Of Montreal
♪ | Always | Xiu Xiu
Depois de perambular por selos relativamente conhecidos (Kill Rock Stars) e muito modestos (Free Porcupine, 5 Rue Christine), Jamie Stewart parece ter encontrado na Polyvinyl Records, de Illinois, um recanto muito confortável para seu Xiu Xiu. É boa a coincidência: o nono disco da banda, Always, chega na mesma temporada em que a gravadora divulga o novo lançamento de um dos grupos principais do casting: não são poucas (nem banais) as semelhanças entre as ambições de Stewart e as de Kevin Barnes, do Of Montreal.
Always pode até ser tratado como um disco-irmão de Paralytic stalks, o mais recente do Of Montreal, já que Stewart também opera uma série de colisões brutais entre versos irados, muito pessoais (sobre tabus como aborto, incesto e abuso sexual), e uma embalagem sonora de mil cores fluorescentes, combinando tons de glam rock e prog pop. Uma faixa típica do Xiu Xiu (e é preciso um grande esforço de simplificação para enquadrar o som da banda) poderia ser descrita como um encontro entre a interpretação agoniada de Antony Hegarty, a energia de um hit do Placebo e trilhas de videogame.
A diferença entre as duas bandas é que, enquanto o Of Montreal hoje experimenta com vocais (cada vez mais rascantes) e com a duração das músicas (longas e cheias de variações internas), o Xiu Xiu tenta concentrar as forças da banda (agora um quinteto) dentro de canções curtas e, até certo ponto, de fácil acesso — Joey’s Song, apesar de todo o melodrama, é uma das faixas mais agradáveis que eles já gravaram. O choque sem-luvas entre sensibilidades, procedimento comum na obra de Stwart, muitas vezes acontece não dentro das músicas, mas na fricção entre uma faixa agressiva como I Love Abortion (um estrondo que, mesmo contra a nossa vontade, nos obriga a prestar atenção ao disco) e uma balada dócil, bowiana (fase Hunky Dory) como The Oldness.
É uma banda ainda imprevisível e fora de controle, felizmente (ainda que a segunda metade do disco seja menos arriscada que a primeira). Mas algo mudou: talvez porque, lançando discos por um selo onde a estranheza conta como um valor positivo, o Xiu Xiu agora se preocupe tanto em escandalizar quanto em se fazer ouvir e entender pelo público de um, por exemplo, o Of Montreal. De certa forma, Always é a ideia louca que eles fazem de um álbum pop.
Nono disco do Xiu Xiu. 12 faixas, com produção de Greg Saunier. Lançamento Polyvinyl Records. B
♪ | Paralytic Stalks | Of Montreal
Atenção: este é um post bipolar (para um disco que me deixou dividido).
Post 1 (euforia): Paralytic Stalks é um disco despudorado. Um álbum que não se acanha — porque, a esta altura, nada intimida o Of Montreal. Os trechos mais explícitos deixam a impressão de que foram transcritos por um observador secreto, tomando notas durante uma longa sessão de terapia. “Esta noite, eu fiz quem eu amo chorar. E me senti bem. Mas acredito que deva haver uma solução mais elegante”, confessa Kevin Barnes, lá pelas tantas. As melodias, os arranjos e a produção também espumam: a faixa de encerramento, Authentic Pyrrhic Remission, faz um cruzamento bizarro entre o pop eletrônico fofo de um, digamos, The Go! Team com o anti-espetáculo do Flaming Lips fase Embryonic. Dura 13 minutos. Da metade em diante, o álbum parece se desintegrar, com faixas longas em mutação constante. A todo momento, me lembra a minha cena preferida de A Fantástica Fábrica de Chocolate (versão de Tim Burton): quando, ao receber as criancinhas para um passeio alegre na indústria de guloseimas, Willy Wonka não dá conta de esconder que os brinquedos estão se despedaçando, entortando e explodindo diante dos olhos do público. Desde Hissing Fauna, Are you the Destroyer, Barnes não soava tão desesperado — e assustador, mas, como de hábito, com gestos irônicos, divertidos. É notável que, mesmo metido num pesadelo pessoal, ele tenha conseguido criar um álbum com uma unidade forte, que espelha um temperamento inconstante sem com isso se perder, se estilhaçar e embaçar o foco — o contrário do que acontecia com Skeletal Lamping, entre outros. “Tenho que me ensinar a sentir novamente”, ele diz. E aí, meu amigo, não há cinismo que resista a uma confissão dessas.
