The Ting Tings
mini | 1 post, 16 discos
Deixe-me livrar destes disquinhos antes que eles desapareçam completamente do meu HD, tudo bem? (Regra do jogo: textos injustamente curtos, porque a vida é assim mesmo).
Go Fly a Kite | Ben Kweller | Noise Co | C+ | Precocemente nostálgico (e talvez por isso um tantinho adorável e triste), como se Kweller tivesse completado 60 anos e não 30. Pode ser “lido” como um disco bem pé-no-chão sobre o fim da adolescência, ainda que o compositor não tenha amadurecido e siga irrelevante.
Hymns | Cardinal | Fire Records | C+ | Após quase 20 anos de hibernação, o duo americano retorna com um disco tão out of time quanto o début de 1994. É verdade que o Clientele fez isso tudo com mais finesse, mas não é desprezível o jeito como eles vão “estragando” canções pop com detalhes psicodélicos (um vocal distorcido, um efeito de teclado etc). Teias de aranha everywhere, mas tem seu encanto.
I Am Gemini | Cursive | Saddle Creek | C | O conceito é juvenil demais para ser levado a sério (vai mais ou menos assim: o bem e o mal num confronto dentro de uma casa), mas dá à banda certo ânimo para seguir compondo. Ainda assim, não me convidem pra jogar esse RPG-indie de novo.
Django Django | Django Django | Because Music | B | Um dos ídolos do quarteto é o Beta Band, e que bom: um disco que dá a sensação de se transformar a cada faixa, em constante movimento de autodestruição/recriação, e, apesar de gordo (até nisso eles imitam o BB), que entretém mesmo quando as mutações soam como esboços que mereciam ser deletados antes de virar MP3.
Have Some Faith in Magic | Errors | Rock Action Records | B | Aquilo que alguns chamariam de pós-rock, só que com mais vivacidade que letargia. Disco a disco, a banda vai encontrando um som pra chamar de seu, e isso é bonito de notar.
The Year of No Returning | Ezra Furman | Independente | C+ | Furman ainda não sabe exatamente o que quer, e se sai melhor como um discípulo de Bruce Springsteen (American Soil é ótima) que de Jeff Tweedy. A acompanhar.
Interstellar | Frankie Rose | Slumberland | B | Musa indie nova-iorquina floating in space, num CD que oscila do synthpop ao shoegazing, e por isso muitíssimo gostável e up-to-date (vide as reações muito positivas na imprensa americana). É mesmo um doce, mas eu prefiro as faixas mais dançantes às mais morosas – e é um tanto breve, não?
MU.ZZ.LE | Gonjasufi | Warp | B | Outro álbum curto, muito curto, que deixa uma série de promessas em stand-by. A faceta hip-hop do compositor não parece ainda bem resolvida, e o que ouço são rascunhos, só que não consigo ignorar um disco que atira tantas boas ideias ao vento.
A Sleep & a Forgetting | Islands | ANTI- | C+ | Ainda me parece pouco convincente (e não muito natural) essa transformação do Islands numa banda menos delirante e mais mundana, e o disco acaba tomando o caminho fácil de optar por um som genérico, superficial, cheio de chavões de country rock. Enfim: mais para Bright Eyes e Girls que para um Lambchop.
Born to Die | Lana Del Rey | Interscope | D+ | Nem princesinha deprê, nem monstrengo pré-fabricado: apenas uma (mais uma) estrela pop desnorteada dentro de um EP grandalhão, feito às pressas, toscamente produzido, e que esvazia terrivelmente após a quinta faixa. Tem Video Games, daí o +.
Kisses on the Bottom | Paul McCartney | Hear Music | C+ | É um disco sincero de crooner, perfeito para animar bailes de terceira idade e (se você tiver ânimo) com algumas pistas que explicam certas referências embrionárias dos Beatles. Mas Paul não precisava disso.
Habits and Contradictions | Schoolboy Q | Top Dawg | B+ | Um tema recorrente (sexo, sexo e sexo), mais de uma dezena de boas ideias sonoras (a faixa com sampler de Portishead, apesar de óbvia, empurra o disco surpreendentemente para o dark side), ainda que repetitivo e dispersivo demais. Um bom editor fez falta. Ouvi muitas vezes e aviso: ele vai melhorando.
