Os discos da minha vida (30)
É carnaval, afinal: a saga dos 100 discos que jogaram serpentina na minha vida apresenta dois clássicos para ouvir antes da quarta-feira de cinzas.
O blog está um pouco combalido, coitado, numa eterna ressaca de viver, mas este ranking não nega fogo. É muito chão, ó folião. Muito samba, suor e download.
Se este blog fosse uma escola do grupo especial, estes discos desfilariam na velha guarda, ensinando à ala dos novatos como é que se dança.
O download é obrigatório. Minto: não é obrigatório nada, já que obviamente vocês conhecem os disquinhos como a palma da mão.
E perdoem o desânimo. Este post foi escrito quando o trio elétrico passou na poça de lama e deu um banho no sujeito que estava ali no calçamento. O sujeito era eu. Em outras palavras: muito trabalho e pouca diversão fazem do Tiago um blogueiro sem paixão.
E chega de concentração.
042 | Younger than yesterday | The Byrds | 1967 | download
“Então você quer ser um astro de rock ‘n’ roll?”, provoca o Byrds, logo na faixa de abertura deste disco. Antes de inventar o country rock (e Sweetheart of the rodeo é desses discos indispensáveis), a banda de Jim McGuinn e David Crosby ajudaram para criar a ideia de juventude que fez dos anos 60 uma década fundamental para a música pop. Genial já no título, Younger than yesterday é todo dedicado a essa mescla de ingenuidade e atrevimento, como se dissesse adeus a um tempo que estava prestes a mudar. No lado B, a versão para My back pages (Bob Dylan) funciona como uma declaração de intenções: uma banda de rock um tanto saudosista, mas que nada pode fazer além de olhar para frente — quase por acaso, ia deixando discos extraordinários no meio do caminho. Top 3: Have you seen her face, My back pages, So you want to be a rock ‘n’ roll star
041 | Exile on Main St. | Rolling Stones | 1972 | download
Ninguém deve entrar na discografia do Rolling Stones por esta porta aqui, mas foi o que aconteceu comigo. Não me arrependo, mas audições compulsivas de Exile on Main St. podem lançar uma luz dura, cruel, sobre os outros álbuns da banda. Seria melhor tratamos como uma espécie de hors concours: nas primeiras audições, soava como pura selvageria — a longa jornada de um grande grupo de rock rumo à selva do blues. Literalmente: soul music. Depois, já conhecendo a história do disco, percebi que ele vai muito além de uma homenagem a certas tradições americanas. Este mamute registra os humores de uma banda que é sim gigantesca, por vezes caótica, e, por isso tudo, se revela por completo quando numa sala espaçosa, com tempo livre, dezenas de guitarras coloridas para brincar. Um retrato ampliado, este aqui. Top 3: Shine a light, Tumbling dice, Rocks off.
março 7, 2011 às 11:57 pm
Tiago, meu blogueiro sem paixao.
Eu ja ia baixar o cd do rolling stones, mas ai, algo que voce provavelmente nao vai acreditar, eu nao tenho UM cd sequer dos rolling stones, nada, nenhuma musica avulsa no pc, nao tenho nada. nao sei pq, mas nunca ouvi rolling stones.
tiago e meus irmaos leitores da caixa de comentarios, me ajudem ai, por qual cd devo comecar a ouvir rolling stones?
Mesma coisa acontece com o the byrds, nao tenho nada deles aqui no pc, posso comecar ouvindo eles por esse cd mesmo?
“como pode alguem q nao conhece Rolling Stones e the byrds ta escrevendo na mesma caixa de comentários do que eu??? uma coisa dessas é inadmissível ” alguns talvez estejam pensando. Por favor me perdoem, eu respondo, a menos de 2 anos atras eu ouvia charlie brown jr, e ivete sangalo, sou um pobre bahiano do interior, poderia ta ouvindo parangolé, poderia ta ouvindo psirico, poderia ta ouvindo The Javu, mas to aqui pedindo pra voces, pra me ensinarem a ouvir rolling stones, por onde comecar, qual disco ouvir depois, o que voces acham de mais fo#@ no rolling stones, e eu terei uma gratidao eterna a voces. por favor me ajudem…
março 8, 2011 às 12:06 am
Hahahahahahha!
