Dia: dezembro 12, 2011
♪ | Megafaun | Megafaun
Mais do que um álbum com potencial para agradar a todas as classes de fãs do Wilco (imagine aí um disco espaçoso e cheio de si, como The Whole Love, só que preenchido com as lindas melodias de country-folk que apareciam em Being There), esta domingueira do Megafaun nos ensina como uma obra longa, cheia de ambições (e de músicos convidados), pode chegar aos nossos ouvidos com a leveza alegre que talvez encontraríamos numa fitinha demo gravada por bons amigos durante uma tarde de folga. Enquanto ouço, posso imaginar o cheiro de churrasco e batatas-fritas enquanto os músicos afinam os instrumentos.
Portanto, evite as conclusões apressadas: a terceira faixa dura oito minutos não para nos convencer de que esta é uma banda tecnicamente sofisticada (e é, aliás), mas porque há músicas saborosas que merecem todo esse terreno em torno delas. Tem uma diferença importante entre esses dois procedimentos aí.
No mais, aconselho que você deixe de lado, por um tempo, as resenhas que destacam a forma como este álbum revê certos gêneros tradicionais da música americana. Mais prazeroso é perceber, por exemplo, como as músicas estão sempre abandonando e voltando ao lar (= as melodias mais reconhecíveis, familiares), num movimento pendular entre trechos confortáveis e estranhos, caipirões e alienígenas, pé-na-terra e cabeça-nas-nuvens. These words, o momento sublime do regabofe, resume esse paradoxo.
A arte do Megafaun – este trio com síndrome de quinteto – é um pouco mais trabalhosa do que este disco tão agradável dá a entender. Mas, apesar de aparentemente efêmera (impressão enganosa, ok?), taí uma beleza a ser admirada até por aquele fã do Wilco que não se impressiona mais com nada.
Quarto disco do Megafaun. 14 faixas, com produção do Megafaun. Hometapes Records. 79