Entrevista

[michael stipe]

Postado em Atualizado em

Se vocês tinham quase certeza de que a turnê de 2008 seria a última da banda, então sabiam que Collapse into now seria o último disco?

Bem, agora finalmente podemos falar sobre o tema do disco e sobre o que estava acontecendo. Teve um crítico de música que disse: “Sinto falta de alguma coisa neste disco, mas não sei o que é”, e ele estava falando sobre temas. Acho que ele estava dizendo, consciente ou inconscientemente, que os discos do R.E.M. sempre têm um tema – fogo e água; sexo em Monster, e eles são óbvios. Mas o tema daquele disco não tinha ficado claro imediatamente para ele. Eu sempre penso que sou incrivelmente óbvio, e não sou (risos). Para mim, tematicamente aquele era a despedida mais grandiosa, e a mais óbvia.

Olhando para o disco agora, você está acenando adeus na capa.

Estou dando adeus, sim. Mas nós estamos na capa! O R.E.M. nunca havia aparecido na capa de um disco. E tem a canção All the best

O desfecho de Blue, que se conecta a Discoverer, fecha um círculo que nos leva de volta a começo do disco.

Sim, e faz referência a Fables of the reconstruction. É aquela história cíclica: o fim é o começo, o começo é o fim. Discoverer é uma canção autobiográfica sobre as minhas experiências em Nova York aos 19 anos de idade. E fecha com Patti Smith, que foi onde tudo começou. Espero que tenha deixado a impressão de uma despedida muito bonita, o disco.

Entrevista de Michael Stipe ao Salon.com. Íntegra aqui.

[chico buarque]

Postado em Atualizado em

Hoje se vendem menos discos. Faz diferença?

Não, para mim não faz. Tanto é que fiquei sabendo mais ou menos dessas novidades durante as conversas de lançamento do disco. Então me foi apresentado um projeto de lançar o disco pela internet e eu não conhecia nada disso. E aí eu fui conhecer a realidade do mercado. Eu andava longe disso havia cinco ou seis anos e não sabia que tinha mudado tanto assim. A previsão do lançamento de um disco é, em termos numéricos, muito inferior agora. Então, tentei compensar a gravadora, de certa forma, pelo investimento que ela fez, colaborando no projeto de lançamento deles. Internet e aquela coisa do site e tal. Mas isso não é assunto meu. Eu, na verdade, cheguei a uma altura da vida que não preciso mais do disco para sobreviver. Eu já tenho basicamente aquilo que eu preciso, não tenho grandes ambições. Já tenho certa estabilidade financeira e não preciso ficar muito preocupado com isso. Meus discos vendem direitinho, tenho direitos autorais aqui e lá fora. Os livros vendem mais do que os discos, inclusive [risos].

Trecho de entrevista de Chico Buarque à revista Rolling Stone Brasil.

[st. vincent]

Postado em Atualizado em

Pitchfork: Críticos geralmente apontam o segundo disco como o momento do “agora ou nunca mais”, mas eu sempre achei que os terceiros discos são mais catárticos, porque o artista de repente se vê livre das pressões.

Annie Clark: É, acredito que é parecido com a forma como as pessoas falam sobre os filhos pequenos. Com o primeiro filho, você administra cada detalhe, quer ter certeza de que nenhum fio de cabelo está fora do lugar quando o menino vai à escola. Mas, com o terceiro filho, é mais como “oh, você quer usar essa camisa do Hard Rock Café por sete dias seguidos e não pentear o cabelo? Faça isso. Seja quem você quiser ser.”

(entrevista completa aqui).

Trecho | O ritmo, pouco a pouco

Postado em Atualizado em

“O que é um filme senão uma tentativa de inventar relações originais entre o tempo e o espaço? Em certos filmes, como os meus, esse trabalho talvez seja mais aparente, e talvez mais radical também. Mas eu não procuro essa sensação de fascínio de modo teórico, eu me deixo levar pelos lugares onde filmo, não calculo a duração particular dos meus planos, eu encontro o ritmo geral do filme pouco a pouco.”

Trecho de entrevista de Hou Hsiao-Hsien a Antoine de Baecque e Jean-Marc Lalanne, no catálogo da mostra Hou Hsiao-Hsien e o cinema de memórias fragmentadas. Foto do filme Café Lumière, de 2003.

Entrevista | Pedro Costa

Postado em Atualizado em

No primeiro dia da mostra O cinema de Pedro Costa, em cartaz no CCBB, o diretor português de Juventude em marcha (2006) e No quarto da Vanda (2000) veio a Brasília para conversar com o público. Na manhã seguinte, eu e minha colega Yale Gontijo entrevistamos o cineasta para o Correio Braziliense, jornal onde trabalhamos. Após 50 minutos de bate-papo, eu e Yale concordamos num ponto: para quem gosta de cinema, conhecer as ideias de Costa pode provocar o efeito de um bom disco de punk rock. Elas atiçam o nosso desejo de desafinar os instrumentos (as câmeras digitais) e ir à ação – no caso, filmar. 

Nos tornamos fãs do sujeito.

Antes de fazer filmes, Costa atuava como músico em bandas punk. Parece ter transportado um tanto dessa aflição musical para as telas de cinema. Não gosta, por exemplo, do estigma de “autor”. Nem da burocracia, dos gastos excessivos, das equipes numerosas. “O que produzo é trabalho, não arte”, ele diz. E é o primeiro a admitir que a retrospectiva do CCBB mostra uma obra irregular – que, com o tempo, foi se estilhaçando para, finalmente, se descobrir em imagens difusas, indefiníveis. Conversar com Costa, resumindo, é uma grande alegria – é encontrar um realizador que não encontra nenhum tipo de conforto no cinema. E que, por isso, inspira aqueles que também se sentem incomodados com o que veem por aí.

A entrevista (que tem por objetivo apresentar as ideias do diretor aos leitores de um jornal diário) foi publicada hoje, sábado, no Correio Braziliense. O texto ficou grande e, por isso, foi editado. Depois do pulo você pode ler o bate-papo quase na íntegra.

Leia o resto deste post »