A mulher é o futuro do homem

Os filmes da minha vida (5)

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A saga mais inconstante da internet (sempre alguns atrasada, coitada) chega a mais um episódio, desta vez apressadíssimo. Os textos a seguir foram escritos entre um filme e outro da Mostra de SP, evento onde estou enfurnado desde sexta-feira.

Prometo posts sobre o que eu estou vendo por aqui, no festival. Prometo, mas não sei ainda quando vou cumprir. Talvez amanhã. Não sei. Aos que se contentam com reviews irresponsáveis, escritas imediatamente após as sessões, me seguir no Twitter pode ser um bom placebo (o endereço é este aqui).

E, já que a onda é ficar prometendo, vocês não perdem por esperar a mixtape de outubro, todinha no formato de uma soundtrack. Já é minha favorita de todos os tempos.

092 | A mulher é o futuro do homem | Yeojaneun namjaui miraeda | Hong Sang-soo | 2004

Há cineastas que mudaram a forma como eu lidava com a arte, com o cinema. E há os cineastas que gosto de reencontrar por uma questão de afinidade, e esses trato da forma informal e afetuosa como me dirijo aos amigos. Sang-soo tem lugar nesse grupo. Qualquer filmes do cineasta poderia ter entrado nesta lista (difícil escolher entre a melhor lembrança de uma amizade, e confesso que todas parecem pertencer a um mesmo longa-metragem; e é dessa forma que também lido com os filmes do Godard ou do Linklater), mas escolhi A mulher é o futuro do homem porque foi o primeiro: o encontro inicial, numa telinha de tevê, com legendas desencontradas e um tanto bêbadas (mais ou menos como os personagens da trama). Talvez não seja um dos melhores do cineasta (não ameaça as obras-primas Noite e dia, Oki’s movie e Conto de cinema), mas é quase igual a todos os outros. E, perto de um filme do Sang-soo, quase todo o resto do cinema passa a parecer um pouquinho falso.

091 | Presságio | Knowing | Alex Proyas | 2009

Um dos filmes que mais revi numa tela de cinema (quatro vezes; e aposto que, com um pouco de tempo livre, teria visto mais) colidiu contra a minha vida feito um efeito grotesco de CGI. Acabou se transformando numa piada que meus amigos contam para me provocar: eu entendo que Presságio não é um grande filme (lembro que nem chegou a entrar no meu top 10 de 2009), mas também compreendo o que me conecta a ele: não apenas o tema, que me atrai terrivelmente (sou um fraco para filmes sobre fim de mundo), mas a forma desembestada como a trama se movimenta, aceleradamente rumo às últimas consequências de um gênero que Hollywood se acostumou a tratar com certa covardia (e aí incluo o desfecho, valente de tão juvenil). Tem isso. E tem o fato de que uma lista de filmes da minha vida sem Nicolas Cage seria um pouco desonesta, é claro.