A guerrilha

2 ou 3 parágrafos | Che 2: a guerrilha

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É o terceiro Soderbergh que vejo este ano e estou quase desistindo do próximo. Encheu meu saquinho.

Entendo esse cinema, sei onde ele quer chegar, mas descobri que nunca vou conseguir admirá-lo. E não adianta ficar tentando. É que o cineasta olha o mundo de uma distância tão segura, tão confortável, que é como se usasse luvas de plástico para lidar com os personagens e os assuntos dos próprios filmes. Aposto que se envolve com eles (caso contrário, não teria se metido no mato para filmar este Che, e aposto que foi uma experiência difícil e dolorida), mas não deixa que esse encontro apareça na tela. E, se o diretor parece não se importar profundamente com nada do que vê, por que eu deveria me importar?

E Che 2 (4.5/10), talvez o auge desse cinema sem sangue, merece um só parágrafo: juntando as duas partes, é impressionante como Soderbergh, em quatro horas!, não se arrisca a interpretar o personagem que dá nome ao filme. Che não tem direito a uma dimensão psicológica — é uma estampa de camiseta ambulante. Começa o filme como um herói íntegro e idealista — e termina exatamente do mesmo jeito. Pior: termina como uma espécie de Jesus Cristo latino, barbudo e sábio. Aposto que o filme segue à risca o relato dos fatos, o diário de Che, os livros de história etc: mas esse tipo de fidelidade não é o que mais me interessa no cinema. Na verdade, me interessa muito pouco. Quando revestida com esse tipo de frieza supostamente jornalística, apenas me entedia. Soderbergh: eu passo.