2 ou 3 parágrafos | Shrek para sempre
O primeiro Shrek, hem, que baita alarme falso: a animação, lançada em Cannes em 2001, nos prometia uma disputa criativa muito interessante entre a Pixar (associada à Disney) e a PDI/Dreamworks. Mas a brincadeira perdeu a graça. A Pixar dominou o formato (e seguiu em frente) enquanto que a Dreamworks passou a reviver aquele ano de 2001, mais ou menos como o personagem de Bill Murray em Feitiço do tempo: um dia exatamente igual ao outro.
Não que o estúdio de Jeffrey Katzenberg tenha se afogado em desleixo. Como treinar o seu dragão, Kung fu Panda e Bee Movie são filmes até cuidadosos, mas nada que se compare a um Ratatouille, a um Wall-E, a um Up – Altas aventuras. Cruel mesmo, no entanto, é comparar os dois “carros-chefe” dos estúdios: as séries Toy story e Shrek. No primeiro caso, a tentativa de crescer junto com o público; no segundo, a repetição mecânica de ideias que deram certo.
Ao contrário de Toy story 3, Shrek para sempre (2/5) deixa a impressão de um episódio mediano de um seriado de tevê que, após três temporadas, perdeu o viço. A narrativa segue um modelo-padrão de programas televisivos (com uma inspiração distante, e muito rasteira, de A felicidade não se compra): o herói passa por um momento de crise que transfigura o mundo em que ele vive – ao fim da trama, porém, a normalidade é reestabelecida. No caso, a normalidade é a vida em família, o matrimônio. Quando o ogro resolve abandonar o home-sweet-home e se lambuzar na solteirice, ele é duramente penalizado. Lição conservadora (e incômoda) da semana: os finais felizes são infinitamente felizes para quem se conforma com as convenções.
julho 13, 2010 às 1:01 pm
Nunca fui fã do Shrek, portanto é difícil pra mim colocá-lo no mesmo patamar de produções da Pixar. Acho injusto até com produções asiáticas e européias (como, por exemplo, As Bicicletas de Belleville, Akira, A viagem de Chiriro, Persépolis). Em suma, acho o ogro verde uma animação bem idiotizada.
Cultura? O lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com
julho 13, 2010 às 7:29 pm
Pois é, Roberto. Hoje parece injusto. Mas lembro que, quando saiu o primeiro Shrek, a comparação era bem plausível.
julho 13, 2010 às 7:50 pm
Achei chatíssimo. É praticamente o oposto ao que os dois primeiros faziam. Agora é tudo sentimental, levado a sério.
E Bee Movie é bem ruinzinho, hein. Pra mim, o que se salva da DreamWorks é Formiguinhaz, Kung Fu Panda e Como Treinar o Seu Dragão.
julho 13, 2010 às 8:09 pm
Eu não acho Bee Movie ruim, apesar de ser apenas um episódio mediano de Seinfeld.
Também gosto dos dois primeiros. Mas veja o que aconteceu: a lição do primeiro Shrek era algo como ‘o que vale é a beleza dos sentimentos’, agora é ‘o importante é zelar pelo matrimônio e pela vida em família’. A série mordeu o próprio rabo.
julho 25, 2010 às 9:49 pm
Uma bobagem.