Serge Gainsbourg
Os discos da minha vida (26)
A saga dos 100 discos da minha vida chega a um episódio histórico. Sim, meu amigo, aqui começa o tão aguardado, o tão especial, o irresistível, o atraente, o galante… Top 50.
Sim, meninos e meninas! Estamos exatamente no meio do caminho. Sabe quando você espia o retrovisor e está muito longe para voltar? É a estrada que tomamos.
A partir de agora, este ranking passa a contar a história dos 50 álbuns que estariam na cabeceira do meu quarto se nela coubessem 50 álbuns. Lembrando (e nunca é tarde para que você aprenda as regras do jogo) que esta é uma lista absolutamente pessoal, que obedece critérios que só eu compreendo. Os discos da minha vida, capiche? Não serve para coisa alguma, mas ganha automaticamente o direito de fazer o download de álbuns nada vulgares.
No capítulo de hoje, dois discos atrevidos. Um bom negócio, garanto. Boa metade de viagem pra você.
050 | Ramones | Ramones | 1976 | download
Um álbum que acompanhou toda a minha adolescência sem que eu precisasse parar e ouvi-lo com atenção. Essas músicas simplesmente estavam por toda parte: nas festas dos colegas de colégio, no walkman da minha primeira namorada, na MTV e na abertura do showzinho de rock. Depois, aos 20 e poucos, decidi que era hora de tratá-lo com algum cuidado, e foi só o começo da maratona: virei noites ouvindo a discografia completa do Ramones, me apaixonando e desapaixonando por um som que sempre me pareceu primário (hey, ho! let’s go!) e essencial. Dizem que o punk nasceu aí. Há controvérsias, mas este também é um disco cujo punch não perde o sentido quando destacado do contexto daquela onda musical. Talvez seja mais prudente encará-lo sem tantas complicações: o som dos rapazes que se vestem de preto, matam aula, enfrentam o bons hábitos, dão de ombros para os penteados simétricos e contam as melhores piadas. Tudo o que queríamos ser e não fomos. Top 3: Blitzkrieg bop, Let’s dance, Judy is a punk.
049 | Histoire de Melody Nelson | Serge Gainsbourg | 1971 | download
Um homem de meia-idade atropela uma adolescente angelical e o que segue é a obra de arte mais provocativa, perversa e, vá lá, sexy desde Lolita. Ou seria mais justo tratá-la como uma versão pop art do romance de Nabokov, com o colorido das latas de sopa Campbell e as melodias familares, adocicadas da muzak? Isso ou aquilo, de uma forma ou de outra, é o álbum mais escandalosamente tocante de Gainsbourg – não à toa, influência óbvia para disquinhos também enloquecidos de desejo como Moon safari, do Air, e Sea change, do Beck. É curto (27 minutinhos) e sedutor: já na segunda audição, nos prendamos por livre e espontânea vontade nesse delírio infernal, o sonho de um homem que não conhece os próprios limites. E o Super-ego, desta vez, teve que esperar. Top 3: Ah! Melody, Melody, Cargo culte.