cine | Toda forma de amor
Admito que bateu calafrio quando vi o nome de Miranda July (brr!) no topo da lista de agradecimentos deste Beginners. Isso porque eu havia passado praticamente o filme inteiro criando conexões mentais (nada complexas, aliás) entre os personagens de Mills a os tipos inventados por July. Todos eles vivem num mesmo mundo-tumblr, onde reinam a autopiedade, o narcisismo (disfarçado de melancolia) e as fofurices visuais (importadas de anúncios de tevê e de filmes do Jeunet). Eu só recomendaria este drama indie a quem gostou de O Futuro — e não só porque Beginners tem um cachorro que pensa. O bichinho é menos enfático, no entanto, que o gato deprê de Miranda.
O personagem mais interessante, Hal Fields, é um senhor de 78 anos que, após a morte da esposa, decide se assumir gay. Quem o interpreta, dignamente, é Christopher Plummer. Mas o diretor está mais interessado em outro personagem: o filho de Hal, Oliver, um cartunista especial, único-no-mundo (Ewan McGregor), que tenta superar um momento muito difícil da vida e acaba se apaixonando por uma mulher especial, única-no-mundo (Mélanie Laurent). Os dois são deprimidos e deprimentes, porém adoráveis (aos olhos do diretor e deles próprios).
O filme anterior de Mills, Impulsividade, contém os mesmos acessórios vazios que listei no primeiro parágrafo. O protagonista também sente pena de si próprio, e passa quase toda a trama chupando o dedão.
(Beginners, EUA, 2011) De Mike Mills. Com Ewan McGregor, Christopher Plummer e Mélanie Laurent. 105min. D+
janeiro 5, 2012 às 9:40 pm
Tiago, também achei “Impulsividade” um porre…
Tanto que, não tem nenhuma chance de eu perder tempo com esse filme.
E pior que agora, Mike Mills tem tempo de sobra para “dirigir” filmes, né? Hehehe…
janeiro 5, 2012 às 10:12 pm
Só eu achei essas pessoas únicas-no-mundo adoráveis também?
janeiro 5, 2012 às 10:31 pm
Gabriel, aposto que não foi só você. Eu é que não curto esse tipo de personagem. Mas tem quem curta, então ok. Essa é só minha opinião, nada mais. Abs.
janeiro 6, 2012 às 1:58 am
O D+ foi um leve balde de água fria, mas ainda assim vou assistir pra saber se gosto ou não…
janeiro 6, 2012 às 4:43 am
quando eles se encontram pela primeira vez e a moça escreve no bilhete ”podemos apenas dormir?” eu fiquei feliz por n ter sido “podemos ser apenas parceiros sexuais, sem envolvimento emocional?” acho que isso aconteceu nos últimos 10 filmes q vi..
janeiro 6, 2012 às 10:03 am
Hahaha, também pensei nisso, Matias. Mas essa história de “vamos só dormir um ao ladinho do outro” é um baita clichezão de filme “sensível”, né não?
Thaís, o filme foi um balde de água fria pra mim. Mas talvez você curta. Não sei.
janeiro 6, 2012 às 12:08 pm
Falando em filme com fofura e personagens-adoráveis-e-únicos-no-mundo você chegou a ver Românticos Anônimos? Estreou na última (ou penúltima) semana do ano. ADORARIA ler suas impressões sobre ele.
janeiro 6, 2012 às 12:10 pm
Quase vi esse filme, Românticos Anônimos, mas desisti na bilheteria do cinema. O trailer é horrível, possivelmente levaria um D também.
janeiro 6, 2012 às 3:53 pm
Putz até gostei do filme, mas lendo seu texto comecei a ver algumas coisas um pouco irritantes no filme. Mas tá com saldo positivo ainda assim. Parabéns pelo texto, gosto de ver um texto discordando do que gosto, ajuda a analisar as coisas por outros ângulos.
E pra quem gostou do filme, como eu, não estamos sozinhos não, o filme tem uma ótima média no metacritic (81 – http://www.metacritic.com/movie/beginners).
janeiro 6, 2012 às 4:07 pm
Sim, o filme foi superelogiado.
janeiro 6, 2012 às 4:26 pm
Eu queria é que o foco tivesse sido o casamento de Hal Fields. Aí sim poderíamos ter visto uma história interessante. Porque pelamor, né? O casal de protagonistas só não é mais chato que o casal de Inquietos.
janeiro 6, 2012 às 4:29 pm
Acho que QUALQUER trama seria mais interessante que a do casalzinho chato. Até a história do cachorro pensante.