Ridley Scott
No Twitter | 9-14 de maio
Uma compilação dos comentários-relâmpago sobre séries e filmes que postei no Twitter durante a semana. Em alguns casos, com adjetivos e interjeições que não couberam nos 140 caracteres.
Robin Hood | Ridley Scott | 2/5 | Esta versão aborrecida da lenda transforma todas as outras adaptações em fantasia bocó. Eu fico com a fantasia bocó. (Mas a última cena de batalha me impressionou: grau de brutalidade que não se encontra em livros para crianças).
O preço da traição | Chloe | Atom Egoyan | 2/5 | Egoyan chega ao fim da linha: Atração fatal com verniz autoral. Desta vez, nada de converter lixo em reflexão.
Querido John | Dear John | Lasse Hallström | 1/5 | Dramalhão medonho para fãs de Crepúsculo. Não tem vampiros, mas duvido que corra sangue nas veias do parzinho principal.
Lost | s06e15: Across the sea | 2.5/5 | Um megaflashback bíblico (lição do dia: a culpa é da mãe) com várias respostas que mereciam ter ficado em segredo. Deus!
V | s01e11: Fruition | 2/5 | Os visitantes alienígenas ameaçam, os rebeldes matutam estratégias de resistência. E é assim há uns cinco episódios.
Glee | s01e18: Laryngitis | 3/5 | ‘Você é Top 40, eu sou Rhythm and Blues’. Boa. No fim, eles assassinam One, do U2. Quase tantas intrigas amorosas quanto um episódio de Grey’s anatomy.
Justified | s01e06: The collection | 3/5 | Eu não me importaria nada se largassem as tramas policiais na sala de edição e transformassem a série num drama intimista (mas admito que ainda não consegui entrar na brincadeira).
FlashForward | s01e19: Course correction | 3/5 | Mais um daqueles episódios corridos, alucinados que mostram o quanto os roteiristas desta série veneram 24 horas.
Rede de mentiras
Body of lies, 2008. De Ridley Scott. Com Leonardo DiCaprio, Russell Crowe, Mark Strong e Golshifteh Farahani. 128min. 4/10
Existe uma idéia nos primeiros dez ou quinze minutos de Rede de mentiras, mas o restante do filme é tão desajeitado que logo nos esquecemos dela.
De qualquer forma, é uma tese assim: há um descompasso tecnológico que emperra a caça a terroristas. Enquanto os ocidentais se deixam maravilhar e dominar por novíssimos aparelhos de comunicação e espionagem, os candidatos a homens-bomba trocam instruções de forma rudimentar, ultrapassada.
O filme lança a questão que vai além do debate sobre política internacional: até que ponto a tecnologia se faz indispensável em nossas vidas? Nos primeiros 60 ou 70 minutos da trama, os dois personagens principais (agentes secretos da CIA) contracenam à distância, via telefone celular. Mais adiante, um desses heróis (Leonardo DiCaprio) inventa uma organização terrorista via computador.
O roteiro de William Monahan (Os infiltrados) joga com nossas contradições: o império da tecnologia não decifra nem vence o horror feito à mão. Seria interessante se essa premissa caísse no colo de um cineasta capaz de olhar o mundo de uma forma pouco pragmática. Isto é: o problema se chama Ridley Scott.
Scott , um técnico competente (mas aborrecido), empacota esse roteiro com a coloração azulada e acinzentada de um thriller de Paul Greengrass. O personagem de DiCaprio, que parecia perdido no tiroteio de informações, aos poucos se acomoda na função do herói duro-na-queda, imbatível. Um James Bond da era Daniel Craig. E Russell Crowe, ótimo porém subaproveitado, representa a burocracia engravatada, distante do “mundo real”.
A dupla enfrenta capangas do Oriente Médio que poderiam estar num filme do Indiana Jones. Será que os americanos ainda compram essa versão monocromática da história?
O mais curioso, aqui, é que o próprio filme se deixa engolir pela tecnologia. É como se um computadorzinho sabichão tivesse hipnotizado Ridley Scott. “Clique aqui para fazer um thriller de espionagem versão 1.0”, a máquina ordena. E ele obedece.