Jon Favreau
2 ou 3 parágrafos | Homem de Ferro 2
A trilha sonora de Homem de Ferro 2 (2.5/5) é, em grande parte, uma compilação de sucessos do AC/DC. O que me parece uma escolha muito apropriada para um filme de ação que soa como um concerto recente da banda australiana: um espetáculo ensurdecedor para o papai e o filhinho, cheio de efeitos pirotécnicos, com um band leader zureta (Robert Downey Jr, nosso Brian Johnson), um coadjuvante mais alucinado ainda (Mickey Rourke, nosso Angus Young) e um script tão inofensivo e mecânico quanto os especiais de hard rock transmitidos pela VH1.
Mas eis que, lá pelas tantas, aparece Robot rock, do Daft Punk. A música é uma brincadeira irônica, muito francesa, com clichês do rock setentista. Se o filme seguisse esse rumo (e poderia ter seguido, já que a performance blasé de Downey Jr aponta para essa direção), eu ganharia o dia. Mas este não é o meu filme, não é o filme dos meus sonhos, não tem quase nada a ver comigo, e Jon Favreau está longe, muito longe de um Paul Verhoeven.
Ficamos assim: menos, bem menos Daft Punk; mais, bem mais AC/DC. Menos sarcasmo e sutileza (melhor: sutileza nenhuma), mais profissionalismo bem-intencionado. Entendo o sucesso do filme, principalmente entre os fãs de quadrinhos que cobram cineastas invisíveis, que de preferência não se metam no caminho dos personagens e da trama. Já contei para vocês que cochilei no meio de um show do Simply Red? Pois bem: se fosse uma love story, Homem de Ferro 2 seria um show do Simply Red.