Dia: agosto 9, 2011
Vomit | Girls
Quase prosaico (mas muito apropriado) este vídeo para a música nova do Girls, também conhecida como A Melhor Música do Girls de Todos os Tempos. Vomit. E não a julgue pelo nome. A direção é de Austin Rhodes – e a vontade que dá é de sair dirigindo a noite inteira, just to feel like you’re okay.
2 ou 3 parágrafos | Super 8
Como se não bastasse tudo o que há de metalinguístico nesta história toda, talvez Super 8 tenha sido feito para mim. De verdade. Se existe uma plateia ideal para este filme, eu faço parte dela. J.J. Abrams (o diretor) e Mr. Steven Spielberg (o produtor) aparentemente criaram esta aventura com centenas, milhares de frames da minha infância. Foram grudando, umas às outras, as lembranças de um tempo que antecedeu o período em que o cinema se transformaria, para mim, numa espécie de obsessão. Se existe um documentário sobre a pré-história da minha cinefilia, é este.
Era o que eu via na tevê, era o que eu alugava em VHS: Os Goonies e Contatos imediatos, E.T. e Gremlins. Eu e meus amigos. Eu e meninos que eu nem conhecia. Super 8 soa como uma mixtape do cinema comercial juvenil dos anos 80: e, se é assim, como ignorar a grife produzida pelo “hitmaker” da ocasião? Um filme sobre/a-partir-de/para Spielberg, com a caligrafia meio torta que encontraríamos na confissão (tocante) de um espectador que chora quando vê as seleções de clipes do VH1. Os anos 80 enquanto estado de espírito (se é que vocês me entendem). E um olhar orgulhosamente infantil para o cinema (aliás, ele dá pano pra manga aos críticos que se dispuserem a tratá-lo como um filme-sobre-fazer-filmes).
Acredito sim que temos a assinatura de Abrams no projeto deste trem supersônico — tal como Spielberg, o homem fazia curtas em Super 8 quando pequeno, e o argumento do longa poderia ter sido imaginado por um menino de 10 anos, fã de quadrinhos e sci-fi. Inevitável, por isso, que este filme pareça falar diretamente a mim (e a uma parte grande da minha geração). Mas a programação visual retrô (e o esqueminha narrativo idem, com um mix de drama-família e bombardeio) aplicada por Abrams me deixa um pouco melancólico; acho que cresci. Quando o saudosismo me abandona, me sinto um tanto desamparado diante de um filmezinho tão choroso e eficiente (Syd Field ficaria orgulhoso), tão amável e inofensivo quanto um bom Spielberg. Talvez por essas eu evite rever os filmes que estão no top 10 dos meus oito anos de idade: são memórias que me desarmam, mas às vezes me matam de vergonha.