Here we go Magic

mixtape! | abril, enquanto isso

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O post mais recente deste blog foi escrito no dia 30 de março, uma sexta-feira, e (ainda) contém uma mixtape. Um tempão depois, cá estou de volta pra mostrar que sou homem de palavra. Prometi mixtapes mensais, certo? Certo? Então certo.

Este cedê quase não viu o sol raiar, coitado, mas não vou esmiuçar essa história. Em resumo, foi um mês completamente peculiar. Não apenas porque mudei de cidade e tive que me adaptar a uma outra rotina (isso cês sabem), mas por uma série de motivos (pessoais, também profissionais) que foram me afastando do blog.

Quero voltar a escrever aqui, principalmente sobre música (porque novidades cinematográficas off-blog vão aparecer nos próximos meses, aguardem), e isso deve acontecer logo mais. Não parei de ouvir discos durante o mês, e esta (modesta) mixtape sintetiza (de alguma forma) o que aconteceu nas últimas semanas.

É um disquinho menos triste que os anteriores, e cheio de otimismo (ainda que um otimismo cinzento, se é que vocês me entendem).

Aqui dentro você encontra Spiritualized, Here We Go Magic, Chromatics, Lotus Plaza, Moonface (salve Spencer Krug!), Jack White, Bear in Heaven, Zammuto (tá lá na foto acima) e Rufus Wainwright.

Tá bonita a coletânea (a lista de músicas fica na caixa de comentários). Divirtam-se.

Faça o download da mixtape de abril.

Ou ouça aqui:

Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.

Mixtape Abril, posted with vodpod

Mixtapes! | Duas vezes julho

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A mixtape de julho (e não encontro definição melhor) é uma mãe.

Sabe quando você vai num daqueles bares bacanas que oferecem dois drinks ao preço de um? Sabe quando você pede o hambúrguer e ganha um pacote de fritas? É mais ou menos isso.

Minto: é muito melhor do que isso. Você não paga absolutamente nada e ainda leva uma mixtape totalmente grátis. É uma transação incrível ou não é?

Daí vocês me perguntam: por que o surto de generosidade, ó bartender? Sinceramente: não foi intencional. Quando comecei a juntar as músicas da mixtape, acabei com um combo de 30 faixas. Tudo isso. Uma fartura. Daí me vi diante de duas opções: descartar a maior parte das faixas, pelo bem da coesão; ou montar duas mixtapes, uma ligeiramente diferente da outra.

Minha primeira decisão foi dar uma de Edward Mãos-de-Tesoura e cortar, cortar, cortar. Terminei com um disquinho de 12 faixas, esquizofrênico que só ele. Depois, já quase de madrugada, deitei (literalmente) a cabeça no travesseiro e decidi acolher todas as canções rejeitadas, deletadas, injustamente execradas. Terminei com duas mixtapes, 22 faixas, e assunto encerrado.

Eu sei, eu sei, eu sei que dá uma preguiiiiça danada fazer o download de duuuuas mixtaaaapes e depois ainda ter que escutaaaaar a baboseira toda (só de escrever essa frase, bateu um cansaaaaço). Nos poupe, Tiago! Mas (aí vai o aspecto gentil da história) você não precisa adquirir as duas mixtapes. Elas são bem grandinhas e sabem andar com as próprias pernas. Na verdade, elas têm muito pouco a ver uma com a outra. Não são irmãs nem nada. Talvez primas, mas nunca irmãs.

O esquema funciona assim:

A primeira parte da mixtape é (como dizer?) um filme da Sofia Coppola. Delicadeza com algo de malícia. Dream pop, power pop, odes a Brian Wilson, cantantes melancólicos, muita saudade e tristeza e doçura. É a mixtape mais tocante que você ouvirá na sua vida, eu garanto. Tem Department of Eagles, tem Foals, tem Avi Buffalo, tem Best Coast, tem Mystery Jets, tem Here We Go Magic (olha aí, Felipe!) e tem até Johnny Cash. Uma lindeza. 

Esta primeira parte é uma continuação da mixtape de abril, sentimental e siderada. E é dedicada a duas pessoas muito bacanas que costumam baixar as mixtapes e comentar com certa frequência aqui no blog: o Daniel, do Power Pop Station, e o Pedro Primo, do Ouvido Cego. Se vocês curtirem, ficarei bastante satisfeito.

A segunda parte da mixtape é (como dizer?) um filme do Robert Rodriguez. Com efeitos especiais toscos, dublês, mocinhas estridentes, passagens absurdas, muita emoção e sedução. É como que dividido em duas partes: na primeira, um balancê infernal. Na segunda, guitarras pegando fogo. Tem M.I.A., tem Gaslight Anthem, tem a nova do Kanye West, tem Big Boi, tem Wavves e fecha com Arcade Fire – que, apesar de ter entrado na mixtape do mês passado, assina o disco que mais gostei de ouvir neste mês: The suburbs. Por isso eles aparecem na foto lá em cima.