Post 2 (depressão): Paralytic Stalks arrisca, mas acredito que apenas superficialmente. Às vezes deixa a impressão de se esforçar, talvez excessivamente, para dar sequência (e ser comparado) ao álbum mais querido do Of Montreal: ele mesmo, Hissing Fauna, Are you the Destroyer. Novamente, Kevin Barnes clica todos os botões de uma jukebox dourada — atulhada de barulhinhos psicodélicos —, para sonorizar desabafos sobre culpa, crises amorosas, depressão e melancolia. Ninguém precisa acompanhar as letras das músicas para entender a intensidade dos conflitos do compositor — as melodias oscilam, em alta velocidade, entre o mais suave e o mais agressivo. Mas os versos tornam o sofrimento ainda mais claro: “É muito triste, mas precisamos de tragédias para encontrarmos uma perspectiva nova para a vida”, ele ensina, como quem inicia um post de blog. Spiteful Intervention, a faixa número 2, soa praticamente como um reboot de A Sentence of Sorts in Kongsvinger — e, apesar de não conter faixas tão memoráveis quanto as de Hissing Fauna (a metade final tem algumas tentativas de refazer o trajeto agônico de The Past is a Grotesque Animal), o disco sabe como condensar o clima de desencanto e loucura daquele álbum. Skeletal Lamping e False Priest não eram discos tão firmes, mas mostravam uma banda em marcha, testando os próprios limites, experimentando outros formatos e temas (e, quando muito, quebrando o salto). Paralytic Stalks será interpretado como um “retorno à forma”, ainda que eu veja o disco simplesmente como uma tentativa de retornar e, com isso, matar a nossa saudade. De Barnes, eu esperava outra coisa: uma obra que, além de narrar muitas inquietações, soasse um pouco mais inquietante.
Décimo primeiro disco do Of Montreal. Nove faixas, com produção de Kevin Barnes e Drew Vandenberg. Polyvinyl Records. A/C (ok, é B)
Os melhores discos de 2010 (20-11)
“Existe algo reconfortante nas listas, uma precisão que faz com que acreditemos ter o controle sobre as coisas. Seriam elas manifestos contra a amnésia e o caos?”
Arthur Krystal, no ensaio The joy of lists
Pois bem, meus amigos: com a pompa de sempre (e a imprecisão costumeira), começamos aqui o ranking habitual dos melhores discos do ano. Que rufem os tambores e libertem as cheerleaders.
São 20 álbuns. Por um momento, pensei em incluir mais 10 (para os nossos ouvidos, foi um ano até muito agradável). Mas, para acirrar a competição e evitar um infame oba-oba, optei por me agarrar à tradição e seguir o antigo padrão do blog. 20 e nada além de 20. A escalada começa hoje e termina amanhã à noite (ou, no mais tardar, um pouco depois, stay tuned). Para não dar curto-circuito de listas, esta semana não teremos a saga dos discos da minha vida.
Não vou perder muito tempo explicando que os discos deste top 20 escreveram a trilha sonora de um ano terrível e que, por isso, têm pra mim um valor sentimental intenso, quase infernal. Isso vocês já sabem. Até para não fugir ao tom ultrapessoal do blog, a ideia do ranking é elencar os discos que mais me perseguiram e me atazanaram durante o ano, por ordem de insistência. Certamente ela não faz tanto sentido para você quanto faz para mim.
No post seguinte, as menções honrosas e outras firulas. Por enquanto, os 10 discos extraordinários que quase chegaram ao meu top 10.
20 | Astro Coast | Surfer Blood
If I’d known all your ghosts… I never would have gone so far – ‘Twin Peaks’
The indie kids are all right. “Nada soa novo no Surfer Blood. Talvez o estilo ainda esteja numa fase muito inicial, mas o que alegra na banda é o entusiasmo como as referências são digeridas, adaptadas, transformadas em canções vibrantes. Neste início de ano, ouvi poucos discos que soam tão coesos e poderosos, uma onda que nunca quebra na areia.” (30 de janeiro, texto completo).
