Broken Social Scene

Forced to love | Broken Social Scene

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Vocês me conhecem muito pouco, mas o suficiente para saber que não vou trocar meu televisor de 42 toneladas por um desses monitores que prometem altas viagens em três dimensões. Não vou. Mas, graças ao Broken Social Scene, prometo pensar no assunto. É que esse clipe ultra-mega-tecnológico de Forced to love me deixou salivando por um daqueles óculos quadradões. Os diretores Adam Makarenko e Alan Poon usam um scanner que distorce a forma das imagens e cria camadas fantasmagóricas. E, no fim, usam um toque eco-friendly para… Péra aí. Certeza que não foi James Cameron quem dirigiu?

Meet me in the basement | Broken Social Scene

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Indignado com os rumos do planeta? Insatisfeito com os nossos governantes? Use o videoclipe! O novo do Broken Social Scene, criado por um fã que prefere ficar no anonimato, vale por mil panfletos: produzido como uma resposta aos protestos que marcaram as reuniões da cúpula dos G20 em Toronto, o molotov espirra em Obama, Clinton, Tyra Banks, Michael Jackson, no Google, no YouTube, na M.I.A. e na Pepsi. Assista em slow motion: Michael Moore aprovaria.

Forgiveness rock record | Broken Social Scene

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Se o dia durasse 42 horas, eu seria capaz de escrever um livro inteiro — de 500 páginas, não menos — sobre aqueles discos que, goste deles ou não, são pontos de referência para a história recente da música pop. Por que eles se tornaram tão relevantes? Eles fizeram por merecer tanto prestígio? Ou teriam apenas se beneficiado de uma conjunção muito feliz de eventos aleatórios?

Capítulo 34: You forgot it in people, Broken Social Scene.

Não vou arriscar uma explicação demorada sobre o “fenômeno” (isto é um blog, não é um livro de 500 páginas), mas trata-se um desses discos: de uma forma ou de outra, ele simboliza uma das cenas mais importantes dos anos 00. Quando se fala em rock independente do Canadá, é inevitável lembrar de You forgot it in people. Mesmo que você considere o som da banda um tanto irritante, esnobe e caótico. Mesmo que você prefira Wolf Parade.

E isso acontece por que, muito além de ter criado ótimas canções, o Broken Social Scene cristaliza o espírito de uma geração de músicos. No pôster do rock canadense, o que vemos não é um gênero musical específico, mas um mutirão de amigos talentosos que colaboram uns com os outros. You forgot it in people é um disco sobre essa imagem. Superpovoado, oversized. Em algumas canções, tenho a certeza de que ouço toda a população de Vancouver cantando e tocando em uníssono.

No auge do coleguismo, o Broken Social Scene reuniu 15, 16, 17 músicos no palco. Oficialmente, Keven Drew e Brendan Canning tomavam as rédeas da superbanda, mas sempre pareceu complicado, nesse caso, definir hierarquias. Feist, Jason Collett, Stars e Metric usaram o laboratório para aquecer embriões musicais. No disco homônimo, de 2005, a formação mutante e alucinada voltou à ação. Mas já soava como uma polaróide descolorida: timing é um dos principais méritos de You forgot it in people.

No fim da década, a própria banda começou a perceber que o impacto do Broken Social Scene estava atrelado a um período muito específico da música pop. E que aquele tempo havia passado. Brendan Canning e Kevin Drew lançaram discos solo e poucos agregados conquistaram uma carreira estável (Fiest, Metric e quem mais?). O novo disco, Forgiveness rock record, flutua nesse mar manso. Carrega os destroços daquela banda (ou melhor, daquela ideia) que marcou 2002.

Não é um álbum que mereceria um capítulo no meu livro de 500 páginas. Provavelmente, ele não terá importância nenhuma para 2010. Mas, para a trajetória da banda (e, especificamente, para Canning e Drew), soa como um senhor desafio. Os ventos mudaram. Antes, a ordem era fazer-se notar, criar o ruído, ferir nossos ouvidos, demarcar o território, organizar o movimento. Agora, o objetivos são outros, mais complicados: foco e longevidade.