Cara, comece por Sticky Fingers. Ou pela coletânea Forty Licks. Depois vá de Aftermath, Beggar’s Banquet e Let it Bleed. Between the Buttons. Depois Exile on Main Street.
Mas pode ouvir Exile primeiro, não tem problema não. Eu estava sendo dramático.
Pode e DEVE começar o Byrds por ‘Younger than yesterday’.
março 8, 2011 às 12:50 am
Das bandas mais famosas da british invasion, os Stones foram os q eu menos ouvi, sei lá, por alguma razão. Mas o Exile é um grande disco mesmo.
O Younger than Yesterday é fantástico, mas o meu preferido dos Byrds é o Notorious Byrd Brothers, curiosamente um disco gravado durante um período super-turbulento da banda. Era o típico disco pra dar errado, mas aconteceu o contrário.
E se eu me permitir me atrever a acrescentar à sugestão do Tiago: Humberto, procure tbm os primeirões dos Byrds, Mr. Tamborine Man e Turn!Turn!Turn!, q tem lindas músicas e ainda não tinham a psicodelia do Younger.
março 8, 2011 às 12:56 am
Tiago, havia voltado à minha posição passiva, só lendo o que você tinha a dizer, mas não posso deixar passar em branco dois dos discos da minha vida.
Também comecei a discografia dos Stones por este aí, e muita gente diz que fiz completamente errado, haha. Mas é até hoje meu favorito do grupo. Aliás, eu o adquiri recentemente, está bonitinho na estante, enchendo meus olhos de alegria, vou ouvindo ele aos poucos; a mulher e seu amante, haha.
E esse do Byrds ouvi à exaustão. Aliás, que eu bem me lembre, So you want to be a rock ‘n’ roll star foi um dos começos mais arrebatadores de disco pra mim.
Mas meu favorito deles é o Mr. Tamborine Man. Acho uma das coisas mais lindas já gravadas.
março 8, 2011 às 1:22 am
valeu supa, valeu daniel, ja to baixando o sticky fingers, e nestante coloco pra baixar o do the byrds.
eu acho q nunca tinha ouvido falar do byrds antes desse post, serio mesmo
agora uma pergunta mto nada a ver com esse post, mas, vai ter muito pavement nessa sua lista daqui pra frente neh, pow sou totalmente viciado no crooked rain crooked rain, e no brighten the corners, e uma vez, qdo eu ouvi a musica AT&T deles, eu fiquei com um sorriso na cara por 3 dias seguidos, depois de, segundo meu lastfm, ter ouvido ela 146 vezes. acho pavement uma das melhores bandas do universo.
março 8, 2011 às 1:44 am
Comecei a ouvir Stones meio tarde, Daniel, aos 20 anos, mas depois devorei tudo rapidinho. Acho que adolescentes se identificam mais com os Beatles, que têm esse lance de soar sentimentais, bem-humorados e inventivos ao mesmo tempo. O Stones é mais suor, mais instinto. Acho que os adultos entendem melhor.
Anote aí todos os discos do Byrds que o Daniel recomendou, Humberto: são ótimos.
Também foi o seu primeiro, Taís? Que coincidência! Haha. Mas taí, podemos formar um clube dos que começaram por Exile on Main Street. É um belo disco, mas acho que eu o teria digerido mais facilmente se tivesse ouvido antes, sei lá, Aftermath.
Vai ter Pavement sim, Humberto. Guenta aí. Só não sei se vai ser o disco que você curte…
março 8, 2011 às 4:59 am
Beatles invadiu minha adolescência e me seguiu nos anos seguintes. Faço um mea culpa com certa vergonha por não conhecer muito de Rolling Stones. As dicas estão anotadas.
Sobre The Byrds, conheço nada além do que está em trilha sonoras. Aproveitarei a oportunidade para baixar.
Isso tudo quando conseguir largar James Blake [vício, em parte, por sua (boa) culpa. :D] hehehehehe
março 8, 2011 às 5:23 am
Faço parte desses criminosos que nunca ouviram Byrds. Nem Byrds, nem Kinks, que feio, hahaha. Qualquer hora paro para conhecer as duas discografias.