19 | False priest | Of Montreal
You look like a playground to me, playa – ‘Sex karma’
Kevin Barnes, nosso herói. “False priest é um mangá adolescente, proibido para menores de 14 anos. As faixas estão quase sob controle: têm verso e refrão, raramente grudam umas nas outras, têm DNA de rhythm & blues e deliram de olhos abertos. Mas são falsamente ingênuas. Falsamente infantis. Um cartoon pop escrito por um sujeito de 36 anos.” (17 de agosto, texto completo)
18 | MAYA | M.I.A.
You want me be somebody who I’m really not – ‘XXXO’
O tilt do milênio. “O álbum soa como um post de blog instintivo e irresponsável, que dura 42 minutos e comenta a fragmentação do mundo contemporâneo com a urgência que não encontramos com tanta frequência no pop. A sonoridade de M.I.A. está mais arredia, irritadiça, ‘difícil’ (de propósito). Já o discurso, menos polido, desinteressado em explicar didaticamente as próprias intenções. Terrorismo musical” (8 de julho, texto completo)
17 | High violet | The National
It’s a terrible love I’m walking with… It’s quiet company – ‘Terrible love’
Canções elegantes para homens em queda. “É um belo paradoxo: a banda se mostra cada vez mais segura do que faz e certa do som que procura (correndo o risco de esgotar um formato que depura desde o primeiro disco), mas o narrador dessas histórias parece cada vez mais fragilizado, desencantado, um homem condenado a viver dentro de melodias tristes e de manhãs quase sempre traiçoeiras.” (21 de abril, texto completo).
16 | Contra | Vampire Weekend
Here comes a feeling you thought you’d forgotten – ‘Horchata’
Volta ao mundo sem sair do quarto. “Antes que acusem os rapazes de explorar superficialmente a onda do ‘pop global’, é fundamental entender que a banda não é nada ingênua. Nas canções, ela cria personagens, engendra relações entre esses personagens e compõe um ambiente onde essa gente se movimenta. Uma paisagem habitada por tipos bem-nascidos, esclarecidos, privilegiados – e a banda não se exclui em nenhum momento desse círculo.” (8 de janeiro, texto completo)
15 | Sir Lucious left foot: The son of Chico Dusty | Big Boi
We chose to lead not follow… It’s a hard pill to swallow – ‘Shine blockas’
Big Boi no comando. “Pode parecer uma tolice falar em concisão quando o assunto é um disco de 15 faixas e 55 minutos de duração, mas soa até econômico: cada faixa parece investigar uma única ótima ideia (um som, um sampler, um efeito). Para Patton, o desafio é alterar sutilmente os modelos que soam familiares, criar as rimas exatas e singulares, cumprir expectativas e dar um passo a frente. É uma invenção serena, quase secreta.” (6 de julho, texto completo).
14 | Crystal Castles | Crystal Castles
Follow me into nowhere – ‘Celestica’
Viagem insólita ao mundo de hoje. “Um bicho de sete cabeças: nas primeiras faixas, os contrastes são chocantes, gratuitos. Aos poucos, como quem vai deslizando nas estações de uma rádio, a banda encontra a sintonia e se transforma em uma outra criatura, esguia e autoconfiante. Algumas bandas e artistas têm o talento (ou a sorte) de capturar o sentimento de confusão de uma época. Com este disco caótico, o Crystal Castles se afirma como um deles.” (11 de maio, texto completo)
13 | Measure | Field Music
Get your keys and go to work… Cause them that do nothing makes no mistakes – ‘Them that to nothing’
O complicado que soa simples. “O Field Music continua a produzir discos que soam até conservadores, talvez um tanto nostálgicos, mas, acima de tudo, desprendidos do tempo em que foram criados. Um disco que será desprezado por parte da crítica, tratado como um lançamento ultrapassado e corretinho demais. Ok. Entendo. Mas nada explica de onde vem a força elementar dessas canções: algo que David e Peter têm e nós, compositores de fim de semana, nunca teremos.” (22 de janeiro, texto completo)
12 | This is happening | LCD Soundsystem
All I want is your pity… Oh, all I want are your bitter tears – ‘All I want’
James Murphy enfrenta o espelho (na velha coleção de discos). “Você já experimentou o exercício dolorido de desenterrar a pilha de LPs que jaz no armário da sala? Eu tentei e fui quase asfixiado por lembranças boas e ruins, sensações de alegria, pânico e profunda tristeza. Os discos do LCD Soundsystem despertam essa gama de sensações. Murphy vai organizando as próprias referências como quem compõe uma grande lista de favoritos, um guia musical, uma calçada da fama pavimentada com impressões pessoais” (14 de abril, texto completo)
11 | Swim | Caribou
Who knows what she’s gonna say? – ‘Odessa’
Pista de dança flutuante. “Dan Snaith usa as técnicas da eletrônica com a sensibilidade de um fã de rock psicodélico. O fundamental é simular a sensação de transe, alucinação, sem abandonar alguns valores caros ao rock. A ideia de um disco que soasse líquido, movediço, é praticada da primeira à última música. PhD em matemática, Dan aplica o conceito com absoluto rigor” (13 de março, texto completo).
