Howler

mixtape! | de maio?

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A mixtape de maio está muito mais nervosinha e sortida que a de abril porque… porque… hum, porque (difícil explicar essas coisas)… porque chega de melancolia, certo?

Estava eu ouvindo a coletânea do mês passado quando enfim percebi: “Céus, que seleção musical mais sombria!” Curiosamente, naquele cedêzinho a minha intenção era gravar canções otimistas, cheias de afeto e doçura. O que aconteceu?

A mixtape anterior, creio eu, acabou por mostrar o estado de espírito de um sujeito em conflito, ao mesmo tempo entusiasmado com um período de mudanças extraordinárias, mas ainda numa luta terrível para lidar com a morte de uma das pessoas mais importantes da vida dele. Aquele cedê me mostra hoje que a temporada não foi simples.

A coletânea nova é bem diferente, e acredito ter a ver com o ritmo da cidade de São Paulo, onde moro há dois meses, e com uma tentativa (meio desesperada, admito) de seguir em frente. Ela tem alguns vestígios cinzentos, não vou negar, ainda que ma pareça mais agressiva, talvez mais vibrante. Não sei como vocês – os três leitores ainda nesta sala – vão avaliá-la. Só sei que estou satisfeito com o que ouço.

Aqui vocês encontram El-P (que tá lá na foto), Animal Collective, Death Grips, Of Montreal, Santigold, M.I.A., Howler, Damon Albarn, The Walkmen, Schoolboy Q. Algumas das músicas não são especificamente de maio, e entram nesta coletânea porque não conseguiram se encaixar nas anteriores. Encare-a como uma mixtape de outcasts. A lista de músicas está na caixa de comentários.

Espero que vocês apreciem.

Faça o download da mixtape de maio.

Ou ouça aqui:

Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.

Mixtape de maio, posted with vodpod

♪ | America Give Up | Howler

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Enfezadinho com as semelhanças entre o primeiro disco do Howler e o repertório padrão das baladas rock ‘n’ rooool de Brasília em 2002 (quando Strokes e White Stripes estavam muito ocupados influenciando pessoas e, dizem, salvando o rock), este blogueiro tratou de arquivar America Give Up na gaveta dos itens descartáveis de 2012. Me perguntei: é só isso? E case closed. Mas, por uma dessas estranhas ocorrências da vida (em resumo: o CD-R ficou preso no aparelho de som do carro), acabei voltando ao disquinho tantas vezes — e sem franzir sobrancelhas! — que me obriguei a escrever um post para pedir desculpas à comunidade. Pois bem: aqui está ele.

Vou ser breve porque, no mais, este álbum é uma brevidade. Lembra sim a estreia do Strokes (e com exagero: uma das músicas faz cosplay de Modern Age), mas talvez positivamente. Mais animador que isso, aponta para toda uma tradição de first albums que já existia muito antes de Julian Casablancas nascer: registros extremamente compactos, como se gravados numa única sessão, mas cujas pequenas variações de ritmo, velocidade e melodia transformam cada faixa num hit em potencial. O primeiro do Ramones, claro, é uma referência inevitável: o Howler também atua dentro de limites estreitos, por opção.

Só que, como eles avisam, this one’s different. Talvez não muito diferente, ok, mas talvez devamos seguir o Howler para saber o que vai acontecer com esse interesse por combinar o “som de 2001” (decalcado de pós-punk, garage rock e congêneres) com um espírito ingênuo de entusiasmo pelas guitarras, sinceramente vintage, capaz de nos transportar ao comecinho do rock — não é para fazer cena que eles vampirizam Elvis Presley em I Told You Once. Daí que uma faixa como Back of Your Neck (minha preferida) pode soar simultaneamente como uma cópia preguiçosa de Libertines ou como um remix de alguma canção perdida do início dos anos 1960. Em qualquer uma das hipóteses, esses americanos parecem se divertir com o pouco que (por enquanto) eles têm.

Primeiro disco do Howler. 11 faixas, com produção da própria banda. Lançamento Rough Trade Records. B