Mixtape
mixtape! | de inverno
O blog ainda está fechado para reformas, cês sabem. Mas, enquanto isso, preparei uma mixtape para os dias de inverno. Está muito boa: tem Fiona Apple, Frank Ocean, Dirty Projectors, Aimee Mann, Twin Shadow etc.
Nem vou falar muito sobre o CDzinho. Ouçam e, se possível, comentem. A lista de músicas está na caixa de comentários.
Faça o download da mixtape de julho
Ou ouça aqui
mixtape! | Março, últimos dias
Amigos, esta é uma mixtape valente. Ela quase-quase não veio ao mundo, tenho que admitir – porque, talvez vocês tenham percebido, março foi um mês difícil para este blogueiro.
A partir de abril, se o blog sobreviver a todo esse tsunami, os posts serão escritos diretamente de São Paulo, pra onde me mudo semana que vem. Portanto, que rufem os tambores!, esta é a minha última coletânea brasiliense – não por acaso, ela soa um pouco como a cidade de que estou me despedindo.
É, em resumo, a mixtape mais emotiva de todos os tempos (preparem-se).
Estou em pleno processo de mudança, e não sobra tempo nem para olhar pro relógio: por isso, a mixtape deste mês só poderá ser ouvida (por enquanto) aqui no blog, via streaming. Mas calma! Prometo, talvez durante o fim de semana, postar os arquivos em mp3 pra vocês ouvirem as musiquinhas em vossos iPods.
Nesta seleção, vocês encontram as belas melodias de Beach House (que ganhou a tão cobiçada foto no alto do post), Daniel Rossen, Andrew Bird, Magnetic Fields, Young Magic, The Shins, The Men, Perfume Genius e Poliça.
Faça o download da mixtape de março (enfim!).
Ou, por enquanto, ouça aqui:
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
mixtape! | …sides of the moon
A mixtape de fevereiro chegou mais cedo porque, no fim das contas, não temos tempo a perder. Em resumo: esta coletânea soa um pouco mais aérea, mais cósmica que a anterior. Um cdzinho de space pop, se você preferir.
Mas não só isso. Se este balaio de fevereiro tem algo de flutuante, há momentos em que ele desce ao solo mui modestamente, e nos mostra paisagens terrenas. A minha intenção, desta vez, foi zanzar entre esses extremos sem romper a atmosfera que paira sobre todas as músicas. Não sei se consegui, mas gostei muito do resultado.
Sem mais invencionices (ou licenças poéticas), este mix contém, nesta ordem, faixas de Frankie Rose, Sleigh Bells, Imperial Teen, Hospitality (que ganhou foto lá no topo do post), Air, Yamantaka//Sonic Titan, Islands, Ezra Furman, Cardinal e Chairlift. A lista das músicas está, como de hábito, na caixa de comentários.
Espero que vocês se divirtam. Comentários serão muito bem recebidos. E, para quem quiser baixar o cdzim, recomendo pressa: os arquivos estão desaparecendo rapidamente.
Faça o download da mixtape de fevereiro.
Ou ouça aqui:
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
mixtape | Janeiro, from a room
A mixtape de janeiro é um pouco diferente da de dezembro, mas não muito.
A ideia era gravar uma coletânea mais alegre e dançante, só que todos os planos tiveram que ser alterados depois que ouvi os discos da Sharon Van Etten (que está na foto acima) e do Leonard Cohen (daí o nomezinho do post, em homenagem ao homem). A mixtape, portanto, passou a ser conduzida pela sonoridade, digamos, crepuscular desses dois álbuns.
É uma das minhas mixtapes preferidas – e acho que gosto muito dela porque não foi tão simples encontrar as músicas que combinassem direitinho com a atmosfera que eu queria sugerir. Tive que me livrar de algumas boas faixas, que estão entre as minhas preferidas do mês. Na minha modestíssima opinião, o esforço de não fugir ao tema compensou: o disquinho faz sentido e conta uma história.
Aqui dentro, vocês vão ouvir músicas novas também de John K Samson, Whistle Peak, Bears, Lana Del Rey (ok, essa não é tão nova), Craig Finn, Damien Jurado e Lambchop. A lista das faixas está na caixa de comentários.
Como de costume, você pode fazer o download da mixtape ou ouvi-la aqui no blog. Recomendo a segunda opção: desconfio que o arquivo em mp3 vá desaparecer rapidamente.