Esta primeira parte é uma continuação da mixtape de maio: tique nervoso e adrenalina. E é dedicada a todo mundo que usa headphones para matar o tédio provocado por exercícios físicos repetitivos.

Assim funciona. Faça o que bem entender, ok? Ouça apenas a primeira, ouça apenas a segunda, ouça as duas ou não ouça nenhuma. Não sou seu pai e não vou monitorar seu IP. Fique à vontade (e, como sempre, a lista das músicas está logo ali na caixa de comentários).

Só peço um favor: se aqueles que ouviram a(s) mixtape(s) fizerem um singelo comentário, vai ser joia. “Sua gentileza levar-lhe-a ao sucesso”, li agorinha mesmo numa mensagem que encontrei dentro de um biscoito chinês. Sigam o conselho e sejam felizes.

Faça o download da primeira parte da mixtape aqui ou aqui.

E (força, rapaz!) faça o download da segunda parte aqui ou aqui.

Superoito express (22)

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Infinite arms | Band of Horses | 6

O disco de estreia do Band of Horses, o muito promissor Everything all the time (2006), apontava dois caminhos para este grupo de Seattle: um mais aventureiro, feito de pedrinhas brilhantes (em grandes momentos como The funeral e The Great Salt Lake, que merecem entrar em qualquer coletânea de achados da Sub Pop), outro mais mundano (o country rock de Weed party, baladas delicadas e inofensivas como I go to the barn because I like the). Me parece um enorme desperdício, mas, de lá para cá, a banda mostrou mais interesse por essa segunda trilha (agradável, pop) e menos por aquela outra (misteriosa, imprevisível).

Infinite arms confirma essa preferência e, por isso, pode fazer do Band of Horses um mascote indie muito querido e popular (e indie é força de expressão, já que a bolachinha tem o selo da Columbia). É um álbum de melodias infinitamente graciosas, com toques sutis de psicodelia californiana (Compliments é um encontro de Brian Wilson com Greatful Dead, com a assinatura inconfundível do produtor Phil Ek) e versos sobre amor e nostalgia. Uma doçura (um tanto aguada, mas uma doçura). E que não cheira a produto falsificado – como o Wilco de Sky blue sky, taí uma banda que se emociona com o soft rock. Vamos assobiar juntos! Mas que dá pena ver uma banda tão talentosa se acomodando nesse sofá confortável e quentinho, isso dá. O próximo disco nos mostrará se eles estão no time do Grizzly Bear ou do Kings of Leon.

Pigeons | Here we go Magic | 7.5

E por falar em aventura… É quase certo que, em 2010, o Here we go Magic não vai vender nem 1% dos discos do Band of Horses. E, se quisesse, este quinteto de Nova York escreveria um álbum inteiro com love songs de partir o coração (eles conseguem: ouça Casual, lindíssima). Mas eles preferem caminhar na areia movediça. Este Pigeons faz questão de nos espantar (e de bater asas para bem longe) a cada faixa: começa como uma brincadeira com a psicodelia britânica do fim dos anos 60 (Hibernation e Collector), é ejetado aos anos 90 (Casual lembra Radiohead), prova do indie americano (Surprise tem um quê de Pinback) e recicla as loucuras de Brian Wilson em clima ambient (Vegetable or native). Tem isso e mais. O disco termina e ainda não sabemos direito que banda é esta. Uma boa sensação.

High Places vs. mankind | High Places | 7

O segundo disco do High Places desmente muito do que (achávamos que) sabíamos sobre este duo de Nova York: Rob Barber e Mary Pearson não querem ser conhecidos como os hipsters esquisitões que vivem trancados numa estufa gelada, em contato apenas com a natureza e com um laptop. High Places vs. mankind soa mais urbano e humano: On giving up, por exemplo, se aproxima do trip hop lânguido que Goldfrapp fazia no início da carreira (já She’s a wild horse e Canada usam e abusam de orientalismos fake). Não é uma transformação radical, mas a floresta mágica do High Places guarda mais segredos do que imaginávamos.

Talking to you, talking to me | The Watson Twins | 6.5

As irmãs Watson passam por uma transição delicada neste novo disco. Já na capa, o álbum adota um verniz “adulto contemporâneo” que parece mais apropriado a uma Sheryl Crow do que a uma Jenny Lewis (e muito longe do tom revisionista de Rabbit fur coat, o belo álbum que elas gravaram com Lewis). Mas elas vestem esse novo modelito sem muito desconforto: a soul music modernosa de Harpeth River soa como uma tentativa de vendê-las ao público da Amy Winehouse (e baladas jazzy como Forever me vão agradar aos fãs de Norah Jones), mas elas conseguem envenenar essas fórmulas radiofônicas com versos dark e interpretações elegantes. O melhor fica por último: Modern man pede bênção ao Radiohead de In rainbows e nos prega uma surpresa aos 45 do segundo tempo. O recado: elas se venderam, mas continuam muito vivas.