Os discos da minha vida (13)
Bom dia, amiguinhos, cá estamos nós: mais uma segunda-feira, mais um capítulo do enorme folhetim sobre os 100 discos que enevoaram a minha vida, mais um post escrito diretamente de São Paulo, mais um dia nublado.
Por coincidência, no capítulo de hoje, dois discos para manhãs nubladas. E não vou explicar mais nada – vocês sabem como esta máquina funciona, e prometo que ela vai funcionar exatamente deste jeito até o fim.
076 | Deserter’s songs | Mercury Rev | 1998 | download
Em 1998, Deserter’s songs era o álbum de ‘space rock’ que despertava paixões fulminantes e encabeçava listas de melhores do ano. Hoje, até entendo quem o trata apenas como um herdeiro psicodélico da primeira fase do Pink Floyd: tal como Syd Barrett, Jonathan Donahue escreve versos surrealistas para melodias que nos transportam a outras galáxias. O que pode passar despercebido (e seria uma pena se isso acontecesse) é como o Mercury Rev enquadra essas referências num ambiente cinematográfico, em scope, que amplia cada canção até transformá-las em épicos para uma América sonhada, impossível. Ao mesmo tempo, um disco tão franco quanto os trechos finais de Holes, quando Donahue quase que sussurra: “Bandas são planos tão engraçados que nunca funcionam bem”. Top 3: Holes, Tonite it shows, Goddess on a Hiway.
075 | On the beach | Neil Young | 1974 | download
Neil Young tem pelo menos 10 álbuns que entrariam neste ranking, mas On the beach é aquele que, quando tentamos organizar a discografia do homem, não se acomoda em nenhuma classificação: não soa exatamente como um disco de rock (muito menos como um disco de country rock ou de blues), mas como o registro íntimo de uma crise – página rasgada de um diário. A crueza do álbum se aproxima do tom de Tonight’s the night (que, rejeitado pela gravadora, foi lançado um ano depois), mas o que encontramos nestas canções é um Young quase sempre furioso, indomável, socando a parede do showbusiness. “Sou um vampiro, babe”, ele resume, num dos discos mais assombrados que eu ouvi. Top 3: Ambulance blues, Motion pictures, Walk on.
novembro 1, 2010 às 1:48 pm
No “Deserter’s Songs”, para além da “Goddess on the Hiway”, gosto mesmo muito do desvario na “The Funny Bird”. Os dois primeiros álbuns dos Mercury Rev também não são de deitar fora.
novembro 1, 2010 às 2:08 pm
Também gosto muito dos primeiros álbuns do Rev, João.
novembro 2, 2010 às 5:04 pm
O On The Beach também é meu favorito do Neil Young, roda esporadicamente por aqui e – coincidência – enquanto leio teu post toca o Live Rust na vitrola. Mestre.
novembro 3, 2010 às 2:25 am
Me lembro quando o Mercury Rev foi laureado, mas talvez na época fosse ainda radical demais pra mim. Mas assim como aconteceu com o Wilco, taí outra ótima oportunidade de fazer uma revisão.
Já Neil Young, esse é outro dos meus heróis. Pra mim ninguém encarna como ele “o rock q jamais morre”, como ele mesmo canta. Mas realmente nunca ouvi a discografia dele inteira, não conheço esse On the Beach (conheço o Tonight’s the night).
novembro 3, 2010 às 10:53 am
Felipe, o On the beach não é o meu favorito do Young (esse aí ainda vai aparecer na lista), mas é uma obra-prima.
Daniel, baixe On the beach AGORA, hehe. Tonight’s the night também é genial.
novembro 3, 2010 às 2:43 pm
Cara, adoro Everybody knows… e Harvest, que para mim é um dos melhores disco de country rock etc. Confesso que tenho que escutar mais esse disco. Ele me causa estranheza…
novembro 4, 2010 às 1:12 am
Putz, DISCAÇO esse do Neil Young…chega a ser vergonhoso q eu nunca tivesse ouvido.
Já é de cara um dos meus preferidos dele.
novembro 4, 2010 às 1:24 am
É quase impossível resistir a vontade de baixar esse do Neil Young depois do seu comentário, hahaha.
Tiago, por curiosidade (e ansiedade), entra algum do Belle and Sebastian?
novembro 4, 2010 às 11:00 am
Eu disse, Daniel!
Também gosto muito desses dois discos, Lúcio. Mas eles não entram no ranking, infelizmente.
Pedro, o If You’re Feeling Sinister quase entrou. Mas não, não tem Belle and Sebastian.