Comentários serão bem recebidos. E, antes que eu esqueça, esta mixtape é dedicada ao Daniel (nada de hip-hop desta vez!) e ao Adalberto, que talvez curtam os climas tão realistas (e adoráveis, de vez em quando) deste disquinho.
Faça o download da mixtape de janeiro
Ou ouça aqui:
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
mixtape | Dezembro, verão cinzento
A mixtape de dezembro é diferente das coletâneas mais recentes que você encontrou neste blog. As outras vinham em, digamos, technicolor. Esta foi filmada em p&b. Branco e preto. Branco + preto. Um pouco cinzenta, e emocionante all the way.
A mixtape tá tão boa que faz por merecer um adjetivo afrescalhado: é linda, linda, linda demais (pronto, parei com os adjetivos afrescalhados).
Sinceramente, é uma pena que muitos dos três leitores deste blog estejam, neste momento, na praia, torrando ao sol, entornando hidratante nas costas das respectivas namoradas. É uma pena porque esta aqui não é tão-somente a melhor mixtape do ano – estamos falando na melhor mixtape da história deste blog. Sério, gente. Sério de verdade.
Também: é uma das mixtapes mais simples, combinando canções folksy com eletrônica, num tom constante de fragilidade, delicadeza. Melodias por um fio, com estouros ocasionais de entusiasmo. As músicas são todas excelentes, e seria lamentável se você esperasse 2012 começar para conferir essas joias. Faça um favor a si mesmo e ouça esta mixtape antes do ano-novo.
Aqui dentro desta coleção de arquivos em MP3 você encontra Field Music (foto acima), Megafaun, Radiohead (sim!), Run DMT, Julia Holter (voltaremos a ela), Kendrick Lamar, James Blake (sim!), Bill Callahan, Oneohtrix Point Never e The Weeknd (sorry, haters!). Muita melancolia (pra quem é de melancolia), muita sutileza (pra quem é de sutileza). Mas sem cair em chororô, porque isso não é coisa que você encontra neste blog.
Antes que eu esqueça: voltamos a ter a incrível opção tecnológica de ouvir a mixtape aqui mesmo, enquanto você lê o blog! (A lista de faixas está ali na caixa de comentários)
No mais, desejo a você um bom 2012. Até logo (comentários na velha e boa caixa serão recebidos com muito apreço, como de hábito).
Faça o download da mixtape de dezembro (o link já tá funcionando novamente).
Ou ouça aqui:
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
Mixtape! | Novembro, noite e dia
Nem estou acreditando, meus amigos: a mixtape de novembro sobreviveu à temporada silenciosa/sangrenta do blog e está aqui, inteirinha, entre nós. E ela é imprevisível, é incrível, é uma guerreira.
E é (tcharam!) diferente das outras.
Talvez vocês não lembrem, mas a coletânea de outubro era (reparem a ambição do blogueiro) uma trilha sonora pra um filme que não foi feito. A deste mês é mais, digamos, convencional: um apanhado de músicas que alegraram meu curto recesso por tempo determinado. 10 faixas, e só.
Tá, não é só isso: também é mais uma das minhas mixtapes lynchianas. É!
Porque, quando reuni todas as músicas, percebi que elas formariam dois EPs – um mais rebolandinho, puxado pro pop/hip-hop, e outro mais guitarrístico. Decidi, então, unir costurar as duas faces da moeda num CD que começa de um jeito (noturno), termina de outro (diurno) e nos surpreende com um solavanco estranho lá na metade. Vocês viram Estrada perdida? É um pouco assim.
Curto muito essa mixtape, de verdade – e acho que vocês deviam fazer o download das musiquinhas em MP3 para ouvi-las nos headphones enquanto caminham no parque. Por isso, desta vez não existe a opção de ouvir o disco aqui no site, em altíssima tecnologia e baixíssima fidelidade. Back to basics, certo?
Dentro do arquivo compactado vocês encontram, nesta ordem, Katy B, Childish Gambino, Thundercat, Drake (que está na foto do post), Beach Boys, Atlas Sound, Los Campesinos, Dum Dum Girls, Charlotte Gainsbourg e Real Estate. A lista de músicas está na caixa de comentários.
