Richard Linklater
No Twitter | 15-21 de maio
Uma compilação dos comentários-relâmpago sobre séries e filmes que postei no Twitter durante a semana. Em alguns casos, com adjetivos e interjeições que não couberam nos 140 caracteres (e uma faixa-bônus!).
Me and Orson Welles | Richard Linklater | 3/5 | Obrigado, Linklater, por um filme de época sem a sisudez ou a pompa de uma parada militar. Em matéria de fluência, um espetáculo. Mas Zac Efron, tio?
O inferno de Henri Georges-Clouzot | L’enfer d’Henri Georges-Clouzot | Serge Bromberg e Ruxandra Medrea | 3/5 | O doc termina e, ainda assim, mal consigo imaginar se o filme de Clouzot seria algo genial ou apenas enorme. Mistério.
Fúria de Titãs | Clash of the Titans | Louis Leterrier | 2.5/5 | Uma fantasia pulp carnavalesca mais divertida do que eu esperava. Sim, eu esperava Super Xuxa contra o Baixo Astral. E o 3D-que-não-dá-barato é apenas uma entre várias picaretagens do filme.
Palavras cruzadas | Wordplay | Patrick Creadon | 2.5/5 | Este doc nos mostra que as cruzadinhas do New York Times são mais sagazes do que o conteúdo noticioso de muito jornal brasileiro. Mas quando o filme se transforma num thriller sobre batalha dos nerds, vira jogo de sete erros.
Treme | s01e05: Shame, shame, shame | 4/5 | Quando chega a cena-chave (cruel!), percebemos o quanto gostamos daqueles personagens. Bela série, grande episódio.
V | S01e12: Red sky | 3/5 | “É season finale, minha gente, vamos matar alienígenas!” Mas aí o episódio vai ficando finalmente bom quando… é claro, ele acaba.
Lost | s06e16: What they died for | 3/5 | A salvação do episódio, soletrando: B-E-N. O resto é conversa ao pé da fogueira para ninar criancinha (e vamos torcer para que tenham guardado todas as melhores surpresas para o desfecho). E já deu, né?
FlashForward | s01e20: The negotiation | 3/5 | A agente infiltrada, Janis, é o trunfo da série. Aceito engolir o besteirol todo só pra saber como ela sai da encrenca.
Glee | s01e19: Dream on | 2.5/5 | Sempre me decepciono quando a série troca o humor pela chantagem sentimental. Este sonolento episódio sobre sonhos, sonhadores e sonhos-de-valsa é o caso.
2 ou 3 parágrafos | As melhores coisas do mundo
Já passaram quatro dias desde a sessão de As melhores coisas do mundo (3.5/5) e ainda estou tentando entender por que me identifiquei tão intensamente com um filme que trata de uma geração que não é a minha (os personagens têm 14, 15 anos, e aparentemente foram alfabetizados via MSN). Talvez essa sensação tenha sido provocada por minhas memórias de uma adolescência meio descolorida, um período em que vivi trancado em superquadras e salas de colégio. Tudo o que eu lembro é de uma época muito desconfortável, de pressões quase diárias. Eu não queria abandonar a infância e, talvez por isso, tudo tenha ficado muito mais complicado.
O filme é, antes de tudo, uma investigação sobre essa fase da vida. Não é uma narrativa quadradinha, antiquada. Muitas das cenas deixam claro que Laís Bodanzky foi à luta, conversou com meninos e meninas, pesquisou sobre o tema e permitiu que o elenco contribuísse para diálogos e situações do roteiro. Mais para Richard Linklater, menos para Malhação (ou até para John Hughes). O que ela encontrou foi uma juventude muito próxima da minha (e talvez da sua): nem romântica, nem miserável, nem louca, nem reprimida. Mas sempre desconfortável: da primeira à última cena, o personagem principal enfrenta o cotidiano como uma espécie de corrida de obstáculos. Um leão por dia.
Daí a forma muito atenta como o filme mostra o ambiente escolar: ele é percebido pelos personagens como uma arena de pequenas crueldades (e algum afeto, algum aprendizado). E a família, como um espaço também instável, inseguro. Bodanzky percebe tudo isso sem negar os elementos mais apelativos de uma trama que poderia estar num episódio vagabundo de seriado (uma eleição no colégio, uma novelinha sobre amigos-que-sempre-se-amaram-mas-nunca-perceberam). Se o desfecho chega a parecer artificial (e irritante), há uma boa explicação para isso: é que o resto do filme soa verdadeiro até demais.