The Horrors
Mixtape! | Julho, nas nuvens
A mixtape de julho é um arraso: tecnológica, revolucionária, moderníssima, um evento. E por quê? É que, a partir deste momento mágico, vocês podem ouvir as coletâneas mensais do tio Tiago aqui mesmo no blog, clicando no box colorido que fica logo ali, no pé do post. Não é incrível?
Ainda existe, é claro, a boa e velha opção do download (e aí você pode guardar as musiquinhas no laptop, no iPod, etc). Mas a ideia é facilitar a vida dos amigos. Né não?
A novidade deve ajudar principalmente os leitores agoniados que, impedidos de fazer downloads na firma, se descabelam com medo de não conseguir baixar as mixtapes mais bonitas da cidade. Seus problemas acabaram, chapas!
O mais genial dessa história é que a seleção de julho está especialmente inspirada. Talvez seja a mixtape mais reluzente de todos os tempos: uma espécie de flash melodioso, um estrobo sonoro. O climão dançante pode lembrar um pouco a coletânea de junho, também conhecida como a “mixtape mais pop da história deste blog”. Mas existe uma camada de amargura que pode provocar pesadelos e arrepios. Por isso, atenção!
No mais, não vou explicar nada. Decifrem o disquinho por conta própria. Neste incrível algodão-doce envenenado, tem SBTRKT, Junior Boys (que está na foto acima), Foster the People, Cassettes Won’t Listen, Zomby, The Horrors, Yacht, Danger Mouse & Daniele Luppi, Eleanor Friedberger e Sleepmakeswaves. A lista de músicas está na caixa de comentários. Espero que vocês curtam.
E não esqueçam de fazer o download da mixtape-bônus superespecial com algumas das minhas músicas favoritas. Foi gravado com muito amor e carinho (e, de certa forma, soa como um complemento muito explicativo para esta mixtape aqui).
Faça o download da mixtape de julho (e deixe um comentário simpático depois que ouvir, certo?).
Ou, se preferir, ouça tudo de uma vez aqui:
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
Superoito express (7)
(Paralelamente: American beauty, Grateful Dead, 1970; Scott 2, Scott Walker, 1968; In the wee small hours, Frank Sinatra, 1955; Dusty in Memphis, Dusty Springfield, 1969; Something else, The Kinks, 1967; para todo o sempre, amém)
[E me perdoem, sei que estou metido numa geléia de discos e isso pode parecer enfadonho e redundante, mas prometo compensar assim que possível com transcrições de parágrafos de livros. Multidão que visita este blog movida pelo amor à literatura, stay tuned]
Dark days/Light years | Super Furry Animals | 7.5 | Está para o rock psicodélico do final dos anos 60 assim como Phantom power estava para o country rock do início dos 70. E com essa comparação superficial digo que: ainda que adote um método consagrado, “clássico” (no caso, o álbum de jam), o charme do álbum está no modo anárquico e inconsequente como corrompe a herança pop. São discos que fazem questão de não andar na linha. E se os melhores momentos do Super Furry Animals são os mais caóticos e surpreendentes (Guerrilla e Rings around the world, sejamos específicos), Dark days/Light years se esforça terrivelmente para encontrar um lugar entre os grandes. Não soa tão espontâneo quanto os anteriores, beira o exaustivo, mas preserva uma velha promessa do grupo: seguir em frente, sempre. Aqui, eles soam relaxados e seguros, e até arriscam uma ode aos Rolling Stones antes de se transformarem numa máquina ritmica inclassificável. Para o SFA, o significado da palavra “jam” é mais amplo do que se imagina – e, que bom, eles aprenderam a brincar feito gente grande.
Swoon | Silversun Pickups | 6 | A imprensa norte-americana adora uma banda independente que executa com competência uma tonelada de clichês do rock comercial, não adora? Só isso explica a badalação em torno do quarteto de Los Angeles, que lançou este segundo disco por um selo chamado Dangerbird e, ainda assim, virou destaque na Rolling Stone. A primeira audição é nada menos que chocante para quem viveu os anos 90: quando não soa simplesmente choroso, Brian Aubert canta exaamente como Billy Corgan, sob guitarras pesadas-mas-não-tanto que poderiam ter sido produzidas por Butch Vig. Para quem resiste bravamente à sensação de que o passado era mais divertido, o álbum até se sustenta pelo entusiasmo e uso consciente de fórmulas do rock que, na soma dos fatores, produz hits perfeitinhos como Growing old is getting old e It’s nice to know you work alone, que talvez arranquem lágrimas dos fãs do Muse e do Placebo. Talvez. E só deles, ok?
Quicken the heart | Maximo Park | 5.5 | Há bandas que não evoluem nunca, e dessas ficaremos apenas com os primeiros, ótimos álbuns. Quem lembra de Our earthly pleasures, o segundo do Maximo Park? Na minha memória é que não ficou. Mas ainda sentimos saudades de A certain trigger (parecia tão simples!), e por isso retornamos aos britânicos com interesse toda vez que eles lançam uma nova canção que deixa a impressão de que pode ser grande até o momento em que… hum, eles estragaram tudo outra vez. Quicken the heart é quase tão frustrante quanto o anterior, e chega num ponto que parece mais dedicado a reproduzir o catálogo do Futureheads que os clássicos do Gang of Four. Alguns momentos dignos (The kids are sick again, A cloud of mystery e Wraithlike) sentem-se muito sozinhos num conjunto flácido, repetitivo, que parece jogar na minha cara como eu deveria ter sido mais bondoso com o novo do Franz Ferdinand. Mas e então, abandonamos o Maximo Park de vez? Eu não. Ainda acredito que, com o humor fino e a aparente esperteza que eles têm, dia desses podem até nos pegar de surpresa. E repito: é um pouco melhor que o disco anterior. Melhor que o anterior, ouviram?
Primary colours | The Horrors | 5 | Meu caso com o Horrors está envenenado. Acabou. Fechou. Perdeu. Sei que há quem os defenda com dentes, unhas e o diabo a quatro. Entendo que este segundo álbum dos britânicos seria minimamente importante apenas por conter a grife de Geoff Barrow (e foi coproduzido pelo escritor Craig Silvey e pelo diretor de clipes Chris Cunningham, um crossover bizarro que deixaria Andy Warhol muito orgulhoso). Mas tudo o que eu (ainda) consigo ouvir é a décima-nona encarnação de Ian Curtis num moedor de carne à Psychocandy. Conciso – taí um adjetivo que será muito usado para descrever um álbum que compõe atmosferas intensas e sofridas e compactas de ruídos e ecos a serviço… do que mesmo? As trovoadas de Three decades me impressionaram, não há nada tão oco quanto os hits do White Lies, mas o restante do álbum vai agonizando lentamente até desaguar no óbvio ululante: influências de eletrônicas largadas numa jam de oito minutos de duração. Entendo. Mas não me assusta.