Por falar em comentários, não vou ficar pressionando ninguém a escrever opiniões gentis (ou não) sobre a mixtape. Todos estamos muito ocupados com as nossas vidinhas complicadas, né mesmo?
(Tô brincando: tentem comentar qualquer coisinha, ok? Abraço)
Façam o download da mixtape de novembro.
Mixtape! | Finest worksongs
Este blog passa por um período complicado, vocês devem ter percebido. Não sei muito bem o que fazer dele. Deve ser uma crise passageira – talvez este blogueiro esteja passando por uma fase de cansaço, não é um período muito tranquilo na vida do sujeito. Todo post que tento escrever me parece uma bobagem. A única medida a ser tomada neste momento, creio eu, é ter paciência.
Estive pensando que seria melhor se este blog voltasse a ser um pouco o que era no início: um sitezinho muito pessoal, pros amigos. Uma espécie de caderno de notas, e nada além disso. Vamos ver o que acontece.
Ouvi muitos CDs, mas acho até que perdi um pouco o ritmo das resenhas – talvez eu escreva um post juntando todos eles, mas ainda não sei como ou quando. Um desses discos que ouvi foi a coletânea do REM. É um álbum duplo, muito longo, muito bom, mas que me deixa um pouco com preguiça. Além disso, senti falta, no repertório, de algumas das minhas canções preferidas da banda.
Quando eles anunciaram a separação, há alguns meses, não me abalei muito. Mas, depois que li algumas entrevistas com a banda e ouvi a coletânea, comecei a sentir falta deles. Acho que sempre foi um dos meus grupos prediletos (os acompanho desde os 10-11 anos de idade), ainda que eu tenha tentado me convencer do contrário quando ouvia os discos mais recentes que eles lançaram.
Hoje, na véspera de viajar novamente para São Paulo (onde vou passar um fim de semana), resolvi preparar uma mixtape muito improvisada (e não tão exaustiva) para ouvir no aeroporto, com 12 faixas que me conectam ao REM, que me deixam com saudade do quarteto. O plano é simples, e é esse – as minhas Finest worksongs: uma viagem pessoal ao vasto-vasto mundo do REM.
Como costuma acontecer nessas minhas coletâneas domésticas, o CDzinho talvez diga mais sobre mim do que sobre as músicas que foram reunidas. Dei preferência aos discos de que mais gosto, e ignorei outros tantos. A ideia não é mapear coisa alguma – e, para quem quiser conhecer um pouco mais sobre o grupo, sugiro o disco duplo que eles acabaram de lançar.
Por se tratar de uma banda grande, que lança discos por uma gravadora poderosa, sugiro que os interessados no mix não esperem para fazer o download. A lista de músicas está na caixa de comentários.
Prometo voltar logo mais com o top de Filmes da Minha Vida e outras atrações (só não me pergunte o que).
Faça o download da mixtape aqui.
Mixtape! | Setembro, teen spirit
A incrível, contagiante (e um tantinho neurótica) mixtape de setembro chegou cedo (surpresa!) para iluminar setembro.
“Por que a pressa?”, vocês me perguntam, intrigados. É que, na próxima semana, o Tiaguinho aqui não terá tempo para nada: não vai ouvir música, blogar bobagens, bolar mixtapes, muito menos respirar. Estarei no Festival de Brasília: trampo day&night, portanto (vou tentar postar alguns textinhos sobre os filmes da competição, mas não garanto nada).
Mas isso aí é assunto pra outra hora.
Cá está ela, então. Prematura porém bonitona, cheia de charme, com um desejo enorme de te emocionar. Irresistível. Sério. Eu já ouvi tanto que decorei e aprendi as cifras de todas as músicas (!).
Em resposta à mixtape de agosto, que veio sequelada por uns tons de cinza-deprê, esta aqui irrompe iluminando a paisagem. É uma coletânea para os dias muito amarelados da estiagem brasiliense. E uma coletânea que, além de sugerir alguma coisa de juvenil (daí o título), está povoada de moças e rapazes eufóricos/confusos.
Aqui você encontra (nesta ordem) Neon Indian, The-Dream, CSS, St. Vincent (que está na foto lá no topo do post), Laura Marling, Cymbals Eat Guitars, Wild Flag, Wilco e Male Bonding. O lance é dinâmico, e flui que é uma beleza (a lista de músicas está na caixa de comentários).
