feriado em grande parte tranquilo, mas naquela época eu só conseguia pensar (em vão, é claro) no meu futuro. O que eu faria dele? Qual seria o próximo passo? Não foi a primeira vez em que eu me vi na pele de um adulto – de um homem responsável pelas próprias escolhas, sozinho no mundo -, mas naquele momento eu pude sentir claramente que algo estava se transformando na minha vida. Lembro que, enquanto esperava o voo de volta (que atrasou uma eternidade), este era o disco que eu ouvia repetidamente. Todas as músicas tentavam conversar comigo. Com meus medos (Also frightened), minha nostalgia (Summertime clothes), minhas inseguranças (My girls) e, finalmente, meus desejos mais inocentes (No more running). Enquanto ouvia, me percebi adulto. Talvez seja um álbum também sobre essa sensação. Top 3: Bluish, My girls, No more running.

089 | Selvagem? | Os Paralamas do Sucesso | 1986 | download

É um disco essencial para o rock brasileiro dos anos 80, eu sei – mas ainda não consigo encará-lo com distanciamento. Ainda soa, para mim, como um grão da minha infância. Principalmente a Melô do marinheiro, que entrou tão lá no fundo da minha memória e hoje está no mesmo compartimento onde guardo as canções de ninar que eu ouvia quando muito pequeno. Eu não desgrudava do lado A (quem conta isso é minha mãe) e é dele que sinto saudades: Alagados e A novidade têm o cheiro do bairro carioca onde eu vivia – e a cor de um daqueles verões fervilhantes, ingênuos, que não se consegue esquecer. Top 3: Melô do marinheiro, Alagados, A novidade.