Katy B
Mixtape! | Novembro, noite e dia
Nem estou acreditando, meus amigos: a mixtape de novembro sobreviveu à temporada silenciosa/sangrenta do blog e está aqui, inteirinha, entre nós. E ela é imprevisível, é incrível, é uma guerreira.
E é (tcharam!) diferente das outras.
Talvez vocês não lembrem, mas a coletânea de outubro era (reparem a ambição do blogueiro) uma trilha sonora pra um filme que não foi feito. A deste mês é mais, digamos, convencional: um apanhado de músicas que alegraram meu curto recesso por tempo determinado. 10 faixas, e só.
Tá, não é só isso: também é mais uma das minhas mixtapes lynchianas. É!
Porque, quando reuni todas as músicas, percebi que elas formariam dois EPs – um mais rebolandinho, puxado pro pop/hip-hop, e outro mais guitarrístico. Decidi, então, unir costurar as duas faces da moeda num CD que começa de um jeito (noturno), termina de outro (diurno) e nos surpreende com um solavanco estranho lá na metade. Vocês viram Estrada perdida? É um pouco assim.
Curto muito essa mixtape, de verdade – e acho que vocês deviam fazer o download das musiquinhas em MP3 para ouvi-las nos headphones enquanto caminham no parque. Por isso, desta vez não existe a opção de ouvir o disco aqui no site, em altíssima tecnologia e baixíssima fidelidade. Back to basics, certo?
Dentro do arquivo compactado vocês encontram, nesta ordem, Katy B, Childish Gambino, Thundercat, Drake (que está na foto do post), Beach Boys, Atlas Sound, Los Campesinos, Dum Dum Girls, Charlotte Gainsbourg e Real Estate. A lista de músicas está na caixa de comentários.
Por falar em comentários, não vou ficar pressionando ninguém a escrever opiniões gentis (ou não) sobre a mixtape. Todos estamos muito ocupados com as nossas vidinhas complicadas, né mesmo?
(Tô brincando: tentem comentar qualquer coisinha, ok? Abraço)
Façam o download da mixtape de novembro.
♪ | On a Mission | Katy B
Eis um disco que sabe ativar aquela propriedade alucinógena da música pop: o poder de provocar o entusiasmo infantil que sentíamos ao ganhar um brinquedo novo. Porque é assim que Kathleen Brien (a inglesinha Katy B, 22 anos) se movimenta nesta lojinha colorida: abrindo e fechando embalagens, trocando acessórios sonoros como quem experimenta marcas de perfumes num free shop. A futilidade pode parecer gritante (e já vejo gente lavando a mão com álcool gel para digitar pedradas contra o CDzinho). É e não é: em novembro de 2012, On a Mission possivelmente terá sido superado por meia dúzia de outros discos pop tão eficientes, reluzentes, divertidos e bem produzidos quanto. Só que existe algo libertário na alegria como Katy vai flanando por subgêneros que geralmente são tratados com pedantismo por uma elite de entendidos (e dá pra listar um punhado deles, do dubstep ao drum ‘n’ bass e o diabo a quatro). Nesse vale-tudo, o disco me lembra as farras do Basement Jaxx, que davam a volta ao mundo da dance music sem a intenção de chegar a um lugar específico. Katy não é tão arrojada (no mais, esse é um disco de estreia que soa como tal). Mas tampouco dá sinal de burrice (exemplo: a letra de Easy Please Me, um bom argumento para mulheres que curtem bad boys, mas não querem namorar presidiários). No mais, ela está numa missão. Acompanhemos.
Primeiro disco de Katy B. 12 faixas, com produção de Benga, Geeneus e Zinc. Lançamento Columbia Records. 78