Minha sugestão: faça o download (desta vez, todas as canções se encaixam direitinho). Mas você também pode ouvir a coletânea aqui no site, clicando na jukebox que se encontra no fundo deste post.
Seria bacana se, além de ouvir, você escrevesse um comentário avaliando a seleção musical deste mês. Mas não vou cobrar nada. Eu não tenho tempo, você não tem tempo e isto aqui, no mais, é só um blog. Relaxe.
E faça o download da mixtape de setembro.
Ou ouça aqui:
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
Mixtape! | Agosto, die young
A mixtape de agosto, que agora vocês têm em mãos, me tomou de surpresa. Primeiro porque ela soa mais coesa (e intrigante!) do que eu previa. E, em segundo lugar, por um motivo que só descobri depois de ter ouvido o CDzinho pela terceira vez: ele se tornou muito mais cinzento do que a coletânea que eu planejei.
Acidentes acontecem, pois bem. E esta mixtape, oh sim, aqui me parece um belo acidente.
Logo depois que gravei o CD, me decepcionei um pouco com o resultado: parecia disforme, desajeitado. Depois percebi que ele fazia todo sentido. E exclamei, aqui comigo: “Uau! Ficou incrível!”. Hoje, neste último dia de agosto, estou certo de que é a melhor mixtape que apresentei neste nobre espaço on-line.
Mas essa é apenas a minha opinião, ok? Vocês têm todo o direito de xingar muito na caixa de comentários, é claro.
Deixe-me explicar o processo: esta mixtape começou como uma coletânea de hip-hop/R&B, e foi se transformando em algo totalmente diferente. Noto que existe uma camada de tristeza, talvez mal estar, ao redor destas canções. Não é uma mixtape eufórica como a de julho, e não funciona muito bem em academias de ginástica.
Acho até que, se vocês prestarem atenção, o disquinho contará a historinha de um amor violento que deu terrivelmente errado. E tem outra coisa: durante o mês, me peguei conversando muito (com minha família, amigos) sobre o medo que as pessoas têm de envelhecer, e sobre como às vezes se tenta prolongar a juventude (sem sucesso, obviamente). Talvez o disco seja um pouco sobre isso (e, por coincidência, tem uma música chamada Die young).
Sem mais divagações, então: este CD contém faixas de Richmond Fontaine, The Weeknd, Girls, Stephen Malkmus & Jicks, Kanye West & Jay-Z, Cities Aviv, Ford and Lopatin, EMA e Gillian Welch (para o Guilherme Semionato, que às vezes visita este blog). O melhor está no fim: a foto acima, portanto, é do Moonface.
A lista de músicas está na caixa de comentários.
Há duas formas de ouvir o CD: aqui no blog e fazendo o download. Eu sugiro a primeira opção (com músicas editadas e lustradinhas), mas a segunda é sempre muito válida (eu mesmo prefiro ouvir essas mixtapes enquanto caminho por aí). Espero que vocês gostem, e, se possível, deixem comentários.
Faça o download da mixtape de agosto
Ou ouça aqui:
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
Thursday | The Weeknd
Thursday, a segunda mixtape do The Weeknd, é uma continuação de House of balloons, lançada há cinco meses. Mas não uma sequência direta, linear. O que o álbum novo faz é cavar um porão que nos leva ao subsolo daquele outro disco — e, principalmente, a uma camada subterrânea onde germinam as sementes sinistras da faixa mais elogiada que eles lançaram até aqui, Wicked games.
Essa não é, se você quer mesmo saber, a minha música preferida naquele álbum. Mas ela passou a representar, para todos os efeitos, a sonoridade que o Weeknd ia tateando ali: uma versão beira-de-abismo, degenerada, para o R&B comercial. Os lugares-comuns do gênero (a sensualidade forçada, o romantismo canalha, a macheza quase grotesca) eram distorcidos até soar, a um só tempo, monstruosos e plausíveis — como num bom thriller psicológico.
No post sobre House of balloons, escrevi sobre o viés do disco que mais me impressiona: ele soa como uma ótima narrativa de ficção. O canadense Abel Tesfaye (com os produtores Doc McKinney e Illangelo) criou um personagem noturno e autodestrutivo que poderia ser encontrado num livro de Bret Easton Ellis, por exemplo, ou de um Chuck Palahniuk.
