Tegan and Sara

Adeus, 2009 | Superoito’s mixtape, parte 1

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A história vai assim: todo dezembro, seleciono algumas de minhas canções favoritas do ano para duas edições especiais do programa de rádio Marco Zero, transmitido às terças-feiras (às 22h) pela Câmara FM (se você mora em Brasília, elas rolam nos dias 22 e 29).

A brincadeira é, pra mim, das boas: a quantidade de canções lançadas durante o ano é tão grande que seria possível criar cinco programas diferentes – sem repetir bandas. O desafio, por isso, é criar mixes envoltos numa certa atmosfera – com início, meio e fim. Ou seja: coletâneas para fãs de álbuns (e daquelas fitinhas que gravávamos para os amigos, com mensagens secretas e emoções afloradas).

Sempre pensei em comparilhar esses programas, em formato de podcasts, aqui no blog. Então taí: pela primeira vez, consegui colocar o plano em prática. Neste post, vocês podem fazer o download da primeira parte da mixtape com as minhas preferidas de 2009. Mato logo dois coelhos e começo a séries de posts Adeus, 2009, com minhas listas de melhores do ano (por essa vocês não esperavam, hum?).

Aviso que há alguns problemas técnicos no pacote, mas nada que não se resolva com alguma paciência. Fiz uma exaustiva bateria de testes e garanto: o melhor modo de ouvir a coletânea é pelo Windows Media Player (e repare que o som fica mais caloroso). No iTunes, uma canção misteriosamente desaparece e isso é um pecado (e logo uma das melhores, Kid klimax). Mas talvez vocês entendam desses detalhes tecnológicos melhor do que eu. Prometo resolvê-los na segunda parte da retrospectiva.  

A seleção via web não é a idêntica à que será transmitida na rádio (reconheço: a da web ficou um pouquinho mais bacana). Há algumas mudanças estratégicas e faixas bônus – e o climão todo (que tem algo a ver com a foto do Grizzly Bear lá em cima) diz muito sobre o meu ano. Mas garanto que, se você sintonizar na Rádio Câmara, ouvirá algumas surpresas.

Eis a tracklist:

1. Hooting & howling – Wild Beasts
2. Hearing damage – Thom Yorke
3. While you wait for the others – Grizzly Bear
4. Kid klimax – Atlas Sound
5. Lovesick teenagers – Bear in Heaven
6. Out of the blue – Julian Casablancas
7. Alligator – Tegan & Sara
8. Higher than the stars – The Pains of Being Pure at Heart
9. Plain material – Memory Tapes
10. Fables – Dodos
11. Heaven can wait – Charlotte Gainsbourg e Beck
12. January twenty something – Why?

Faça o download (via Rapidshare): Superoito’s mixtape 2009, parte 1

A segunda parte fica para a semana que vem – e, a depender da aceitação disto aqui, penso em fazer seleções mensais em 2010. O que vocês acham?

Superoito express (15)

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Ladies’ night (com filmezinhos vagabundos de bônus).

Sainthood | Tegan and Sara | 7 | Nada de oscilações radicais de temperamento: no sexto disco, as gêmeas Tegan e Sara Quinn continuam a dar polimento a um indie pop caseiro e autoirônico que já está virando marca registrada. A produção de Chris Walla, do Death Cab for Cutie (que já havia operado o painel de controle em The con, de 2007), segue reforçando o lado mais apetitoso dessa receita, com momentos que não soariam deslocados num lado B da Lady GaGa ou da Rihanna (Alligator, por exemplo). A combinação de versinhos cínicos sobre amor (e não estamos falando só de amor juvenil) com melodias açucaradas ainda é irresistível – mas a horta de Walla começa a parecer pequena demais para o talento das meninas.   

Rated R | Rihanna | 6.5 | O surto de rebeldia de Rihanna está todo ali, num versinho de Stupid in love: “Posso até ser boba, mas não sou estúpida”. É isso aí, garota: assim é que se encara uma violenta decepção amorosa acompanhada por ampla cobertura da imprensa. Com muita maturidade. Mas fala sério: apesar da jogada de marketing e dos hematomas, este não é exatamente um álbum de ressaca sentimental. Na prática, soa como uma festa decadente e animadíssima transmitida pela VH1: riffs de hard rock oitentista, participação especial de Slash, sacanagem de mentirinha (à Janet Jackson e Cyndi Lauper) e ambições de blockbuster produzido por George Lucas. Como produto pop, é quase perfeito: termina muito mal (mas quase todos terminam assim), mas começa com um arrastão de singles hipnóticos (meu favorito: Fire bomb) que vai garantir a Rihanna pelo menos mais um ano inteiro de reinado em blogs de fofoca. Um fenômeno. Mas PG-13, vai.

Mallu Magalhães | Mallu Magalhães | 6.5 | Os cinco leitores deste blog, todos muito cultos e céticos, não caíram na história de que, já neste segundo disco, Mallu teria virado mulher. Além de cheirar a armação de assessores de imprensa, essa promessa de  “maturidade” (aos 18 anos de idade!) soa como propaganda enganosa para um álbum tão elegantemente imaturo, indeciso, verde. É perfeitamente justo que, como a multidão de vestibulandos que não têm a menor noção sobre a profissão que estão escolhendo, Mallu também sinta-se dividida: Bob Dylan ou Marcelo Camelo? Inglês ou português? Folk rock ou Clube da Esquina? Sem a pressão de ter que escolher, ela marca todas as alternativas e tateia uma identidade. A produção de Kassin tenta nos oferecer algum conforto: a menina está pronta para as trilhas de novela e o mercado indie europeu, ele garante. Mas não está: este é um disco juvenil que sonha em ser grande. E quer saber? Antes assim.

Break it up | Jemina Pearl | 6 | Outro caso de crescimento prematuro: aos 22 aninhos, a ex-vocalista do Be Your Own Pet tenta conjugar a atitude despreocupada do punk 77 com as caras e bocas de mulherzona sacana. Não cola. Quer dizer: até cola em alguns momentos (I hate people, com participação de Iggy Pop, é tão redondinha que poderia rolar na programação da Kiss FM), mas bate saudade do tempo em que ela soava maravilhosamente confusa e inconformada (ouça qualquer disco do BYOP e seja feliz). Nem tudo está perdido: quando ela tenta se reinventar como uma jovem Chrissie Hynde, nos surpreende com joias como Nashville shores e No good. Falta alguém que a provoque. Mas que Jemina é um talento, é.     

Atividade paranormal | Paranormal activity | Oren Peli | 5 | Há dois ou três momentos assustadores, mas o desfecho é tão babaca que quase estraga a molecagem toda. Sugestão: um remake sul-coreano, daqueles verdadeiramente cruéis, mas desta vez com atores convincentes? Obrigado.  

A princesa e o sapo | The princess and the frog | Ron Clements e John Musker | 5 | Sob medida para quem morre de saudades dos sucessos de animação que a Disney lançava nos anos 90. Mas vamos cair na real, gente: isto aqui é tão modorrento quanto Mulan e Pocahontas.

Os fantasmas de Scrooge | A Christmas carol | Robert Zemeckis | 4.5 | Pela terceira vez, Zemeckis cria um excelente argumento para quem acredita que ele deveria esquecer essa história de animação e gastar tempo com prequels de De volta para o futuro. Uma das adaptações mais gélidas que vi para uma obra de Charles Dickens.

Embarque imediato | Allan Fiterman | 4 | Ensina-me a viver + musicais da Atlântida + mix de comédias românticas hollywoodianas + teatro de revista + Marília Pêra on fire + uma vontade louca de ser Pedro Almodóvar = mico.