Superoito no Planeta Terra 2010

A comparação é totalmente injusta, mas digamos que seja inevitável: se show do Paul McCartney foi um fenômeno da natureza, torrente de emoções, uma choradeira infernal, os do festival Planeta Terra foram apenas… shows. Pois é. Uma história bem mais mundana. Mas, ainda assim, a ser contada aos nossos netos roqueiros.
Eu poderia escrever um texto longo sobre o assunto, mas este blog sempre perde a luta contra a minha rotina. No momento, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro toma quase todo o meu tempo, diariamente, das nove da manhã às duas da madrugada. Escrevo este post, por exemplo, num raro intervalo entre uma obrigação profissional e outra, de pé e suando litros.
Pensei em fazer um pequeno diário sobre a mostra de cinema, mas duvido que algum leitor do blog se importe com o evento. Este ano, resolvi pular esta parte para poupá-los do enfado e me livrar de dores de cabeça.
Numa velocidade enlouquecedora (perdoem os deslizes), aí vão pequenos comentários sobre os shows do Terra. Lembrando que só consegui acompanhar as atrações do Main Stage (o som do palco, aliás, estava perfeito).
Phoenix | 8.5 | Um show reto, econômico, quase monocromático (a começar pela iluminação, que esconde os franceses em sombras), mas com o tipo de poder concentrado que encontramos em bandas como Strokes e Arctic Monkeys. A setlist amplia o formato do disco Wolfgang Amadeus Phoenix: um trator de hits compactos interrompido por uma muralha alta chamada Love like a sunset (numa versão bem diferente daquela que está no disco, mais rock e quase nada de eletrônica). Para quem os acusa de blasé, Thomas Mars se retratou direitinho: “nadou” sobre a plateia e provou ser um vocalista mais destemido e atlético do que Mika e Kevin Barnes. Para mim, o show mais divertido da noite (mas admito: minha percepção pode ter sido influenciada pelo fato de que eu fui praticamente atropelado pelo vocalista; saudade daquela grade). Momento mágico: Lasso.
Pavement | 8 | Um flashback estranhíssimo, já que agrada totalmente ao fã (a banda toca as músicas mais conhecidas de cada disco; mais acessível do que isso, impossível) mas, ao mesmo tempo, incomoda um pouco aqueles que, como eu, amavam uma banda menos polida, menos ansiosa por agradar aos fãs. Apesar da sensação de que há algo errado com esse revival, eles estão muito mais afinados (e sóbrios!) do que eu esperava. Velhos amigos, o tempo passou. Momento mágico: Stop breathing.
Of Montreal | 8 | Teatrinho psicodélico mui perverso e hilariante: o tipo de sonho pirado que te deixa encucado no dia seguinte. Ótimo confirmar in loco que Kevin Barnes é mesmo um dos melhores performers em ação — mas o som embolado em músicas como Heimdalsgate like a promethean curse me irritou um pouco. E nada de Famine affair? Momento mágico: Bonny ain’t no kind of rider.
Mombojó | 7.5 | Cada vez melhores (e este show conseguiu superar o do Porão do Rock). Ocuparam quase 1/3 do palco, tocaram às quatro da tarde e, ainda assim, uma performance mais potente do que a de muitas bandas que vieram depois. Só uma ressalva: o clímax do show é muitíssimo superior a todo o resto. Momento mágico: Deixe-se acreditar.