O tipo era encenado com tanta convicção que, para o bem das licenças poéticas, teve que permanecer oculto: Abel ainda se recusa a dar entrevistas, e faz poucos shows. Talvez por entender que as mentiras do Weeknd nos atraem porque permitem que a nossa imaginação participe da composição da narrativa — mais ou menos como fazemos ao ler um bom romance.
Em Thursday, esse herói dark retorna para uma aventura nova. Mas, ao contrário de House of balloons, que alternava momentos de euforia e de crises quase suicidas (e o melhor exemplo dessa bipolaridade é a faixa de duas faces The party & the after party), desta vez encontramos o personagem num estado de quase paralisia. E numa madrugada ainda mais congelante.
Em Wicked games, que explica quase tudo sobre esta mixtape nova, Abel resumia as noitadas do The Weeknd com um “diga que me ama, mas só por esta noite” (e, antes disso, “traga as drogas, baby, que eu trarei minha dor”). Thursday alarga essa sensação de experiências vazias, relacionamentos apáticos e amores que só têm serventia até o momento em que a dor passa.
O discurso hedonista do The Weeknd pode ser interpretado como o reflexo de uma estética musical publicitária e juvenil (que eles consomem e vomitam em seleções de MP3 for-free) ou como uma reação, um comentário sobre os artifícios do pop. Não se sabe, e Abel não faz questão de explicar. O que ele faz é forçar fissuras do formato de um típico hit de R&B. Não há futuro possível para os personagens de faixas como The birds, pt 1. “Nunca se apaixone por um sujeito como eu”, ele canta. E sem o entusiasmo: a ideia de liberdade, aqui, não resolve muita coisa.
Mas, voltando a Wicked games, Thursday soa como um longo prolongamento daquela música (às vezes longo demais). Cá estão as guitarras de goth rock, os versos depressivos, o fumacê sonoro que nos remete a um disco como Mezzanine, do Massive Attack, e os gemidos cada vez mais agudos, dilacerados mesmo, de Abel. Algumas músicas não terminam nunca — é um disco longo, agonizante, e soa assim porque é a forma como esta história deve ser contada.
Em comparação a House of balloons, no entanto, Thursday soa como um apêndice — uma cena que expande outra cena, uma espécie de extra de DVD. Tudo o que aparece aqui já estava lá, só que é saturado numa textura granulada, desfocada por efeitos de dub e por guitarras que explodem e depois vão apodrecendo lentamente.
Também em comparação ao outro disco, este me parece um tanto mais apressado, como se tivesse sido escrito numa madrugada (enquanto que o outro parece elaborado com mais paciência). Os versos ruminam cenas redundantes e, com um pouco de boa vontade do ouvinte, podem sugerir uma narrativa circular, uma ressaca dentro de uma ressaca dentro de uma ressaca. “Não quero morrer esta noite, baby”, diz Abel, na modorrenta The zone (com participação de Drake).
Se não é dos capítulos mais poderosos, Thursday entrega um personagem agora completo: o herói decadente de House of balloons caminha pela cidade como um pária de graphic novel. Que nos seduz e enoja — e nos obriga a esperar pelos próximos capítulos com curiosidade, mesmo que mórbida.
Segunda mixtape do The Weeknd. Nove faixas, com produção de Doc McKinney e Illangelo. Faça o download aqui. 76
Mixtape! | Julho, nas nuvens
A mixtape de julho é um arraso: tecnológica, revolucionária, moderníssima, um evento. E por quê? É que, a partir deste momento mágico, vocês podem ouvir as coletâneas mensais do tio Tiago aqui mesmo no blog, clicando no box colorido que fica logo ali, no pé do post. Não é incrível?
Ainda existe, é claro, a boa e velha opção do download (e aí você pode guardar as musiquinhas no laptop, no iPod, etc). Mas a ideia é facilitar a vida dos amigos. Né não?
A novidade deve ajudar principalmente os leitores agoniados que, impedidos de fazer downloads na firma, se descabelam com medo de não conseguir baixar as mixtapes mais bonitas da cidade. Seus problemas acabaram, chapas!
O mais genial dessa história é que a seleção de julho está especialmente inspirada. Talvez seja a mixtape mais reluzente de todos os tempos: uma espécie de flash melodioso, um estrobo sonoro. O climão dançante pode lembrar um pouco a coletânea de junho, também conhecida como a “mixtape mais pop da história deste blog”. Mas existe uma camada de amargura que pode provocar pesadelos e arrepios. Por isso, atenção!
