Disquinhos

Superoito express (11)

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Vocês devem ter percebido: o blog agoniza. Alguns disquinhos que ando ouvindo (só para não perder o hábito).

Time to die | The Dodos | 7 | Me faz pensar no quanto estamos acostumados a não sermos surpreendidos por nossos ídolos. Time to die é quase o oposto de Visiter, o álbum que revelou o Dodos em 2008 – e por isso, apenas por isos, pode soar estranho (e olha que nem comecei a falar sobre o novo do Arctic Monkeys…). Se aquele era um disco expansivo, um bloco de rascunhos com (lindas) arestas de ideias, o novo sai em busca de precisão, coesão. É outra história. O produtor, Phil Ek, arredonda o som da banda (agora um trio, com vibrafone) da mesma forma como havia feito com o Band of Horses (produziu os dois discos deles), o Shins (Chutes too narrow) e o Fleet Foxes. Pode parecer menos desafiador – e mais compacto, ordinário -, mas garanto que, com algumas audições, faixas como The strums e (principalmente) Fables começarão a soar tão surpreendentes (e aventureiras, repare na sobreposição nervosa de violões, vibrafone e percussão) quanto as do álbum anterior. Em síntese: um irmãozinho imaturo, mas bastante simpático, do Grizzly Bear. 

Ambivalence avenue | Bibio | 7.5 | Até agora, eu desconhecia completamente o produtor britânico Stephen Wilkinson, o Bibio – tudo o que eu lia sobre ele me desanimava (resumindo: muita gente boa o comparava aos imitadores da eletrônica in natura do Boards of Canada e Four Tet). Ambivalence avenue me deixou com vontade de fuçar os outros álbuns do sujeito. O disco, lançado pela Warp Records, oscila entre o folk cru e uma eletrônica desencarnada, mas espanta mesmo quando combina esses dois extremos com uma pegada emotiva, doce e doméstica (aposto que até Jack Johnson adoraria faixas como Lovers’ carvings). Chega a lembrar o transe sixties de Andorra, um disco do Caribou que eu adoro. Não é tudo aquilo, mas chega perto.

Catacombs | Cass McCombs | 7.5 | Outra boa descoberta: um trovador de carreira longa (já tem cinco discos) e que, como o Bibio, resolveu lançar um álbum mais direto e franco. No caso, Cass compõe uma declaração de amor muito tocante à esposa dele. Os versos são tão pessoais que provocam até algum constrangimento: é como se grudássemos o ouvido na porta para ouvir uma conversa íntima. Duas das canções são tão fortes (Dreams come true girl e You saved my life) que sustentam o disco inteiro (e o desfecho, com Jonesy boy e One way to go, é quase singelo, sem tanta sofisticação, mas também adorável). Perfeito para quem, como eu, sente saudades dos projetos solo do Archer Prewitt (ou dos últimos capítulos de John Lennon).

Telekinesis! | Telekinesis | 6 | É curioso que a Merge Records (casa do Arcade Fire, Spoon, Caribou) tenha apostado num projeto unidimensional desses, ora lembrando os primeiros discos do Weezer, ora Strokes. Produzido por Chris Walla (do Death Cab for Cutie), a estreia de Michael Lerner (o faz-tudo do Telekinesis) só faz sentido quando se entende as limitações de uma sonoridade muito à vontade com clichês de indie rock. Dito isso, é mais enérgico que a média.

Skyscraper | Julian Plenti | 5 | Paul Banks se esconde sob um pseudônimo, mas acaba soando exatamente como aquele vocalista do Interpol que conhecemos tão bem. O álbum tem a aparência de uma coletânea de lados B, pouco arriscado (nos momentos de maior ousadia, como a faixa-título, Banks nos revela que anda ouvindo Bon Iver e só) e até cansativo. O single, Fun that we have, mantém a atmosfera do terceiro álbum do Interpol: canções melancólicas para o fim de uma festa.