Para nosso espanto, o Broken Social Scene retorna como uma banda quase comum: um septeto que prefere à arte da canção à composição de atmosferas. Produzido por John McEntire (de Tortoise e The Sea and Cake), é um álbum que deve chocar os antigos fãs do grupo: o que eles miram é uma sonoridade límpida, cristalina até nos momentos mais expansivos (caso mais explícito: Ungrateful little father), talvez “adulta”, sóbria. É essa a tela que delimita o disco.

O que emerge dessa transformação é uma reviravolta que, para quem nunca se interessou pela banda, soará como uma revelação muito positiva. É como se eles tivessem se “endireitado”. Admito que esse comodismo me incomoda um pouco (é como se o Wolf Parade tivesse decidido gravar um disco de soft rock, digamos), mas é interessante notar que esta não é uma guinada tão fácil quanto parece.

Desprotegida, longa de muralha de sons que criou para si, a banda poderia muito bem parecer fragilizada, desesperada, ingênua. Não é o que acontece. Forgiveness rock record se revela um disco muito seguro de si, que não sente o peso de uma longa duração (63 minutos) nem parece monótono, aborrecido. O que se nota é um esforço de destacar cada um dos elementos sonoros do grupo, como se fosse possível isolá-los uns dos outros. Daí resulta um álbum que navega do pós-punk ao power pop, que arrisca elegantemente e que ousa trair o movimento criado pelo próprio grupo.

Ouça mais vezes e ele soará até corajoso. O Broken Social Scene que surge aqui é uma banda muito igual a tantas outras. Mas com uma diferença: poucas aceitam a aventura de implodir o próprio mundinho. Eles aceitaram. E, quem diria, são bonitos os cacos que sobraram.

Quarto álbum do Broken Social Scene. 14 faixas, com produção de John McEntire. Lançamento Arts and Crafts. 8/10

Mixtape! | O melhor de abril

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A mixtape de abril poderia se chamar One from the heart ou I’m trying to break your heart ou receber qualquer outro nome que combine com coletâneas sentimentais e manhosas que maltratam o coraçãozinho. Não tentem usá-la em aulas de aeróbica.

Apesar do conteúdo altamente depressivo, a mixtape saiu melhor do que eu esperava. Comecei com 14 músicas, mas, para evitar uma onda de suicídios, cravei o meu número da sorte: 10. O resultado ficou mais conciso e um pouco menos bizarro do que eu planejava (foi mal, Flying Lotus!). Não é a melhor mixtape amadora de todos os tempos, mas ela certamente não aceitaria esse posto: é encabulada, tem autoestima baixa e sofre em silêncio. Recomendo que vocês a ouçam com luzes apagadas e a tratem com carinho.

Como de costume, a mixtape contém meus favoritos do mês. O melhor disco que ouvi em abril foi This is happening, do LCD Soundsystem. Talvez vocês lembrem que Drunk girls apareceu na coletânea de março. Daí que James Murphy (o sujeito gorducho que está tirando um ronco na foto acima) aparece desta vez com uma música que está na trilha sonora do filme Greenberg, de Noah Baumbach. É trapaça, eu sei. Mas Paul McCartney daria um sorriso.

O disquinho ainda tem Broken Social Scene (e eu gostaria muito de escrever algo sobre o álbum novo deles, mas não tenho tempo nem para cortar unhas), The Radio Dept., The Watson Twins, a nova do Blur, uma loucura do Jamie Lidell, uma baladinha fofa do Band of Horses, High Places, a canção mais triste do mundo (Sorrow, do The National) e uma faixa do Hold Steady que diz assim: ‘eu ainda ouço aquele single, mas ele não soa mais tão simples’. Oh, sim. Não é nada simples desta vez.     

Então ouça e depois conte tudo (a tracklist está na caixa de comentários, logo ali). Baixe a mixtape de abril aqui ou, na preferir, aqui.