No mais, não vou explicar nada. Decifrem o disquinho por conta própria. Neste incrível algodão-doce envenenado, tem SBTRKT, Junior Boys (que está na foto acima), Foster the People, Cassettes Won’t Listen, Zomby, The Horrors, Yacht, Danger Mouse & Daniele Luppi, Eleanor Friedberger e Sleepmakeswaves. A lista de músicas está na caixa de comentários. Espero que vocês curtam.
E não esqueçam de fazer o download da mixtape-bônus superespecial com algumas das minhas músicas favoritas. Foi gravado com muito amor e carinho (e, de certa forma, soa como um complemento muito explicativo para esta mixtape aqui).
Faça o download da mixtape de julho (e deixe um comentário simpático depois que ouvir, certo?).
Ou, se preferir, ouça tudo de uma vez aqui:
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
Mixtape! | Música de estimação
Numa época distante, quando o marcador de visitas deste blog mostrou o número 100 mil, este blogueiro carente ficou todo vaidoso e postou um textinho emocionado sobre o fato.
Cerca de um ano depois, o blog bateu a marca dos 200 mil “hits”. Este blogueiro, então, postou um parágrafo sobre o caso. Mas ali o tom era irônico: o que representava aquele número? Seria uma boa notícia (muitos visitantes na área!) ou uma má notícia (no mesmo período de tempo, um site mais concorrido talvez atraísse mais gente)?
Ainda não sei.
De qualquer forma, virou tique: o alarme deste blog dispara sempre que o contador mostra um número redondo e grandalhão.
Pois bem: chegamos aos 300 mil. Para comemorar, preparei uma mixtape especial.
Falando francamente: o acontecimento é apenas uma desculpa para a existência desta coletânea de músicas; que, diferentemente das mixtapes mensais, não têm nenhuma obrigação de apresentar faixas recentes.
A plano era usar uma certa amostragem (os CDs que tenho no meu apartamento; não são muitos) e, com ela, criar uma seleção de canções de estimação. É apenas uma parte muito pequena delas, adianto (já que muitos dos meus CDs não estão no meu apartamento; e, além disso, algumas das minhas músicas preferidas eu guardo apenas em MP3).
Dito isso, o disquinho acaba espelhando a minha reação à tristeza de amigos que terminaram namoro recentemente. É uma espécie de break-up record, portanto. Mas com melodias muito dóceis. Um disco levinho sobre temas pesadíssimos. Talvez seja um CD sobre o medo da separação, do ponto de vista de um sujeito que está vivendo uma relação muito tranquila e feliz.
A lista de músicas está na caixa de comentários, mas recomendo fortemente que você faça o download, e sem muita desconfiança – ao contrário das mixtapes mensais, que têm limites muito estreitos, esta aqui é a mais sentimental e pessoal de todas. Acho que vocês vão gostar.
No mais, ela foi feita especialmente para quem visita este blog com mais frequência. Sem vocês, não teríamos chegado aos 300 mil hits — para o bem ou, ainda não sei, para o mal.
(e vai ser interessante se vocês comentarem o CD, mas não vou cobrar muito desta vez).
Faça o download da mixtape-bônus
Mixtape! | Junho tá frio, tá quente
Passei dois, três dias tentando escrever alguns parágrafos sobre São Paulo, a cidade onde estou passando uns dias de férias. Mas não consegui, falhei. Daí que tomei uma decisão mais ou menos trapaceira: uma mixtape, pensei, me ajudaria a enquadrar um cenário que ainda não entendo bem. Vocês sabem: quando faltam palavras, apelo para as canções dos outros.
Então taí: a coletânea de junho contém as minhas impressões sobre este mundão-de-deus, essa megalópole das sirenes, esse monstrão-de-concreto-e-luz, essa capital grandalhona e muito charmosa que, pra mim, já se transformou numa espécie de lar paralelo. Ou, para sermos menos abstratos, num segundo quarto – ele fica um pouco longe, é verdade, mas já me parece familiar.
A verdade é que este blogueiro forasteiro, nascido no Rio e criado em Brasília, não troca nenhum lugar por São Paulo. É isso. Tanto que, nas férias, ele sempre vem pra cá (e não existe praia que provoque nele o entusiasmo de caminhar na Avenida Paulista, assim à toa).
