Trecho | A vida verdadeira
“A vida verdadeira não pode ser reduzida a palavras ditas ou escritas, por ninguém, nunca. A vida verdadeira ocorre quando estamos sozinhos, pensando, sentindo, perdidos na memória, autoconscientes em pleno devaneio, os momentos submicroscópicos. Ele, Elster, disse isso mais de uma vez, de mais de uma maneira. Sua vida acontecia, ele disse, quando estava sentado numa cadeira olhando para uma parede lisa, pensando sobre o jantar.
Uma biografia de oitocentas páginas não passa de conjecturas mortas, ele disse.
Eu quase acreditava quando ele dizia essas coisas. Ele dizia que fazemos isso o tempo todo, todos nós, nos tornamos nós mesmos por baixo do fluxo de pensamentos e imagens vagas, perguntando a nós mesmos quando vamos morrer. É assim que vivemos e pensamos, sabendo disso ou não.”
Trecho de Ponto ômega, de Don DeLillo.
abril 28, 2011 às 11:14 pm
Se vida é o que acontece quando estou sozinha olhando para uma parede lisa, minha vida é mais chata que um filme do Sokurov.
Vida, pra mim, é aquilo que pode ser compartilhado. E a minha fica muito melhor quando compartilhada com você.
abril 29, 2011 às 7:34 pm
Bem, mas a vida do personagem do livro é mais ou menos como um filme do Sokurov mesmo. E, olha a coincidência!, tem um trecho em que ele fala sobre Arca Russa!
Minha vida também fica BEM melhor com você.
maio 2, 2011 às 7:27 pm
Fugindo completamente do assunto – e da data -, já ouviu o novo do Wild Beasts, o Smother? Já está disponível para streaming (e é de tirar o fôlego, quase literalmente).
maio 2, 2011 às 7:30 pm
Estou ouvindo neste exato momento, Gabriel. Segunda audição, não me parece tão forte quanto Two dancers (que acabei desenterrando neste fim de semana). Mas tenho que ouvir mais.