Agora sobre os Stones, demorei a me interessar pelos caras (e até hoje ouço os discos com o pé atrás, ainda não consigo amá-los totalmente). Exile é muito bom mesmo, talvez o melhor. Ah, eu começei pelo Let it bleed depois de ouvir You can’t always get what you want.
março 8, 2011 às 1:48 pm
Não largue o James Blake, Thaís! Hahaha. Mas experimente o Byrds. Se você gosta de Beatles, provavelmente vai curtir.
Pedro, tire uma semana pra ouvir a discografia do Byrds. É essencial. ‘Let it bleed’ é dos meus discos favoritos dos Stones.
março 8, 2011 às 2:01 pm
“Turn! Turn! Turn!”, do The Byrds, é a música com a qual eu desperto todos os dias às 6h30 da madrugada. :)
Gosto demais das duas bandas.
O show dos Stones no Pacaembu, no dia em que houve um dilúvio, está entre os grandes shows da minha vida.
março 8, 2011 às 2:03 pm
(Hahahah. Meu computador estava com o seu login. E não estou conseguindo apagar o comentário. Mals aê!)
“Turn! Turn! Turn!”, do The Byrds, é a música com a qual eu desperto todos os dias às 6h30 da madrugada. :)
Gosto demais das duas bandas.
O show dos Stones no Pacaembu, no dia em que houve um dilúvio, está entre os grandes shows da minha vida.
março 8, 2011 às 2:04 pm
Esse Tiago aí em cima não sou eu.
Mas acho bacana acordar às 6h30 com ‘Turn! Turn! Turn!” hahaha
março 8, 2011 às 2:04 pm
Ah! Era a Alê! Oi, Alê! Olha aí: MUITO legal acordar com ‘Turn! Turn! Turn”, hahaha.
março 8, 2011 às 3:33 pm
Eu quase postei com o nick e o e-mail da minha namorada…hehehehe
Não acordei ouvindo “Turn!Turn!Turn!” – q por sinal é uma bela escolha – mas esse post do Tiago me deu vontade de ouvir o Notorious, não ouvia há um tempinho, então acordei ouvindo “Goin’ Back” :)
março 8, 2011 às 8:59 pm
Quase tudo do Byrds é genial, mas meu predileto é o “Sweetheart of Rodeo”.
Stones não precisa nem falar, até discos meio desprezados deles como “Tatoo You” são ótimos. Pra começar vale qualquer um desde o primeirão até o Black and Blue.
março 9, 2011 às 2:27 am
Eu também comecei a ouvir Stones com mais atenção a partir do Exile. E é realmente difícil ouvir todo o resto depois de passar por ele.
março 9, 2011 às 2:59 am
Que legal todos redescobrindo Rolling Stones. Com certeza todos já ouviram alguma música dos Stones, mas ouvir um disco completo deles é outra história. Só comecei a sentir que a banda realmente era uma grande banda quando peguei a discografia básica e destrinchei. O primeiro disco que ouvi dos caras foi Let It Bleed (é ridículo, mas comecei por ele por causa da capa, e por causa de Gimme Shelter também). Talvez por ter sido o primeiro e por ter ficado tanto tempo parado no mesmo álbum, é o meu preferido dos Stones. Não a toa sempre foi o banner do meu blog. E concordo que o disco “ideal” para começar é Sticky Fingers, e o meu stone favorito é o Richard exatamente por causa das lendas e mitos que existem sobre Exile on Main St. O cara fez tudo no disco, Jagger só ficou malandrando.
Conheço menos e sou pouco viciado nos Byrds. O meu favorito também é este aí.
Bom, acho que só virá clássicos daqui pra frente, né? Muitas alegrias musicais por vir..
março 9, 2011 às 4:07 am
Que maravilha, estou cada vez mais animado com essa lista… Dois grandes álbuns de duas bandas que eu adoro. Depois de ouvir músicas aleatórias dos Stones, o primeiro disco que ouvi também foi Exile. Ouvi Shine a Light à exaustão… “… Make every song your favorite tune”
março 9, 2011 às 1:04 pm
Ricardo, eu reconheço que o melhor do Byrds é o ‘Sweetheart’ mesmo. É o mais importante. Todo fã de Wilco devia ouvir etc. Mas o ‘Younger’ foi o disco que mais marcou por aqui.
Pois é, Diego, difícil ouvir os outros depois de Exile…
Felipe, não sei se só aparecerão “clássicos”. Mas pode esperar muitos discos dos anos 90.