Animal Joy | Shearwater | Sub Pop | C+ | Um disco de rock sisudo e monocromático (ainda se faz isso?) como os primeiros do Pearl Jam e do Alice in Chains, que não soaria estranho se tivesse sido lançado no início dos anos 90. Até a capa me deixa com saudades das camisas de flanela, mas péra lá: o álbum acabou cinco vezes e ainda não descobri o que há de particular no Shearwater.
Young and Old | Tennis | Fat Possum | D+ | Com uma palheta de referências parecida, o Hospitality fez um álbum muito agradável este ano. O Tennis parece fadado a ser uma espécie de She & Him de segunda divisão – lamentável e desnecessário, portanto.
This Something Rain | Tindersticks | Lucky Dog | B | Mais um disco muito digno e elegante do Tindersticks (como todos os outros, aliás), ainda que eu acredite que ele vá perdendo a força assim que a primeira faixa (de nove minutos, e excelente) termina.
Sounds From Nowheresville | The Ting Tings | Columbia | D+ | Uma banda pop muito limitada tentando, hum, break on through to the other side: raramente dá certo. Se a ideia era nos deixar com saudades de That’s Not My Name, conseguiram. Parabéns, Columbia, cês tinham razão.
Diário de SP | Superoito no Planeta Terra
Com lamentável atraso, aí vão meus comentários (incrivelmente curtos) sobre os shows do festival Planeta Terra, que rolou sábado passado no Playcenter, em São Paulo. Os shows não me tiraram do chão, mas admito que fechei os olhos no looping da montanha-russa.

Móveis Colonais de Acaju | 7 | Como sempre, incansáveis (e o André está cantando cada vez melhor). A abertura do show foi, como diria Herbert Vianna, acima das palavras. Um pouco menos criativos no palco, no entanto.
Maxïmo Park | 4 | Não tão vergonhoso quanto The Rakes, mas quase lá. No palco, o pior acontece: tudo o que a banda fez de decente está concentrado no disco de estreia. Infelizmente, eles parecem curtir muito os outros dois discos. Serviria como show de abertura do Franz Ferdinand (ok, talvez nem isso).
EX! | 4.5 | Vi um pedacinho de nada, mas me pareceu uma paródia de todas as bandas moderninhas de Nova York (com uma vocalista que me deixou com saudades do La Roux). Era?
Primal Scream | 5 | As lembranças do show ruidoso, violentíssimo que eles fizeram no Tim Festival há alguns anos pesaram contra este (morno) retorno. E, para piorar, soou desconjuntado: começou como uma colagem das referências punk da banda, terminou com hits fáceis e sensação de psicodelia requentada. Pouco.
Sonic Youth | 7 | O primeiro show do Sonic Youth a gente nunca esquece (e o Metronomy que espere). Tudo bem: não há como descrever a força estranha que move Kim Gordon no palco (num determinado momento, acho até que ela virou Monga, a indie selvagem). Também tenho que admitir que é intelectualmente muito excitante assistir a uma banda que vive no presente e não dá bola para os próprios hits. Mas é um show que deve ter deslumbrado especialmente os fãs do disco mais recente deles. Sei que seria pedir muito, mas eu preferiria ter curtido o repertório de Murray Street ou de Washing machine.
The Ting Tings e Iggy and the Stooges | Vi um pouco dos dois shows (a organização do festival, sádica, marcou as duas atrações para o mesmo horário), nem dá para avaliar direito. Ting Tings rendeu mais do que eu esperava: eles conseguem segurar o público por quase 60 minutos com apenas três hits e clima de programa de auditório (eu daria um 7, vai). Do Iggy vi só três músicas e me arrependi de não ter ficado mais tempo no palco principal.
N.A.S.A. | 4 | Picaretagem muito da vagabunda.
Etienne de Crecy | 8 | Surpresa: quem procurava espetáculo visual encontrou um parque de diversão inteiro no show hipnótico do DJ francês. Dançando no cubo mágico. Fantástico.