Bishop Allen
Superoito express (II)
Mais disquinhos em saudáveis pílulas de suposta sabedoria (e prometo escrever algo sobre o novo do Junior Boys assim que eu conseguir entender o que eles decidiram fazer da pobre vida deles – não está fácil para mim, não está fácil para eles).
It’s not me, it’s you | Lily Allen | 4.5 | Sem estofo psicológico (ou preparo físico, ou vergonha na cara, ou DNA) para virar uma nova Amy Winehouse, Lily Allen se contenta em assistir, da arquibancada VIP, ao espetáculo grotesco do pop. Pobre menina rica. Produzido por Greg Kurstin (The Bird and the Bee), o disco troca a leveza quase boba de Alright, still (2006) por um modelito que deveria sugerir maturidade, mas acaba soando estranhamente trivial. Os versinhos rancorosos divertem até o momento em que se nota que a nova pose de Allen – a estrela chamuscada pelos holofotes da indústria – é o clichê número 1 do mundo pop (e a música mais agradável, olhalá, elogia o serviço de delivery de comida chinesa).
Grrr… | Bishop Allen | 5.5 | O duo nova-iorquino participa dos filmes de Andrew Bujalski (o que deve significar alguma coisa mas, como não vi os filmes, não posso dizer qual), com quem dividia apartamento na época da faculdade. Este terceiro álbum, que lembra o Shins até na capa, começa bem (Dimmer e The lion & the teacup são singles decentes), chega perto de algo memorável (Dirt on your new shoes) e, pouco depois, vai se afundando lentamente na própria falta de ambição.
Dear John | Loney, Dear | 6 | Longe da Sub Pop, onde foi formatado para preencher os requisitos de um típico songwriter sueco (sentimental, doce, desesperado pelo seu colo), Emil Svanangen solta-se das amarras nesta estreia na Polyvinyl. Parece até outro homem, mais corajoso (note a forma como ele brinca com elementos eletrônicos já na abertura, a tensa Airport surroundings) e menos frágil. Quer dizer, nem tanto: vide a balada desamparada I was only going out. Há traumas que não se resolvem.
A-Lex | Sepultura | 5.5 | Ao mesmo tempo em que o Sepultura reencontra o foco via inspiração literária (o álbum anterior tomou como referência nada menos que A divina comédia), o disco explicita a tendência da banda a tomar sempre o caminho mais reto. Daí que, apesar de fazer sentido a história de adaptar Laranja mecânica em formato thrash (fúria e violência não faltam a essas faixas), o disco lima toda a complexidade do livro em prol do desespero puro e simples – isso sem contar que ninguém no planeta precisa de um solo de guitarra da Nona Sinfonia de Beethoven.