Drama humano
2 ou 3 parágrafos | O desinformante!
Encontrei dois filmes dentro deste O desinformante! (5.5/10). O primeiro, uma perda de tempo. O segundo, até surpreendente (para os padrões de Steven Soderbergh).
E dá para dividi-lo pela metade. Na primeira hora, tudo o que vi foi mais um exercício de Mr. Soderbergh em torno do vazio: uma narrativa blasé, “inspirada em caso real”, com um visual retro (às custas de… hum, nada), um protagonista estabanado e uma trilha sonora pitoresca,, que cantarola didaticamente para o público algo como sha-la-la, isto aqui é uma comédia, na-na-na, este filme é uma co-mé-dia. Ainda que eu não tenha notado risadas durante a sessão.
Da segunda metade em diante, o cineasta passa a tratar o personagem principal de outra forma: o homem tem um problema. Ele é um mentiroso compulsivo. Ele tem uma doença séria e, por isso, mete os pés pelas mãos. Soderbergh não só consegue mudar o tom (sem apelar para o dramalhão, e nisso conta com a ajuda de um Matt Damon muito controlado, até inspirado) como abandona o quarto de brinquedos para se envolver com um drama humano. Sem tanto distanciamento. Só para variar. A surpresa é que o projeto acaba se mostrando até ambicioso – não é recreio, mas um desafio sutil para o diretor. Isto é: no fim das contas, as comparações com 11 homens e um segredo acabam não fazendo muito sentido.