Coraline
2 ou 3 parágrafos | Coraline e o mundo secreto
Nos primeiros trinta e tantos minutos, me parece uma obra-prima: Coraline (7/10) é uma animação stop-motion tão obsessivamente detalhista (até o cabelo dos personagens sugere um trabalho de criação de uns cinquenta anos) que pode ser admirada apenas como uma espécie de delírio surrealista, uma fantástica fábrica de chocolate meio-amargo, sem que dediquemos excessiva atenção à trama. Isto é: daria um curta-metragem extraordinário.
Como um longa de 1h40 de duração, o impacto visual é minimizado. Depois dos primeiros trinta e tantos minutos, a trama pesa sobre o projeto e passamos a sentir falta de Tim Burton – que, ao contrário de O estranho mundo de Jack e James e o pessego gigante, desta vez deixou o diretor Henry Selick na mão. Mais que tudo, falta ritmo à narrativa – quando os mistérios do “mundo secreto” de Coraline começam a se resolver, o que era fascinante se revela um conto de fadas bem mais corriqueiro do que imaginávamos.
De qualquer forma, não dá para desconsiderar o trabalho (e entenda trabalho como algo penoso) de Selick, que encontra frescor numa técnica antiga de animação – o resultado é mais deslumbrante que muito brinquedinho da era digital.