Jonas Brothers

Giving up the gun | Vampire Weekend

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No clipe de Giving up the gun, uma das faixas mais surpreendentes de Contra (e que, reconheça, parece sim ter saído do repertório do Postal Service), o Vampire Weekend faz um pocket show para uma esquentada partida de tênis que envolve celebridades como Jake Gyllenhaal, RZA, Lil Jon e Joe “Eu já sabia que o sujeito era cool” Jonas. Lá pelas tantas, dois sujeitos vestindo capacetes de motoqueiro dão o ar da graça – mas aposto que eles não têm nenhum parentesco com o Daft Punk. A brincadeirinha é dirigida pelos irmãos Malloy, que (também aposto!) vão finalmente transformar esta nossa querida banda indie num fenômeno do YouTube e da MTV.

Superoito express (10)

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Ou: por que a crise da indústria musical é um tédio.

Lines, vines and trying times | Jonas Brothers | 4 | E a triste história vai assim: Nick, Joe e Kevin eram três adolescentes ingênuos e serelepes que, apesar de bastante satisfeitos com o confinamento numa interminável sitcom do Disney Channel, ouviram os conselhos dos executivos errados e resolveram… bem, resolveram crescer. O resultado dessa jogada comercial meio apressada é um disco que soa como um longo, aborrecido especial da VH1. Eu, que gosto do power pop abertamente juvenil de A little bit longer, não passei da terceira audição. O excesso de sopros e teclados nos leva a um canto dos anos 1980 que deveria permanecer (para sempre) pouco iluminado. E não sei ainda o que o rap Don’t charge me for the crime embaça mais: a carreira dos Brothers, a reputação de Common ou todo o staff incompetente da Hollywood Records (um galho da Universal, vale lembrar)? Meu conselho: continuem imaturos.   

Music for men | Gossip | 5.5 | Não vou negar o carisma de Beth Ditto, uma band leader que me parece imensa em absolutamente todos os sentidos. Mas, por aqui, o Gossip continua soando como aquela banda do single espetacular (quando decidirem que você deve pagar mico como DJ, vá por mim e não esqueça de Standing in the way of control) e de álbuns inconsistentes. Este é o mais frágil de todos, e uma típica estréia em grande gravadora: a produção de Rick Rubin lima o descontrole que coloria o som do trio, agora sem as arestas punk e atado a um formato glam dançante e “sensual”  (entre aspas mesmo, já que a coisa toda soa mais fria que a morte). O primeiro single, Heavy cross, é uma diluição de Standing in the way of control — uma estratégia bem comum entre novatos amedrontados com a indústria. Nossa sorte é que a Columbia ainda não conseguiu submeter Ditto a uma dieta radical de carboidratos — ela (e pelo menos ela!) segue em forma.

Love vs. money | The-Dream | 6 | O melhor álbum desta listinha deprimente (e o único que recomendo a vocês, ainda que sem muito entusiasmo) é o novo projeto conceitual do produtor de Umbrella, também conhecido como Terius Hagert Youngdell Nash. Ao lado de convidados como Kanye West e Mariah Carey, The-Dream narra um palpitante melodrama pop sobre as tantas e doloridas maneiras como o dinheiro mata o amor e o amor é maior que o dinheiro e o dinheiro não compra o amor e o amor sem dinheiro vale mais que dinheiro sem amor. Etc. Um tanto monotemático, certo? Mas a crítica mainstream adora (e dá até pena ver revistas que já foram consideradas relevantes transformando o Jonas Brothers ou a Lady Gaga em artistas respeitáveis, mas este é o nosso mundo) e eu entendo o porquê do falatório: se o pop anda em busca de um salvador da pátria (e vamos lembrar que Michael Jackson já havia nos deixado há uns bons 30 anos, ok?), The-Dream parece uma opção até razoável. Ele tem tino para a melodia (Right side of my brain é um baita algodão-doce) e é um romântico incurável. Tem muito dinheiro, certo. Mas canta o amor com certa franqueza (na medida do possível — este é um disco da Def Jam). Meu voto é dele.