Mas voltemos à mixtape de junho. Porque viemos aqui pra isso.
O CDzinho da vez trata de São Paulo, sim, mas não só desse tema. É um pouco autobiográfico, como sempre (daí a quantidade de faixas sobre amor, sobre estar amando, sobre amar para sempre etc.), mas a ideia era gravar uma coletânea calorosa de inverno. Existe mesmo um contraste curioso, se vocês repararem bem, quando alguns dos seus amigos estão de férias no verão europeu enquanto você congela neste freezer aqui.
Daí que o disco começa vibrante, queimando gasolina, e termina num ambiente mais confortável, coberto por edredon, dentro de um sonho. O miolo é turbulência. Tem uns momentos estranhos, não vou negar. Mas percebo que, resumindo a ópera, esta é a mixtape mais pop que gravei.
São três atos. O primeiro, todo zoado, no esquema vou-pra-galera. O segundo, mais nervosinho, é uma treta braba. O terceiro, uma chuveirada morna pra enxotar o estresse. Pense aí num sorvete napolitano. Três sabores, começando com o de chocolate e terminando com o de morango. É quase isso (e, se vocês imaginavam que as descrições das minhas mixtapes não poderiam ficar mais ridículas, eis que…).
O CD tem Beyoncé e Ty Segall, Lady Gaga e Washed Out, Arctic Monkeys e Cults, Friendly Fires e Memory Tapes. Tem também WU LYF e uma vinhetinha do Frank Ocean que pode passar despercebida. Ele abre com Handsome Furs, que serviu de guia para a seleção inteira (e a foto da dupla ilustra este post: o CD Sound Kapital é o meu favorito do mês). A lista de músicas está na caixa de comentários.
Ah, claro (e como eu poderia esquecer disso?), é a minha melhor mixtape de todos os tempos.
Não demore muito pra fazer o download (que o arquivo periga desaparecer rapidinho). Ouça em volume alto. E depois dê um cheiro, um chamego, uma nota – de 0 a 10 – na caixa de comentários ali embaixo. Sem a sua colaboração, meus bróderes, vai ficar parecendo que tudo aqui neste blog confuso está sempre muito bem, muito bom. E a vida é mais complicada que isso.
Vá nessa, maninho, e faça o download da mixtape de junho. Até já.
Mixtape! | Maio, primeira luz
A mixtape do mês passado era sexy e pegajosa. Em comparação, a coletânea de maio soa como uma temporada na clínica de reabilitação. Parece um cdzinho calmo, tranquilo. Mas não é.
Não é mesmo.
Ele ficou do jeito que ficou (mais lânguido, digamos, mais arredio, mais tímido, fechadão) por dois motivos.
O primeiro: a ideia, como sempre, era criar um contraste com a mixtape anterior (que era de soul music, hip-hop); mas eu não queria gravar uma mixtape folk toda animadinha. Essas melodias adoráveis, portanto, estão cheias de lacunas desconfortáveis. Tratam de temas às vezes pesadões: frustração, arrependimento, medo, tensão sexual, hesitações tristes. Ouvindo novamente, acho que é a mixtape mais perturbada que gravei.
E uma das melhores. Vai ficando melhor, certo?
O outro motivo: ela, a mixtape, foi aparecendo numa época em que se falava muito aqui na cidade sobre o show do Jack Johnson. E eu sempre achei (continuo achando) que os fãs do homem só gostam muito dele porque ainda não foram apresentados a um Bon Iver, por exemplo. A um Fleet Foxes. Então este CD é um pouco pra eles, os fãs do Jack Johnson.
Ao contrário da coletânea de abril, esta aqui não conta uma história com começo-meio-fim e tem algo de autobiográfica. Foi um mês complicado.
Lá dentro você vai encontrar Six Organs of Admittance, Wild Beasts, The Antlers, Okkervil River, My Morning Jacket, Tune-Yards, Death Cab For Cutie, Bon Iver, Ron Sexsmith e, claro, Fleet Foxes, que ganhou a foto lá no alto do post.
Tem também faixa nova do Pinback, que é a minha favorita entre todas as que estão aqui. Ela está na primeira parte do CD, que vai criando uma onda que cresce até atingir o ponto máximo (lá no meio do disco). Depois, o aguaceiro vai se desfazendo aos poucos.
