‘Kevin Carter’, Manic Street Preachers

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Kevin Carter (13 September 1960 – 27 July 1994) was an award-winning South African photojournalist and member of the Bang-Bang Club. He was the recipient of a Pulitzer Prize for his photograph depicting the 1993 famine in Sudan. He committed suicide at the age of 33. Portions of Carter’s suicide note read: ‘I am depressed … without phone … money for rent … money for child support … money for debts … money!!! … I am haunted by the vivid memories of killings and corpses and anger and pain … of starving or wounded children, of trigger-happy madmen, often police, of killer executioners … I have gone to join Ken if I am that lucky.’ (Wikipedia)

***

Deixe-me explicar o que aconteceu: eu estava passando os olhos numa matéria especial da NME sobre 1994 [naquela linha nonsense “o ano que mais mudou o rock em todos os tempos se excluirmos do calendário 1990, 1989, 1982, 1977, 1971, 1969, 1968, 1967, 1966 etc”] quando lembrei de textos que li naquela época, na biblioteca da Cultura Inglesa, sobre o The Holy Bible, do Manic Street Preachers. Tentem imaginar um mundo sem internet: os alunos do curso de inglês tinham acesso aos semanários de música, mas não à maior parte dos discos resenhados naquelas páginas. The Holy Bible nunca chegou às lojas de Brasília. Everything Must Go, o seguinte da banda, também não. Eu sabia quase tudo sobre eles, e até os amava, sem saber como soavam.

Algum tempo depois, ouvi os discos do MSP que foram lançados por aqui, a partir de This is My Truth, Tell Me Yours (esse eu sempre achei um daqueles álbuns balofos, desproporcionais, apesar de gostar de algumas músicas), e aos poucos aquela banda interessante – no papel – que conheci aos 15 anos foi perdendo a graça. Ouvi algumas músicas de The Holy Bible e Everything Must Go sem prestar atenção a elas. Até que, finalmente, na semana passada, depois da leitura da edição especial da NME, voltei a eles. The Holy Bible me pareceu turrão e limitado (em arranjos e melodias, em tudo), mas Everything Must Go me deixou bobo. É bonito demais.

Engraçado que não sei se eu teria gostado tanto dele dele em 1995, quando os discos irônicos e cheios de maneirismos me alegravam bem mais. Everything Must Go é de uma ausência de cinismo que soaria, ao menos para mim, de uma ingenuidade tremenda. É um disco sinceramente de rock, digamos, sincero de arena que só poderia ter sido escrito desse jeito (sincero) no contexto em que foi feito (após o desaparecimento de um dos integrantes da banda; e nem estamos falando em morte, em luto, mas numa espécie de estado de suspense, algo mais misterioso e tenso) e que enquadra precisamente uma um certo sentimento de valentia, da coragem de, depois de um trauma ainda nebuloso, se encantar novamente pela rotina – e, no caso, uma rotina feita de clichês do rock, acordes maiores, refrãos populistas, arenas.

O entusiasmo pela vida, que transborda no disco, é quase inocente, direto, ele está lá a todo momento; raríssimo, portanto. O modo vibrante como se canta cada verso de cada música trai os temas sombrios das letras, e isso a gente nota até na batida ansiosa das mãos nas cordas da guitarra [como se não houvesse amanhã] e em outros detalhes que precisam ser ouvidos e não descritos.     

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Kevin Carter

Hi Time magazine hi Pulitzer Prize
Tribal scars in Technicolor
Bang bang club AK 47 hour

Kevin Carter

Hi Time magazine hi Pulitzer Prize
Vulture stalked white piped lie forever
Wasted your life in black and white

Kevin Carter
Kevin Carter
Kevin Carter

Kevin Carter
Kevin Carter
Kevin Carter
Kevin Carter

The elephant is so ugly he sleeps his head
Machetes his bed Kevin Carter kaffir lover forever
Click click click click click
Click himself under

Kevin Carter
Kevin Carter
Kevin Carter

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