Novos Paulistas | 6.5 | Uma boa estrategia para encontrar uma brecha no palco principal do Terra. E Tiê — que canta, toca piano e violão — é a musa da noite. Momento mágico: Efêmera.
Mika | 6 | Um espetáculo da Broadway condensado em 60 minutos e interpretado quase que totalmente por apenas um ator. Se o quesito principal fosse profissionalismo e técnica, o melhor show da noite. Mas me deixou a sensação de um clipe do American idol: um cantor competentíssimo se virando com um repertório medonho. Momento mágico: Billy Brown.
Smashing Pumpkins | 5 | Um tédio. Eu, que era um grande fã dos Pumpkins nos anos 90 (acompanhem a lista de discos da minha vida e vocês verão), ainda não consigo entender por que Billy Corgan acredita que as músicas novas, de uma pobreza gritante, têm o direito de dividir o palco com maravilhas como Today, Zero e Bullet with butterfly wings. Não me irritei tanto assim com a arrogância do sujeito (cobrar simpatia de Corgan equivale a exigir ‘animação’ do Pavement), mas o problema é muito simples: conceito nota 10 (olhar para o futuro, valorizar inéditas, ignorar o oba-oba dos fãs), efeito nota 0 (as inéditas só revelam o quanto o vocalista tenta repetir o passado). Média 5 para a montanha-russa do festival. Momento mágico: Bullet with butterfly wings.
Agora vou ali ver uns filmes. Abs.
Mixtape! | O melhor de agosto
A mixtape de agosto é um break-up record. É isso e nada além disso. Um disco de separação, mal-me-quer, fim de caso, pé-na-bunda, etc. Mas não o tipo de break-up record que fica chorando pelos cantos e chutando latinhas. Nada a ver. Estamos falando de um modelo mais realista de break-up record.
É que, à vera, as separações contêm uma série de sentimentos conflitantes que não aparecem num típico break-up record. E por que isso acontece? É que a impressão de coerência às vezes serve à arte – mas quase nunca às nossas vidas ó tão caóticas.
Então taí. Esta mixtape usa algumas músicas que ouvi no mês de agosto para formar um catálogo de sensações que mapeiam o fim de um relacionamento amoroso. Pela ordem: ódio, leve euforia, melancolia, rancor, sutil desejo de recuperação, leve recuperação (acompanhada de bebedeiras irresponsáveis), doce nostalgia, fúria, tristeza e, finalmente, depressão (que as coisas costumam terminar mal, vocês sabem).
E essa não é, de forma alguma, uma desculpa bolada às pressas para justificar uma mixtape esquizofrênica.
Não é. Ouça uma vez e ouça novamente. Na primeira audição, provavelmente você tratará este CD como qualquer bobagem. Na segunda, ele vai começar a criar teias no seu coração. Na terceira, você entenderá que é a melhor mixtape que encontrou neste site. Em todos os tempos. A melhor. Ou pelo menos a mais humana.
Lá dentro, pulsam canções do Of Montreal (que gravou o disco preferido do mês, False priest, e por isso aparece na foto meio bizarra lá de cima), do Ra Ra Riot, do Royksopp, do Villagers, do Stars, do Curren$y, do Eels, do Thermals, do Sufjan Stevens e do Matthew Dear.
É, no mais, uma mixtape pequenina, de uns 30 e poucos minutos, para compensar os excessos do mês passado. Pequenina mas nunca desprezível ou simplezinha. Grandes surpresas num pequeno pacote.
As mixtapes deste site passam por um rigoroso controle de qualidade e, por isso, precisamos da sua opinião para manter um bom atendimento. Traduzindo: este é o post em que você vence a sua timidez e escreve um comentário bem bonito. Ok?
A lista de canções, como de costume, está logo ali na caixa de comentários. Faça o download da mixtape de agosto aqui ou aqui.
An eluardian instance | Of Montreal
E aí, viram o clipe novo do Of Montreal? Pode não ser o melhor que eles já fizeram, mas é o que mais entende a banda. Dirigido por Jesse Ewles, o curta é tão cuidadoso e delicado (e psicodélico) que eu deixaria rodando a tarde inteira aqui na tela do meu computador. Marotamente, Elwes sugere uma interpretação lírica para o esquisito Skeletal lamping que nunca teria passado pela minha cabeça. Um para a lista de melhores do ano. É, já.