♪ | Greater Lakes | Bears
A pequena gravadora Misra Records está muito orgulhosa com o terceiro disco do Bears. A satisfação é tamanha que, no site oficial, avisa que Greater Lakes talvez seja o MELHOR álbum de todo o catálogo do selo (que inclui um punhado de bandas não muito conhecidas, além do Shearwater e do Wooden Wand). Admito que não está sendo fácil, meus amigos, resistir a essa alegria toda em torno de um disquinho tão simpático. Principalmente quando olho a foto de divulgação da banda, que é esta aqui.
Mas este é um blog sério (será?) e, por isso, não posso esconder a impressão de que — apesar da linda ilustração da capa — este disco mostra uma banda que ainda está, como dizer sem soar ofensivo?, engatinhando, naquela fase ainda ingênua em que jovens artistas começam a descobrir um fio de personalidade que, talvez, num futuro distante-ou-próximo-nunca-se-sabe, vai resultar naquilo que chamamos de estilo. O milagre ainda não aconteceu, irmãos. Mas este disco nos dá razões para acreditar que talvez aconteça.
Por enquanto, os heróis dos chapas Craig Ramsey e Charlie McArthur, do Cleveland, aparecem todos na superfície das canções. Há duas ou três faixas em que o vocalista parece imitar Elliott Smith em torno de uma melodia coloridinha à la The Shins. Se fosse um pouco menos valente na escolha de timbres e na disposição de riffs amenos de guitarra, seria até fácil confundir este disco com o mais recente do Nada Surf. Felizmente, não me parece tão coisa-alguma assim.
Greater Lakes é um álbum gentil e com uma forte inclinação ao power pop, feito para uma certa plateia ultrasensível que talvez nem exista mais — no mais, quem quer ser chamado de twee em 2012? Uma das músicas atende por Perfect Girl, e é algo animado que o Jonas Brothers gravaria. Os sintetizadores estão sempre apitando notas graciosas.
Duas músicas, apesar de tudo, me deixaram cheio de expectativas pelos próximos álbuns do duo. A primeira (e melhor) é Don’t Wait — que, toda conduzida por teclados baratos, soa como um remix de Elliott Smith para estações de rádio AM e trilhas de motel. A outra, I Can’t Make Things Right, resume o romantismo adolescente do grupo de uma forma tão meiga e aparentemente sincera que… Talvez a gravadora esteja certa, anyway.
Terceiro disco do Bears. 11 faixas, com produção da própria banda. Lançamento Misra Records. C+
janeiro 18, 2012 às 9:00 pm
mesmo q a nota n tenha sido das melhores, me interessei pela banda. vou escutar.
tiago, em média, qntas vezes vc escuta um álbum antes de escrever uma crítica ?
janeiro 18, 2012 às 11:03 pm
essas letras acabaram deixando a parada mais subjetiva haha
afinal, qual é o melhor álbum do ano até agora. of montreal ou field music?
janeiro 19, 2012 às 12:03 am
Oi, Nina.
Olha, pra isso não tem regra. Um amigo meu, que escreve há muito tempo sobre música, uma vez me disse que ouvia os discos três vezes antes de escrever sobre eles. Eu acho pouco. Acabo ouvindo várias vezes, mesmo aqueles de que não gosto (em alguns casos, fico na esperança de que eles me surpreendam lá pela oitava audição). Mas você quer uma média? Bem, o do Field Music, por exemplo, ouvi umas 15 vezes antes de escrever sobre. Já o do Big Pink ouvi quatro e olhe lá, depois abandonei e não voltei mais a ele. O do Bears eu acabei ouvindo muitas vezes antes de fazer o post, porque é um disco agradável que não me distrai muito enquanto estou, digamos, trabalhando – geralmente ouço também no carro, quando estou indo pro trabalho; a viagem não é tão curta, então dá pra ouvir muitas vezes. Como eu dizia, não consigo usar um método específico – mas só escrevo quando penso que finalmente consegui “entrar” no disco (às vezes demora).
Bruno, a ideia era deixar as coisas mais subjetivas mesmo. Com as notas, elas ficavam objetivas DEMAIS, hehe. O melhor do ano, pra mim, é o do Field Music. Of Montreal é o segundo melhor. Mas adianto que muita coisa vai mudar nos próximos dias. Abraço.
janeiro 31, 2012 às 3:07 am
Essa é uma banda que eu adoro. Tenho contato com o Charlie e ele é um cara muito gente fina, além de conhecer muito bem a música brasileira. Esse álbum não pecou em nada, preservou fielmente o que vem se tornando o estilo próprio dos Bears. Como foi dito no post, eu vejo esse álbum como um sinal de que eles estão prestes a atingir o auge. Talvez algo como o Rubber Soul e o Revolver representaram para os Beatles, o Greater Lakes representa para os Bears.
janeiro 31, 2012 às 2:04 pm
A banda é bem legal, mas acho que os próximos discos vão ser ainda melhores. Abs.