Spike Jonze
The suburbs, o clipe | Arcade Fire
Este clipezinho arrepiante dirigido por Spike Jonze vai direto aos nervos do disco do Arcade Fire: existe algo nessas imagens que sintoniza a sensação de fim da adolescência. Até o subtexto político combina com as paranoias de Win Butler e cia – mas, mesmo sem isso, o clipe já seria um acompanhamento precioso para o vídeo de 1979, dos Smashing Pumpkins. Teenage angst.
Os discos da minha vida (12)
Diretamente de São Paulo, numa manhã ensolarada de segunda-feira, seguimos com a radiante saga dos discos que se instalaram na minha vida: os pestinhas que, às vezes sorrateiramente, chegaram e ficaram. Os 100 que eu levaria para uma ilha deserta.
Vocês sabem como funciona: os critérios para o ranking são duvidosos, muito pessoais e, por isso, nem adianta ficar pedindo por esse ou aquele disco que talvez tenha marcado a sua vida. Quando terminarmos esta louca viagem em torno do dedão do meu pé, prometo compor uma lista dos álbuns que considero os mais importantes – os que mais admiro. Mas adianto que ela não vai ter muita graça.
Os discos da minha vida é um top 100 ególatra. E isso me deixa um pouco envergonhado. Mas, para não torná-lo totalmente inútil, facilito o atalho a minhas lembranças com links de bons álbuns que, se você não conhece, deveria conhecer. Entenda assim: os links são a recompensa por sua infinita paciência, caro leitor.
Na edição de hoje (por coincidência?), dois discos que nada têm a ver um com o outro. Boa viagem.
078 | Post | Björk | 1995 | download
Post será lembrado como o disco mais lúdico, mais colorido (a capa não mente), mais brincalhão (a palavra em inglês cai melhor: playful) de Björk. Depois dele, o céu da islandesa fecharia em cumulus cinzentos (um cenário de beleza incomum, como no irrepreensível Homogenic). Para mim, no entanto, é um álbum memorável por outro motivo: ele resume o meu amor pelos videoclipes – um sentimento muito típico entre aqueles que viveram a adolescência nos anos 90, auge da MTV. Ouvir o disco é relembrar imagens: a graça naive de It’s oh so quiet, o preto-e-branco mágico de Isobel, o game melancólico de Hyperballad, o surrealismo pateta de Army of me; Spike Jonze e Michel Gondry. Um disco que inspira todas essas cenas inesquecíveis só pode conter, ele próprio, algo de fantástico. Top 3: Isobel, It’s oh so quiet, Hyperballad.
077 | Off the wall | Michael Jackson | 1979 | download
Na minha vida, existe o Michael Jackson da infância (o branquelo marrento de Bad, que embalava os meus seis, sete anos) e o Michael Jackson de uma época em que a música já não me soava tão inocente. Foi nesse período – aos 20, 21 – que eu finalmente descobri Off the wall. Na minha adolescência, Michael era apenas um tipo excêntrico e afetado a ser combatido por meus ídolos. Depois percebi, principalmente nos primeiros discos dele, o menino amaldiçoado (já que imensamente talentoso e solitário) que se ocultava na euforia da disco music sintética. Sabemos como a tragédia termina: mas, em retrospecto, Off the wall continua a me fascinar como um dos ritos de passagem mais bonitos da história do pop: o garoto cresceu e venceu; apenas isso. Soa libertador. Top 3: Rock with you, Don’t stop til you get enough, Burn this disco out.
Drunk girls | LCD Soundsystem
A arte do bullying, por James Murphy. Meninos e meninas, não tentem fazer isso em casa (a direção é do Spike Jonze, de volta ao habitat).
2 ou 3 parágrafos | Onde vivem os monstros
Ao contrário de Quero ser John Malkovich e Adaptação, que gostei de imediato, o novo do Spike Jonze me deixou dividido. Por um lado, Onde vivem os monstros (Where the wild things are, 5.5/10) é seu filme mais pessoal: ele, um cineasta bipolar (hiperativo e melancólico, melancólico e hiperativo), retrata a infância com a energia e a aflição de um menino de nove anos. Por outro, esse desejo desesperado por catarse nos atropela com efeitos que me pareceram fáceis demais: a fotografia trêmula de Lance Acord, a trilha sonora florida de Karen O and The Kids, o tom deprê da encenação (todos os personagens, aparentemente, acabaram de acordar de uma noite terrível)…
Taí um filme que soa como um disco para crianças interpretado pelo The Polyphonic Spree e produzido pelo Jon Brion, com tudo o que isso tem de tocante e cansativo.