The fame | Lady Gaga | 4.5 | Ah, sério?  Quando descobri que a Nova Musa do Pop era aquela que cantava praticamente todos os cinco hits vagabundos que rodam incessantamente nas academias de ginástica e estações FM (e descobri tarde, mas não perdi quase nada), fiquei com saudades dos momentos mais açucarados da Kylie Minogue. Há quem encontre influências de David Bowie e Queen, mas suspeito que elas tenham contribuído mais para a performance da moça e menos para a sonoridade de um disco que dilui a cartilha do electropop (letras sacanas e engraçadinhas sobre celebridades lindas, sujas e ricas) num modelito pop “para pistas” que não machuca ninguém. Provavelmente eu deveria ouvir mais vezes, mas prefiro acreditar que o delírio coletivo vai acabar passando e, em dois anos, todo mundo estará novamente mais interessado no novo da Madonna.

Wait for me | Moby | 5 | Por último, um disco que soa como uma coletânea de bonus tracks. Pobre Moby: hoje em dia, a grande ambição do sujeito é fazer um álbum mais ou menos parecido com Play. Engraçado ler a chamada da Folha de S. Paulo: “no novo disco, Moby mistura eletrônica com soul music”. E não é o que ele sempre fez? Um editor mais honesto pouparia o eufemismo e lascaria logo: “no novo disco, Moby mistura seus discos mais recentes com os discos que gravou há algum tempo”. É mais ou menos por aí: um projeto mais introspectivo e caseiro que os anteriores (ok, melhor que os anteriores), mas tão óbvio e aguado quanto tudo o que ele lançou desde Play. Uma pena, já que o primeiro single (a instrumental e sombria Shot in the back of the head) sugeria um desvio de rota. Não é bem isso. Na verdade, é quase nada.

A LITTLE BIT LONGER | Jonas Brothers

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A cartilha do power pop aplicada por Nick, Kevin e Joe, três moleques que têm o mundo do pop nas mãos e gravam canções inofensivas com o aval da Disney – mas que, se você não se importar muito com esse detalhe, soarão como uma perfumadinha versão teen do Fountains of Wayne.

Criados desde cedo com cereais selecionados, os irmãos aparentemente foram formatados para preencher a brecha de mercado aberta com a decadência do Hanson. Mas me parecem ainda mais eficientes que Isaac, Taylor e Zac. Pelo menos o são neste A little bit longer, um álbum abertamente comercial que não nega os objetivos práticos de praxe (preencher a programação do Disney Channel, bombar nos parques temáticos etc) e, mesmo assim, trata com sensatez as referências musicais que escolheu para si. É um disco bastante correto – mais ou menos o que se espera de um trio de estudantes aplicados que, sob pena de ficar de castigo virado para a parede, não tira menos que 8 nas provas.

Até as baladas (que, em tese, soariam insuportáveis de tão derramadas) não exageram tanto na dose. A faixa-título, uma confissão de Nick sobre a vida dura de um diabético, parece mais sincera e até desconcertante do que esperávamos de um álbum com esse formato e essas ambições. Eu não queria estar na pele deles. Próximo capítulo desta história: os garotos certinhos saem com os guarda-costas para um passeio nas casas noturnas de Los Angeles, se revoltam contra a vigilância paterna e são reprovados no teste do bafômetro. Ah, a maturidade.

Ainda não estamos lá. A little bit longer é o som da inocência (ainda que tardia, já que o mais velho tem 20 aninhos). E, bom, pelo menos sem a aparência artificial que se encontra quase sempre nesse tipo de caça-níquel infanto-juvenil. Eu, que não assisto aos programas de tevê nem sob tortura, não me importaria se eles enchessem os cofres do papai com mais alguns milhões de dólares às custas de guitarras altas e refrãos tolos. Isto também é rock ‘n’ roll – e sejam honestos: quem aí já não foi um dia um menino ingênuo e milio… hum, esquece.

Terceiro disco do Jonas Brothers. 12 faixas, com produção de John Fields. Hollywood Records. **