Desperdício

2 ou 3 parágrafos | Sherlock Holmes

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Não me parece ruim a ideia de uma interpretação aloprada, anabolizada — sem o menor compromisso com as exigências de fãs mais ranzinzas, portanto — para a história de um personagem “sagrado” como o detetive criado por Arthur Conan Doyle. Mas, antes disso (e daí a má notícia), Sherlock Holmes (4/10) é um típico Guy Ritchie — um cinema bronco e posudo, que soa confuso quando preferiria parecer intrincado, complexo, inteligente, up-to-date e muito cool.

Por isso, não há Robert Downey Jr (destaque absoluto do filme) que alivie o peso aborrecido com que Ritchie atropela os personagens. Montagem calculadamente desembestada, trilha grandiosa, tom de farsa (mas é pra rir de quê?), machos suados com barbas malfeitas, tipos bizarros e todas as afetações de praxe. Poderia ter sido divertido. Mas, quando todas as cenas fazem questão de mostrar o investimento de milhões de dólares em direção de arte e efeitos visuais, resta ao espectador cair morto de tédio.

Talvez a culpa nem seja toda do diretor. Não deve ter sido só dele a ideia de reduzir Holmes a um action hero genérico ou de limitar a trama a um recorta-e-cola de explicações apressadas para um enigma que não justificaria um episódio mediano do Scooby-Doo. Mas que ele assina essa brincadeira de adulto com orgulho meio adolescente, assina. Desperdício. Com hereges como Ritchie, estamos feitos.