Acho que ficou bonito. O desfecho, pra mim, é emocionante.
Eu dedicaria esta mixtape a algumas pessoas, a amigos que não estão mais próximos como eu gostaria que estivessem, mas prefiro não anotar o nome de ninguém. Ouvindo mais uma vez, acho que é um CD com um quê de despedida.
Espero que, depois de ouvi-lo, você escreva duas ou três frases lá na caixa de comentários, onde está a lista de canções. Custa nada, né?
Vá lá, perca o medo, faça o download da mixtape de maio.
E, já que você está de bobeira, ouça também as fantásticas mixtapes de abril (minha favorita), março e fevereiro.
Mixtape! | Abril, pela manhã
A mixtape de abril é soul. Entende? Soul music, meu filho. Pra rebolar o cérebro e aquecer os ventrículos. Coisa forte, que gruda e (cuidado!) pode machucar.
Portanto, já estou preparado para reações adversas: quem vem a este blog procurando indie rock vai cair do cavalo (apesar de uma ou outra surpresinha); quem curte um country rock vai ficar mordendo cana. Mas só desta vez, ok? É uma coletânea especial.
Especial porque sempre quis gravar um CDzinho temático, puxado mais pro r&b, pro funk, pro hip-hop e adjacências. Eis o rapagão, finalmente vestido para seduzir as minas. Admito que estou muito orgulhoso do moleque.
É, de muito longe (e desta vez não estou forçando a barra), a melhor coletânea de todos os tempos deste blog. É coesa e também um tantinho surpreendente, é dançante e também profundamente triste, é um disco de amor escrito com linhas tortas de melodia, é pesadona e às vezes levinha. Se ela pudesse falar, diria: sou foda!
A ideia apareceu graças à música que abre o disco: The morning, do The Weeknd. É a minha preferida do ano (até abril, é claro) e está num discão: House of balloons. A foto lá em cima, com louvores, é deles. Tudo o que tentei foi criar uma coletânea que estivesse à altura dessa canção e que, de alguma forma, dialogasse com ela. Acho que consegui.
O disco conta uma história com início, meio e fim. Desta vez não vou estragar o surpresa: deixo que vocês tentem adivinhar sobre o que ela trata. Mas a coletânea também pode ser compreendida aos pedaços – e, desta forma, aparecem conotações muito diferentes, que fazem referência a pessoas que conheço e a situações da minha vida.
É um CD, por isso, de muitas dedicatórias. Uma parte do set é dedicada explicitamente à minha namorada (Roll up, You e Street) e trata amor e telefonemas de longa distância. Uma outra parte é para os meus amigos mais próximos (Last night at the Jetty, Ok). E, de uma ponta a outra, é um disco para quem frequenta este blog com mais dedicação e topa embarcar nas minhas loucuras quase diárias. Principalmente pro Pedro Primo, que vai entender direitinho este CD. Esse é teu, rapaz!
Sem querer forçar uma dissertação de mestrado, o disco tenta humildemente mostrar um pouco as variações do hip-hop que me agrada, do mais juvenil (Love is crazy) ao mais sábio (People are strange) ao mais peralta (Ok) ao mais melancólico (The vent). Vai fazer muito sentido, se você prestar atenção.
Além de The Weeknd, o CD tem Wiz Khalifa, TV on the Radio, Childish Gambino, Das Racist, Bibio, Metronomy, Jamie Woon, Panda Bear, Big KRIT e Beastie Boys. Mês que vem, se eu me convencer de que este blog merece a vida, prometo incluir Fleet Foxes (que não combinou muito com o clima deste disco, infelizmente).
É isso, acho. Gravei esta coletânea ainda na primeira metade do mês e fui fazendo pequenas mudanças aqui e ali. A conheço em cada detalhe. Por isso repito: não há outra que me agrade tão completamente. Mesmo que você deteste soul music, dê uma chance a ela. Talvez, quem sabe?, a danada acabe colando em você.
E depois (vamos lá!) deixe um comentário sobre a experiência. A lista de músicas, como de costume, está na caixa de comentários. Até mais e (no caso, bem apropriadamente) boa noite.
Faça o download da mixtape de abril.
(aproveite o embalo e faça também o download das mixtapes de fevereiro e de março)